Alguns dos Espetáculos pelo Mundo
Texto & Fotos de Mário Menezes
Viajar é um bom motivo para fazermos coisas que habitualmente não fazemos. Assistir a espetáculos é uma delas. Sejam eles lúdicos, desportivos, culturais ou de outra qualquer natureza que até pode ferir sensibilidades. Como diz o provérbio popular, “em Roma, sê Romano”, assim, ao longo das minhas viagens faço questão de viver em parte os países que visitei e de forma lúdica enriquecer um pouco o meu portfolio cultural. Aqui vai uma listagem de alguns espetáculos que é possível ver ao vivo pelo Mundo fora. Alguns tive essa oportunidade, outros limitei-me a visitar os locais onde esses espetáculos são levados a cabo, na esperança de um dia lá ir ver um espetáculo ao vivo e a cores.
Futebol
É o desporto rei e sem dúvida que é o maior espetáculo do Mundo.
Nas minhas viagens é tradição visitar estádios de futebol, daí a sua existência em larga escala temporal e espacial extensivo a todos os continentes onde estive. Assistir a jogos de futebol, nem tanto. Ver ao vivo um clássico do futebol Mundial é um desejo, porém nem sempre estive nesses locais no dia e hora em que esses eventos ocorrem e também os preços elevados dos mesmos e a escassa oferta de bilhetes condiciona. Mesmo assim, já tive oportunidade de ver ao vivo jogos de futebol no Brasil e em Itália. Dois jogos do Flamengo, no Maracanã no Rio de Janeiro, em Julho de 1999, e dois jogos do Milan no San Siro, em Milão, em Janeiro de 2007, um jogo da Roma e outro da Lazio no Olímpico de Roma em Janeiro de 2008. Posso afirmar com enorme satisfação que já vi jogar ao vivo Romário, entre outras estrelas, como Francesco Totti, Andrea Pirlo, Kaká, Paolo Maldini ou Filippo Inzaghi e também uma “obra prima” assinada por Aleksandar Kolarov que entrou na História recente do futebol como qualquer grande golo.
Na Itália e no Brasil, os preços para ir ao futebol eram bastante acessíveis. Só para ver ao vivo aquelas vedetas mais que justificava o valor pago, quanto mais para as ver jogar! Até mesmo na Alemanha onde os supermercados da cadeia “Lidl”, em Berlim em 2010, vendiam bilhetes para os jogos do Hertha a 9,99€! Isso não me motivou, pois com -13ºc não era convidativo. O jogo Hertha-Borussia de Monchengladbach ficou 0-0, e nessa noite, encontrei adeptos da equipa forasteira em enorme confraternização na Berliner Republik. Na Alemanha acompanhar as equipas nos jogos fora é tradição e nas estações de comboio de longo curso é normal vermos pessoas trajadas com adereços das cores dos seus clubes do coração.
As minhas idas ao futebol no estrangeiro já me deram alguns segundos de fama na SIC-Notícias, pois o tema foi por várias vezes considerado como o “Email da semana” do programa “Tempo extra”, com o jornalista Rui Santos, em direto, a referir-se ao meu testemunho dos preços praticados nesses países para ir ao futebol em comparação com Portugal, onde no meu caso, pago mais de 300€ (Quotas e Red pass) por ano para ver os jogos do Benfica do nosso campeonato, no meu lugar no Estádio da Luz, e mesmo assim é o mais barato.
Por cá, jogos do Benfica em casa e fora, e por vezes até de outros clubes, e obviamente da Seleção Nacional também sou frequentador habitual.
Futebol Americano
A modalidade nada me diz, nunca vi ao vivo embora já tenha participado num “open day” dos “Lisboa Devils”, sim por cá tem pouca expressão, mas pratica-se…
Seria injusto referir os desportos com milhões de adeptos no Continente Americano sem referir o futebol Americano, por lá chamado de “football”, o desporto rei nos EUA. A final do Super Bowl é um acontecimento gigantesco e visto em todo o mundo. Um dos maiores nomes da modalidade, O.J. Simpson, que também brilhou no cinema, saiu do estrelato e caiu em desgraça tendo passado pelo mundo do crime, após ser considerado inocente num homicídio em 1994, anos mais tarde, passou uma temporada atrás das grades, condenado por assalto. O crime é como o Sol, quando nasce é para todos…
Em Chicago, o Estádio Soldier Field é a casa dos Chicago Bears e dos Chicago Fire Football Club este último não é clube de “football” mas sim de “soccer”, assim chamado o futebol por terras do Tio Sam. Desse estádio só recordo mesmo o “soccer”. Ali foram jogadas partidas do Mundial de 1994.
Basebol
O jogo em si não me diz nada. Não percebo patavina! Mas posso dizer que já tive oportunidade de ver ao vivo um pouco de um jogo de basebol. Dizem que uma partida pode durar horas. Para mim alguns minutos foram mais do que suficientes. Em 2005, em Santiago de Cuba, no Estádio Guillermon Moncada, tive a oportunidade de presenciar. Os bilhetes tinham um preço meramente simbólico.
Mais tarde tive oportunidade de visitar dois estádios ultramodernos, que se transformam para poderem receber diversas modalidades. Em 2016 visitei o Estádio Rogers Centre, em Toronto no Canadá onde atua a equipa de basebol dos Toronto Blue Jays e de futebol Americano dos Toronto Argonauts. Em 2019 visitei o Sapporo Dome, em Sapporo no Japão. Ali atuam as equipa Hokkaido Nippon-Ham Fighters de basebol e a Hokkaido Consadole Sapporo de futebol. Na altura da minha visita ambos os estádios estavam em “modo basebol”.
Basquetebol
Nos EUA os jogos da NBA são um encanto, tanto a nível jogado como pelo espetáculo criado à volta de um mega evento que é uma partida destas. Transmitidos pelas televisões para todo o Mundo, conquistam audiências cujos números atingem valores astronómicos. Não sou apreciador da modalidade, mas ver ao vivo um jogo da NBA se tiver oportunidade é algo que não deverei descartar. Na minha passagem por Nova Iorque e por Chicago não foi possível pois nesses dias não se jogou por lá qualquer partida de basquetebol. Ficam as memórias e as fotos tiradas para a posteridade na entrada de ambos os recintos, em Nova Iorque no Madison Square Garden onde atuam os New York Knicks em no United Center em Chicago onde atuam os Chicago Bulls. Neste último, estátua de Michael Jordan considerado como o melhor jogador de todos os tempos desta modalidade, localizada na entrada, é ponto de romaria de muitos turistas.
Hóquei sobre o gelo
Nos EUA, a NHL é o maior campeonato do Mundo. Alguns jogos são disputados nos mesmos pavilhões onde se disputam os jogos da NBA, sendo estes rapidamente transformados. Os jogos da NHL, também são campeões de audiências televisivas e transmitidos para todo o Mundo. O United Center de Chicago é o pavilhão em que se disputam os jogos da NHL dos Chicago Blackhawks. A transformação desse pavilhão de basquetebol para hóquei sobre o gelo faz-se em apenas duas horas. Cá fora, junto da estátua de Michael Jordan encontramos as estátuas de Bobby Hull e Stan Mikita, antigas estrelas da NHL. Em Nova Iorque, no Madison Square Garden, no dia da minha chegada realizava-se um jogo da NFL dos New York Rangers. Poderia ter ido ver mas não fui, pois ver ao vivo um jogo desta modalidade foi um desejo realizado anos antes. Na Alemanha aquando da minha passagem por Munique em 2009, vi ao vivo um jogo dos “EHC Red Bull München” que na altura se chamava “Eishockeyclub HC München 1998” no Olympia Eishalle, um pavilhão multiusos que se localiza no complexo do Parque Olímpico. O resultado ficou 3-1 favorável à equipa da casa e aqui pode ser visto o resumo do jogo.
Râguebi
Na Nova Zelândia, país que espero um dia visitar, é o desporto rei. Conhecida como “All Blacks”, a Seleção Nacional, na qual alinhou a super estrela Jonah Lomu, maravilha o Mundo com os seus jogos. Jonah Lomu, jogador de râguebi ao nível de Cristiano Ronaldo no futebol, partiu deste Mundo aos 40 anos, devido a doença. Além da Nova Zelândia e de vários países do Hemisfério sul, o râguebi é desporto rei, por exemplo, no País de Gales. É caso para dizer, “Três pontos para o País de Gales”!!!!
Cardiff é uma das capitais Mundiais desta modalidade que segundo os seus apreciadores, é “um jogo de guerreiros, jogado por cavalheiros”. O Estádio Principality é um dos seus míticos palcos. É a casa da Seleção Galesa de Râguebi. Seleção que já venceu o Torneio das Seis Nações por várias vezes e algumas delas só com vitórias. Este estádio possui tecnologia avançada, sendo o segundo na Europa a possuir teto móvel (o primeiro foi o Amsterdam Arena) e o segundo maior do Mundo com essa característica (o maior fica no Texas).
Não sou apreciador de râguebi, mas fica a dica. Os entusiastas têm aqui um local de culto, além da visita ao estádio, podem também visitar a loja oficial da Seleção Galesa de Râguebi.
O País de Gales possui uma Liga de Râguebi desde o ano 1907. Cardiff possui mais de 20 equipas sendo 4 profissionais. Junto ao Estádio Principality, encontramos o Estádio Cardiff Arms Park onde a equipa Cardiff Rugby Football Club, o maior clube da cidade, disputa os seus jogos em casa.
Na Irlanda, em Dublin, o Estádio Aviva é utilizado para futebol e para râguebi, sendo a casa das Seleções Nacionais da Irlanda, de futebol e de râguebi. Neste país nem o futebol nem o râguebi são os desportos com mais adeptos, no entanto o primeiro leva vantagem. Dublin possui cerca de 30 equipas de râguebi, apesar de nenhuma se encontrar entre as que possuem mais troféus. A Irlanda em conjunto com a Irlanda do Norte, possui uma Liga de Râguebi com 50 equipas divididas em 5 divisões.
Futebol gaélico e Hurling
Ao falarmos da Irlanda, seria injusto não referirmos estas duas modalidades, que são os desportos mais populares. Ambas são jogadas em recintos com dimensões semelhantes ao futebol sendo o hurling considerada a modalidade mais rápida sobre relva. O Croke Park é o local mais importante onde as finais destes torneios são jogadas. Tem capacidade para mais de 80.000 espetadores fazendo dele o quarto maior estádio da Europa e o maior que não é usado para futebol. Os adeptos das equipas que se defrontam assistem aos jogos todos juntos e não existem problemas de segurança como nos jogos de futebol. Quem estiver interessado em saber mais sobre essas modalidades recomendo vivamente a visitar Dublin e o Croke Park.
Muay Thai
O desporto rei na Tailândia é sem dúvida o Muay Thai, sendo Banguecoque a sua capital Mundial. Para assistir aos combates em Banguecoque, os preços praticados para estrangeiros são exorbitantes sendo o Estádio Rajadamnern e o Estádio Lumpinee tidos como os melhores locais. Porém longe de Banguecoque é possível assistir a combates de Muay Thai por preços mais em conta. Por exemplo em Chiang Mai no Thaphae Boxing Stadium, mas também certamente com lutadores menos famosos e sobretudo para turista ver e satisfazer a sua curiosidade, inclusivamente apostar nos vencedores e até posar com os lutadores, sejam eles masculinos ou femininos.
Ópera
Foi uma namorada que tive que me fez ter interesse em ver um espetáculo de ópera ao vivo. Ela comigo, também começou a ver futebol no estádio e na TV… Futebol não é cultura, ao contrário de espetáculos desta natureza. As relações acabam, mas as ideias prevalecem e não fosse este meu relacionamento passado, jamais me ocorreria nas minhas viagens ir a este tipo de espetáculos ou mesmo visitar os edifícios onde eles são levados a cabo.
Reconheço que uma ópera é um espetáculo grandioso, apesar da minha cultura geral não atingir este patamar e quando assisto não consigo tirar o máximo proveito. Os preços dos bilhetes em Portugal, a quem nunca foi, também não incentivam a ir. Ir à ópera é também um ritual da classe média alta. O “dress code” deve ser apropriado, inclusivamente os casacos devem ser deixados nos bengaleiros e os foyers servem vinho, champanhe e canapés nos intervalos. Ainda não entrei sequer no Teatro São Carlos, mas já assisti a espetáculos de ópera levados a cabo no Meo Arena e no Campo Pequeno, o que não é a mesma coisa de um espetáculo de ópera que é levado a cabo numa sala de ópera, uma sala de espetáculos concebida para receber um espetáculo dessa natureza, com a acústica indicada, e não um recinto multiusos adaptado.
Não sou perito em temas culturais como ópera, tal como não sou em museus ou em monumentos mas como nós só conhecemos aquilo que experimentamos, hoje posso afirmar que esse tempo despendido foi bem empregado e alguma coisa aprendi. Tal como visitar museus e monumentos, assistir ao vivo a uma ópera são formas excelentes de nos divertirmos e simultaneamente nos enriquecermos.
Atualmente a internet é uma ferramenta com enorme utilidade por onde a informação circula em forma de som, vídeo, imagem ou texto à velocidade da luz. Antes de assistirmos ao vivo a uma ópera, devemos fazer um estudo prévio de algumas horas sobre a récita, sobre as “árias” e sobre o conteúdo do “libreto”, o seu enquadramento histórico, social e geográfico. Muitas obras já foram transpostas para o Cinema como por exemplo a Carmen de Bizet ou o Onegin de Tchaikovsky. Recomendo vivamente esta última pois o filme baseado na obra homónica é interessantíssimo, fácil de compreender e nada enfadonho!
Se visitarem a Croácia, nomeadamente Zagreb, onde estreou em 1876 a ópera “Nikola Šubić Zrinski”, se tiverem oportunidade de a ver ao vivo, farão algo grandioso. Uma obra desconhecida fora do país, mas de enorme orgulho nacional Croata, sendo a sua ária “U boj, u boj!” uma conhecida canção nacionalista. Espetáculo com legendas em Inglês, muito fácil de compreender.
Ópera é basicamente um espetáculo que mistura teatro e música, sendo os diálogos cantados, as árias, algumas muito bonitas e famosas. Nasceu na Itália no século XVI. Quase todas as capitais possuem pelo menos uma sala de ópera. Tendo em conta a sua conceção e acústica, o seu reportório e os artistas habituais, as 5 salas de ópera mais importantes do Mundo são a Ópera de Viena, o Teatro Scala de Milão, a Ópera Real de Covent Garden em Londres, a Opera Nacional de Paris e o Teatro Colón de Buenos Aires. Já passei à porta de todos e já tive oportunidade de visitar o interior de alguns destes locais de culto, mas em nenhum destes ainda assisti a ópera.
Ao longo das minhas viagens, além de Zagreb, Roma, Praga, Budapeste, Riga, Belgrado, Kiev e Oslo foram locais onde assisti ao vivo a espetáculos de ópera nas respetivas salas. Não se encontrando entre as 5 melhores do Mundo, não deixam de ser locais de culto e de grande romaria. Nos países do Centro e Leste Europeu é possível desfrutar destes espetáculos, tidos como de grande qualidade e pagando preços praticados por cá ao nível de um bilhete de cinema. E também não deixei de passar pelo foyer nos intervalos para beber champanhe ou vinho originário desses países!
E mesmo em outros locais tidos como caros, por vezes ver este tipo de espetáculo, consegue-se por preços simbólicos, comprando o bilhete online com a devida antecedência.
E por falar em ópera, fica o meu desejo de um dia visitar a Ópera de Sydney, não para assistir a espetáculos, mas pelo edifício em si. Entretanto pude contentar-me com o Grande Teatro Nacional de Pequim, na minha viagem à China em 2017. Este teatro pela sua grandeza de construção e da sua arquitetura, mesmo não sendo tão famoso, rivaliza com a sala de espetáculos da Oceânia.
Para já, a Opera de Oslo entrou no meu cardápio. Um edifício que está para a capital norueguesa como os restantes estão para essas cidades. Ver a ” Tosca” por menos de dez euros, foi um verdadeiro presente. Apesar dos lugares serem em pé, a visibilidade era perfeita, bem como a acústica e as duas horas de duração do espetáculo passaram a correr. Recondita armonia!!!!!
Fui ver a Tosca vestido como um verdadeiro “tosco”. Nesse dia viajaria de noite para Trondhein, tinha a mala a guardar no hostel, e não tive qualquer hipótese de me vestir mais condignamente tendo em conta a ocasião. Fiz questão na véspera me informar se poderia ir à ópera assim vestido, sem qualquer problema, resposta pronta que tive do staff!
O Teatro San Carlo em Nápoles também é uma excelente sala de ópera, com mística e história. O nosso Teatro São Carlos foi construído tendo como inspiração o Teatro Scala de Milão e o Teatro San Carlo de Nápoles! Tive oportunidade de assistir a um concerto de música clássica, e não perdi a oportunidade de me maravilhar com os seus sumptuosos interiores!
Flamenco
Assim como o fado está para Portugal, o flamenco, tal como a tourada, são símbolos da cultura espanhola. É a alma da Andaluzia. Consta-se que apareceu no bairro de Triana em Sevilha e daí se expandiu para toda a Espanha, por via da emigração. Madrid e Barcelona são outras das cidades onde assistir um espetáculo num tablao, assim se chama as casas onde são levados a cabo, é tradicional numa visita a Espanha. Em 2010 foi declarado património cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A música, a guitarra, o canto, a dança, o sapateado, fazem parte. As origens remontam às culturas hebraicas, israelitas, ciganas e mouriscas, sendo notadas as influências árabes e judaicas. Os trajes dos artistas são tradicionais, nomeadamente os femininos. Paco de Lucía, Pepe de Lucía, Sara Baras, Belén Maya, Tomatito, Niña Pastori são alguns dos nomes de artistas famosos associados aesta arte.
Em Sevilha existem imensos tablaos, sendo difícil a escolha. É um espetáculo que dura cerca de uma hora, custa cerca de 25 Euros, preço elevado, a pensar nos turistas! Quando visitei Sevilha, a minha escolha para assistir a um espetáculo de flamenco foi o Teatro Flamenco de Triana e julgo que foi acertadíssima. Convém marcar com antecedência pois a procura é muito elevada.
Ballet
Nos países da antiga URSS o ballet é o espetáculo cultural mais importante, seguindo-se a ópera bem de perto.
Uma viagem à Rússia não fica completa sem assistirmos ao vivo a uma sessão de ballet, mesmo que não sejamos apreciadores e conhecedores dessa arte. Nos intervalos, ir a um dos requintados “foyers” brindar com um cálice de champanhe Russo é um verdadeiro ritual! Quando visitei a Rússia, um Euro comprava 40 Rublos. Agora compra bem mais…
Em São Petersburgo, existe uma das catedrais do ballet Russo. Mundialmente famoso, o Teatro Mariinsky, o Kirov como era chamado no tempo em que a cidade se chamava Leninegrado. Ali estrearam grandes obras como “O Quebra-Nozes” de Tchaikovsky e brilharam grandes artistas como Mikhail Baryshnikov. E sobre este grande nome, a “7ª arte Hollywoodesca” não se esqueceu, quando no tempo da “Guerra fria”, quatro anos antes da queda do Muro de Berlim, ali se passou a ação do filme “O Sol da meia noite “, cujas cenas no seu interior foram na realidade rodadas no nosso Teatro São Carlos. Imortalizado pela sua banda sonora, “Say you, Say me”, o filme retrata a história de um bailarino Soviético exilado nos EUA que tem um acidente de avião ao sobrevoar a Sibéria. Sobrevive e é aprisionado pelo KGB e obrigado a exercer a sua profissão na URSS. Acaba por conseguir fugir durante um espetáculo em pleno Teatro Mariinsky. As cenas do filme passadas no exterior, com Leninegrado como pano de fundo, e que retratam este celebérrimo edifício, com destaque da fuga final, foram na realidade filmadas fora da URSS, nomeadamente em Helsínquia e sobrepostas com as imagens recolhidas por uma equipa que andou por Leninegrado a filmar vários locais, incluindo o edifício do Teatro Mariinsky!
A outra catedral do ballet Russo, apesar de mais recente, é o Teatro Bolshoi em Moscovo. Os bilhetes eram bem mais caros que no Teatro Mariinsky onde se conseguiam preços de ingressos por 25€, na internet com antecedência. No site oficial desta sala Moscovita, os bilhetes alcançavam as centenas de Euros e só seria possível adquiri-los por preço relativamente razoável (cerca de 50€) à porta na candonga dos agentes. No palco do Teatro Bolshoi foi pela primeira vez levado à cena o “Lago dos cisnes” de Tchaikovsky. Quem esteve em Moscovo entenderá muito bem porque ir ao Bolshoi é caro. Ao contrário do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, o imponente edifício do Teatro Bolshoi encontra-se, perto do Kremlin, numa imponente praça, ladeado por imponentes ruas, a Petrovka por exemplo, onde abundam as lojas de luxo como destaque para o Tsum, a segunda loja mais cara da Rússia.
As companhias de ballet sediadas quer no Bolshoi quer no Mariinsky fazem (pelo menos faziam, e esperemos que voltem a fazer…) digressões pelo Mundo fora. Numa dessas digressões, a Paris, no tempo da Guerra fria, em 1961, o bailarino Rudolf Nureyev que fazia parte da companhia do Kirov desertou do regime Soviético, quando se preparava para regressar à URSS, pediu asilo político em pleno aeroporto de Paris. O filme “Corvo Branco” relata esse episódio da sua vida. Depois disso, Rudolf Nureyev viveu ao máximo a vida capitalista Ocidental e da alta sociedade, com todos os luxos que o dinheiro pode comprar, sendo inclusivamente apontado como um dos amantes de Freddy Mercury. Faleceu vítima de SIDA em 1993 com 54 anos, encontrando-se sepultado em França.
Na Moldávia, em Chisinau, em tempos capital de uma República Soviética mas que em breve se prepara para se tornar mais uma capital da União Europeia, na sua avenida principal, a “Stefan cel Mare” encontramos o Teatro Nacional Maria Bieșu, a sede do Ballet Nacional da Moldávia que faz digressões pelo Mundo esgotando muitas salas com semanas de antecedência e que por cá podemos ver anunciados nos cartazes sobretudo na época Natalícia, com bilhetes nada baratos e sem qualquer acompanhamento de orquestra, atuando os bailarinos ao som de música gravada.
A Moldávia, como qualquer país do Leste Europeu é possuidor de um património cultural riquíssimo, onde desde a tenra idade as crianças são educadas para o apreciarem e respeitarem. Estes tipos de espetáculos, encontram-se entre os de melhor qualidade que podemos desfrutar quando viajamos pelo Mundo. Visitar a Moldávia é uma oportunidade única na vida ver ao vivo o Ballet Nacional da Moldávia, património daquela nação, atuando em conjunto com a sua orquestra. Depois de adquirir, por pouco mais de 5€, o bilhete para os melhores lugares da sala, o viajante depara-se que aterrou num paraíso cultural onde espetáculos de qualidade ímpar, podem ser desfrutados quase gratuitamente.
Em Kiev, em tempos a terceira cidade da URSS e que em breve será mais uma capital da União Europeia, encontramos a Ópera de Kiev, uma das mais importantes do Mundo, com Historial ligado à Revolução Bolchevique. Ali foi assassinado Piotr Stolípin, Presidente do Conselho de Ministros (equivalente a primeiro-ministro da Rússia) do reinado do último Czar Nicolau II, conforme nos relata a série “Os Últimos Czares” da Netflix. Aqui fica sediado o Ballet Kiev que também corre o Mundo em diversas digressões. À semelhança de Chisinau, os preços são ridiculamente baixos para os nossos padrões.
São Petersburgo, Chisinau, Kiev, Vilnius, Praga e Hamburgo foram os locais onde aproveitei para ver ao vivo ballet, com preços bem simpáticos, e como não me canso de referir, não sendo apreciador nem conhecedor dessa arte, dei por muito bem empregue o tempo e o dinheiro gasto. Em boa hora segui o conselho de um colega meu, que é apreciador destes espetáculos e cuja filha com quase 12 anos de idade é praticante.
Em Ljubljana assisti a um espetáculo de menor duração, uma peça infantil, “Picko in packo”, mesmo não sendo acompanhado por orquestra não deixou de ser interessante. Em São Petersburgo, Chisinau, Kiev, Vilnius, Praga e Hamburgo já assisti a algo mais completo, ou seja espetáculos acompanhados com orquestra. Em todos esses locais tive oportunidade de assistir ao vivo a espetáculos de ballet, com preços bem simpáticos, e como não me canso de referir, não sendo apreciador nem conhecedor dessa arte, dei por muito bem empregue o tempo e o dinheiro gasto. Em boa hora segui o conselho de um colega meu, que é apreciador destes espetáculos e cuja filha de 12 anos de idade é praticante de ballet.
Concerto de música clássica
Viena é a capital Mundial da música. Em direto de Viena, todos os anos assistimos ao Concerto de Ano Novo na televisão, que ocorre no Musikverein. Transmitido para todo o Mundo, o Concerto termina sempre ao som da marcha “Radetzky” de Johann Strauss (pai) com o público presente na sala acompanhando com palmas. Situa-se na Ringstrasse, a poucos metros do edifício da Ópera de Viena, é a sede da Orquestra Filarmónica de Viena, considerada a melhor do Mundo. No interior, a sua famosa Sala Dourada, é considerada uma das 3 melhores salas de concerto do Mundo, juntamente com a Concertgebouw de Amesterdão e a Carnegie Hall de Nova Iorque. Para visitar o interior do Musikverein a melhor forma é mesmo assistir a um concerto, pois as visitas guiadas não são diárias. Os bilhetes para os concertos podem ser obtidos online, com antecedência, o que se recomenda, dada a enorme procura.
Na minha passagem por Viena não perdi a oportunidade de ver ao vivo um concerto no Musikverein, apesar de não ser um espetáculo barato.
Tal como ópera e ballet, concertos de música clássica, além destas salas de “concert hall”, também são levados a cabo em salas de ópera ou teatros, como aquele que tive oportunidade de assistir em Nápoles, no Teatro San Carlo.
Assistir a um concerto de música clássica é uma forma tradicional de entrar num novo ano. No dia 1 de janeiro um pouco por todo o Mundo este “ritual” é levado a cabo, sendo o de Viena o mais famoso e importante. Em Loulé, tenho por hábito assistir no Cineteatro Louletano ao Concerto de Ano Novo pela Orquestra do Algarve. Recomendo vivamente a quem estiver na região por esses dias. Marquem com antecedência pois a procura é alta!
Musical
Um género que mistura música e teatro e que em muitos países é o espetáculo cultural mais importante.
Tal como uma viagem à Rússia (Moscovo e/ou São Petersburgo) não é completa sem uma ida ao ballet, uma visita aos EUA, por exemplo a Nova Iorque não fica completa sem assistirmos ao vivo a um musical na Broadway.
Broadway é o nome de uma avenida Nova Iorquina, com 53 Km, que atravessa os distritos (boroughs) de Manhattan e Bronx, cruzando a Times Square. É nas imediações do “Centro do Mundo” que se concentram os 41 teatros, todos com mais de 500 lugares e alguns com mais de 1000. É a esta concentração de teatros, tanto por essa avenida como pelas ruas transversais, que constituem um bairro de teatros, a que chamamos também de Broadway. Com cerca de 14 milhões de espetadores anuais, a Broadway torna Nova Iorque a capital cultural dos EUA.
Vários filmes deram origem a musicais, como por exemplo “Misery”, com Bruce Willis encarando a personagem do escritor Paul Sheldon, baseado numa obra de Stephen King que nos causa arrepios. E vários musicais deram origem a filmes, como por exemplo “Chicago”, ambientado à cidade de Chicago, que também possui um zona de entretenimento como a “Broadway” cujo teatro mais famoso é o “Chicago Theatre” esse musical estreou em 1975. Uma sátira à sociedade dos anos 20, nomeadamente à corrupção na aplicação da justiça aos criminosos. Afinal o crime faz parte da História dos EUA…
Num dos maiores teatros da Broadway, o Teatro Majestic encontra-se em cena desde 26 de Janeiro de 1988 o “Fantasma da Ópera”. Considerado o rei dos musicais, pois é o espetáculo que está há mais tempo em cartaz, encontrando-se por isso inscrito no “Guinness Book of Records” desde 2012, destronando o “Cats”. Viajar é a melhor prenda de aniversário e o dia em que soprei as 41 velas tornou-se ainda mais memorável em Nova Iorque ao “soirée”. A música temática deste musical, que por sinal comemora o aniversário de estreia na Broadway no mesmo dia em que eu comemoro a data em que vim ao Mundo, tornou-se o “hino” desta minha viagem aquela que Frank Sinatra um dia alcunhou como “a cidade que nunca dorme”.
Nova Iorque é uma das cidades mais caras do Mundo e assistir a um musical na Broadway não foge à regra. Existem bilhetes de última hora com desconto que se podem adquirir nas bilheteiras no centro da Time Square, e online, reservando com antecedência conseguem-se preços muito interessantes. Os cerca de 40€ que despendi com alguns meses de antecedência, foram muitíssimo bem empregues e pode ser considerado como uma verdadeira pechincha!
Em Londres, a zona de West End concentra grande parte dos cerca de 250 teatros existentes na cidade, sendo o equivalente Europeu à Broadway Norte Americana. A mesma engloba a Oxford Street, a Mayfair, a Marble Arch, a Leicester Square, o Covent Garden que a limita a este e o Piccadilly Circus que a limita a oeste. A sul é limitada pela Trafalgar Square, e pela Tottenham Court Road a norte. Ir a Londres ver um musical da West End é garantia de desfrutar de um espetáculo mundialmente grandioso e carismático. Apesar da cidade ser caríssima, comprando com antecedência os bilhetes podemos ficar surpreendidos quão baratos eles podem sair!
Quando visitei Londres, onde não ia há quase 24 anos e tive oportunidade de ver ao vivo no Teatro Aldwych o musical “Tina”. Com antecedência superior a um ano, comprando online, consegui garantir um dos 4 bilhetes mais baratos, pela módica quantia de 10 Libras! Uma verdadeira pechincha! Era para a última fila, mas via-se relativamente bem, na penúltima fila, não havia muita diferença a não ser nos preços que já eram de 35 Libras! O musical trata da biografia de Tina Turner, desde as suas origens humildes em Nutbush no Tennessee (EUA), os problemas e abusos, nomeadamente de violência doméstica que sofreu durante o casamento com Ike Turner, a forma como ultrapassou todos os obstáculos e se tornou rainha do Rock ‘n’ roll. A história termina quando a sua carreira atinge o apogeu, em 1988, ao cantar no Rio de janeiro para cerca de 200.000 pessoas no Estádio Maracanã. Tina Turner, agora cidadã Suíça, já soprou mais de 80 velas, em breve vai retirar-se em definitivo das luzes da ribalta. Este musical, que está sendo exibido em várias cidades, vem no seguimento do filme Tina (2021), um documentário sobre a vida da artista.
Na Polónia, em Wrocław, o majestoso edifício da Opera Wrocławska sobressai no centro da cidade. Trata-se de uma das maiores e mais importantes salas de ópera do país. Ali tive a oportunidade de assistir ao musical “Um Violista no Telhado”, adquirindo o bilhete online, com cerca de um mês de antecedência, custou cerca de 23€, o que se pode considerar um preço muito interessante. Este musical fez sucesso na Broadway, tendo dado origem a um filme, o “Fiddler on the Roof” em 1971. Uma comédia de costumes, sobre uma comunidade judaica, cuja ação é passada em Anatevka, na antiga Rússia Czarista.
Por cá poderão ir ao Teatro Politeama em Lisboa, onde Filipe La Feria leva a cabo regularmente grandes espetáculos musicais.
Tango
Buenos Aires respira futebol sediando pela sua área metropolitana diversos clubes grandes. O tango e a ópera completam a oferta cultural da cidade, iniciando-se a temporada desta última para lá de Março.
Uma viagem à Argentina não fica completa sem assistirmos a um espetáculo de tango. Este estilo musical que se dança a par, nasceu, nos bordéis segundo algumas teorias, por estes lados banhados pelo Rio La Plata, nas imediações de Buenos Aires e Montevideo. “La comparsita” é a mais famosa, mas também “Por una cabeza” e por falar em Buenos Aires, “Mi Buenos Aires querido” ou “Caminito”. O maior artista foi Carlos Gardel que está para o tango como a nossa saudosa Amália Rodrigues está para o fado.
Dançar o tango mistura o drama, a paixão, a sensualidade, a agressividade ao som de uma música que apesar de tristonha é apaixonante. Sendo na maioria das vezes dançada com uma rosa na boca, apresenta o papel da mulher como de submissão sendo o homem o dominador.
Num passeio (de dia, pois de noite é perigoso…) pelo bairro do Caminito, também famoso pelo futebol, o Boca Juniors onde brilhou Maradona, é possível nas esplanadas assistirmos à dança do tango, no entanto, a melhor escolha para desfrutar deste espetáculo tipicamente Argentino, uma gala de tango, é ir uma casa de espetáculos, com decoração e ambiente tradicional, onde o tango é figura de destaque.
O “Señor Tango” é tido como o melhor local, segundo os Argentinos. Assistir a uma gala de tango, mesmo não sendo um espetáculo barato, convém reservar com antecedência dada a enorme procura de turistas, sobretudo do continente Americano. Localizado em Avellaneda, que é conhecida por ser uma das capitais do futebol, pois possui dois clubes, vizinhos e rivais, que já ganharam a Taça Intercontinental, Racing e Independiente, cujos estádios se situam a poucos metros de distância um do outro. A cidade de Avellaneda fica às portas de Buenos Aires, a cerca de 10 km do Obelisco da Avenida 9 de Julho.
O “Señor Tango” proporciona um espetáculo grandioso, que pode incluir um jantar, que enche qualquer Argentino de orgulho. Ao som de uma orquestra, os bailarinos fazem brutais passes de dança fazendo as companheiras se parecerem com bonecas de borracha. E no final uma homenagem à eterna Evita Perón, ao som de “Não chores por mim, Argentina” com a bandeira nacional desfraldada e o público a aplaudir de pé.
Circo
O circo é um espetáculo grandioso que encanta pessoas de todas as idades. Embora por cá este tipo de espetáculos ocorra em tendas itinerantes que vão percorrendo o país ao longo do ano, fixando-se nas grandes cidades na altura Natalícia, nos países de influência Soviética existem mesmos locais onde os espetáculos de circo são levados a cabo.
O circo também é património cultural desses países. Por exemplo, na Letónia, o Circo de Riga proporciona excelentes espetáculos a preços acessíveis. Também com animais, e onde até os gatos são artistas! Os cães também… Em 2012 quando visitei os Países Bálticos tive oportunidade de ver ao vivo um espetáculo de circo.
Por cá as associações protetoras dos animais têm feito de tudo para impedir que eles sejam usados em espetáculos de circo. Desconheço como as coisas se vão processando pela Europa, mas a sociedade evolui. Com ou sem animais, em qualquer lugar, o Circo não deixará de nos maravilhar!
Cabaret
Paris é um encanto e a sua oferta cultural é extraordinária e para todas as bolsas.
O cabaret é um típico género teatral, que nasceu em França, com música instrumental ou cantada, dança, recitação ou drama. Também podem incluir a apresentação de humoristas, ilusionistas ou mímicos. Distingue-se pelo local onde o espetáculo decorre, que pode ser um pub, um casino, um restaurante ou uma “boite” com um palco para apresentações. É normalmente orientado para um público adulto, sendo muitas vezes precedido de um jantar com requinte.
O espetáculo de Cabaret mais famoso em todo o Mundo é levado a cabo no Moulin Rouge. Localizado na Av. Clichy, descendo na estação de metro de Pigalle, o local é conhecido como o “Bairro Vermelho” de Paris, uma zona tida como de prostituição, onde também existem várias casas de strip tease e sex shops e outras casas de Cabaret, menos famosas.
O Moulin Rouge proporciona um espetáculo que transporta o espetador para o ambiente boémio da “Belle Époque”, um período de cultura cosmopolita na História da Europa, que começou em 1871, e durou até ao início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
O Moulin Rouge é um local de romaria de turistas de todo o Mundo, sendo tido como de visita obrigatória. Ir a Paris não fica completo sem uma ida a um espetáculo no Moulin Rouge, porém dados os preços dos espetáculos serem “à grande e à Francesa” e a sua localização no “Quartier Pigalle”, a esmagadora dos turistas, limita-se a tirar uma foto à porta, durante o dia, e ir embora para bem longe…
Teatro
O teatro é um espetáculo encantador. Mesmo que não falemos a língua, podemos desfrutar de bons momentos.
Em Budapeste, o Teatro de comédia marca presença. O teatro Vígszínház apresenta espetáculos muito divertidos, mesmo sendo falados em língua Húngara podemos passar momentos agradáveis. Em 2010 quando visitei Budapeste, vi por menos de 10€, “As Bodas de Fígaro”, em versão adaptada ao teatro da célebre Ópera cómica de Mozart.
Em Hamburgo, a Reeperbahn é famosa pelo deboche, mas também possui muitos locais de nível cultural. Esta rua que também pode ser considerada, em parte, uma “Broadway Alemã”, destaca-se o Operetta Haus um teatro de musicais famoso, onde já foram levados à cena, por exemplo, o “Cats” e o “Mamma Mia”, o Pulverfass Cabaret onde decorrem espetáculos em ambiente de “Cabaret” e o Imperial Theater que exibe peças cujo conteúdo se baseia no crime.
Teatro de Revista
Cantava o saudoso ator José Viana (Ora Viva, RTP, 1987) que “é a piada revisteira quando a vida está mais feia, não traz dinheiro à carteira mas é uma forma porreira de rir de quem nos chateia”. Este género teatral composto por vários “sketchs” que incluem momentos musicais, de dança e de humor visando sobretudo a crítica social e política, nasceu em França na segunda metade do século XVIII, mas em Portugal, a chamada Revista à Portuguesa, tem enorme expressão, que atingiu o seu máximo na segunda parte do século passado. Mesmo no tempo da Ditadura, a sátira revisteira era corrente, sendo Salazar alcunhado de Santo António. O Parque Mayer era considerado como a Broadway de Lisboa, pois possuía vários teatros onde a Revista era cartaz. Os tempos mudaram, as televisões com vários canais a transmitir futebol em “prime time”, os clubes de vídeo e mais recentemente o “streaming” têm tirado de forma continuada espetadores ao teatro. Ir à Revista ao Parque Mayer é uma tradição cada vez mais comum em pessoas com mais de 60 anos, fazendo disso um ritual, sobretudo as senhoras, vestindo casacos de pele, calçando luvas e até usando binóculos. Recentemente uma moça Canadiana, que também viaja no aniversário, com quem fiz amizade em Nova Iorque em circunstâncias adversas, à chegada ao aeroporto JFK com os efeitos da tempestade Jonas ainda a dificultarem a nossa mobilidade, passou por Lisboa, a caminho de outras paragens, encontramo-nos e fiz questão de a convidar para assistir a uma Revista à Portuguesa no Parque Mayer. Um espetáculo que sou apreciador e frequentador. Mesmo não falando a língua, é possível passar uns momentos divertidos, pois os momentos musicais, nomeadamente o Fado também fazem parte do espetáculo.
Bem longe de Lisboa, em Bucareste também é possível assistir a este tipo de espetáculos. Em 2014 quando lá estive, teria ido de boa vontade, os preços eram acessíveis, mas não tive tempo de o fazer e limitei-me a fotografar os cartazes e falar com as pessoas da bilheteira no “Teatrul de revista Constantin Tanase”. Afinal somos todos povos latinos do sul da Europa e certamente, tanto na Roménia como em Portugal, a sátira social terá os mesmos motivos. Resta saber como seria o Ceausescu e a sua mulher Elena retratados na Revista à Romena, mas os políticos que se lhes sucederam além das contas bancárias no estrangeiro deverão certamente ter mais motivos para serem retratados nesses espetáculos.
Fica um conselho em forma de pedido aos leitores viajantes, se forem a Bucareste, façam isso por mim, vão à Revista!
E claro, em Lisboa não deixem de ir ao Teatro Maria Vitória no Parque Mayer.
Espetáculo de Gueixas
O Japão é um encanto e quem busca ancestralidade neste moderno país, na sua antiga capital Quioto encontra um dos seus perfeitos locais. Esta antiga capital do Império é a cidade originária das gueixas. Em Gion, o bairro é famoso pela existência das mesmas, mas infelizmente nem uma vi quando por lá andei…
Se visitarem o Japão em abril, é, contudo, possível assistir a um espetáculo em que as gueixas (geiko) participam, assim como as aprendizas de gueixa (maiko). O Miyako Odori é o local onde esses espetáculos que fazem o viajante recuar no tempo são exibidos.
Teatro Japonês
Existem quatro tipos de teatro tradicional Japonês: No, Kyogen, Kabuki e Bunraku. O Kabuki é o mais famoso, cujas origens remontam ao início do século XVII. Nessa altura parodiavam-se temas religiosos com danças sensuais. Em 1629, o Kabuki foi proibido pelo governo. O espetáculo passou a ser encenado então por rapazes que interpretavam papéis femininos. Atualmente o teatro kabuki tornou-se um espetáculo popular que combina realismo e formalismo, música e dança, mímica, encenação e figurinos, implicando numa constante integração entre os atores e a plateia. Em Quioto, existe um local famoso, o Teatro Minami-za onde os espetáculos de Kabuki são levados a cabo sendo considerado um dos teatros mais importantes do país.
Sumô
Ao falar do Japão não poderia esquecer um dos seus desportos mais populares, sendo o único país onde é praticado a nível profissional. Tóquio é considerada a capital do sumô, pois pela sua área metropolitana, realizam-se 3 dos 6 mais importantes torneios anuais.
Considerado como arte marcial, este desporto de combate de contato, possui um historial com centenas de anos. Durante a luta, um dos lutadores (rikishi) tenta forçar o outro para fora de um ringue circular (dohyō) ou tocar o solo com qualquer parte do corpo que não as solas dos pés. Os praticantes desta modalidade são reconhecidos pelas suas dimensões e pesos, e infelizmente, cada vez mais, pelas suas vidas fora do ringue, com diversos escândalos que estão a prejudicar a sua reputação. Os rituais ancestrais impostos aos iniciantes de sumô também não ajudam…
Os combates são levados a cabo em salões de sumô (kokugikan) sendo o Ryōgoku Kokugikan o mais famoso e importante, com capacidade para receber mais de 11 mil espetadores, possuindo uma arquitetura de estilo “retro”. Localiza-se no bairro de Ryōgoku, na margem do Rio Sumida, na cidade também assim chamada, pertencente à área metropolitana de Tóquio.
Quando estive em Tóquio decorria um torneio de sumô, porém os combates ocorreram durante a tarde, além dos preços dos bilhetes não serem propriamente convidativos para quem não é apreciador, pelo que desisti da ideia de ir assistir. Toda a informação sobre a modalidade, torneios e bilhetes pode ser vista no site oficial.
Fórmula 1
Quase sem querer já visitei um dos locais onde decorre um Grande Prémio!
Uma escapadela à Cote d´Azur tem de incluir obrigatoriamente uma passagem pelo Mónaco. O segundo Estado soberano mais pequeno do Mundo, terra de milionários, um paraíso fiscal, dominado por uma Monarquia onde não faltam escândalos, é também conhecido pelo Casino de Monte Carlo e pelo Grande Prémio de Fórmula 1 que se realiza anualmente. Trata-se de um circuito urbano, onde se destaca o túnel Larvotto. Além de podermos atravessar esse túnel a pé, ao passearmos pelas ruas desta pequena nação, visitamos todos os pontos da pista onde o famoso Grande Prémio é realizado, incluindo as curvas sinuosas, os troços junto à marina e junto ao casino. Podemos inclusivamente posar com a estátua de Juan Manuel Fangio, piloto Argentino que dominou a primeira década deste desporto motorizado.
Se visitarem o Mónaco em finais de Maio, princípios de Junho e tiverem amigos que vivam por lá, com sorte poderão desfrutar de um lugar na varanda do seu apartamento com vista para o Grande Prémio! Ou quiçá, a bordo de um iate privado…
Tourada
Não percebo do assunto, não sou um acérrimo aficionado, não me desgosta ver e não pretendo alimentar polémicas, apenas pretendo contar as minhas experiências das viagens. A tourada é mais uma, encontrando-se nos meus registos como o primeiro espetáculo a que assisti ao vivo no estrangeiro.
O touro bravo é uma espécie criada nos campos, em ganadarias próprias, com vista à lide. Pesa cerca de 500Kg e possui uma altura de ombros com cerca de 1,5 m. É o único bovino que quando se sente ameaçado, investe e ataca ferozmente, com intuito de matar quem lhe invade o território. Não fosse a tourada, esta espécie há muitos anos estaria extinta, tal como a espécie da qual é descendente, os auroques (bos primigenius), um animal primitivo, que habitava em liberdade nos bosques da Europa, Ásia e África, pesava cerca de uma tonelada e possuía uma altura de ombros superior a 2 m. Os auroques desenvolveram-se na Índia há cerca de 2 milhões de anos, chegaram à Europa há 250 mil anos, e extinguiram-se em 1627.
A imagem do touro bravo é um dos símbolos nacionais de Espanha. As bandarilhas são uns dos souvenirs que os turistas adquirem. A “festa brava” é um espetáculo considerado em vários países como património cultural protegido por lei, nomeadamente nas regiões Espanholas da Andaluzia e de Madrid, contrariamente à Catalunha e às Ilhas Canárias onde este tipo de espetáculos foi banido. Além de Espanha, em diversos países Latinos, a tourada existe em larga escala, esgota praças, muitos turistas de todo o Mundo assistem, sendo também transmitida pelas televisões, cada vez mais exclusivamente em “pay TV” e “pay per view”. No Peru, Colômbia, México e Equador, por exemplo, a tourada também é cultural. Em Portugal o espetáculo também possui tradições em diversas regiões, porém uma corrida de touros à Portuguesa é diferente de uma corrida de touros à Espanhola. Os defensores dos animais consideram a tourada como tortura e defendem que nos dias de hoje não faz sentido a existência desse espetáculo sangrento. Concordo em absoluto!
A tourada é uma espécie de luta até à morte entre um ser humano e um touro bravo enraivecido, onde nem sempre ganha o primeiro. Poderá ter reminiscências nos espetáculos sangrentos que eram levados a cabo no Coliseu Romano por volta do ano 80. Há registos Históricos, ainda mais antigos que mencionam a luta entre o homem e o touro, como sinal de bravura do primeiro. A natureza humana não mudou, apesar da sociedade ir evoluindo. A necessidade do ser humano, presenciar espetáculos sangrentos, ou ir ao futebol insultar o árbitro ou os adeptos dos outros clubes, segundo os entendidos em psicologia, são formas de catarse e deste modo canaliza-se a agressividade para outras coisas, evitando-se por exemplo, bater no cônjuge, nos filhos, no polícia, no professor, no chefe ou no patrão. As maiores feras estão muitas vezes nas bancadas…
Já tive oportunidade de assistir ao vivo a espetáculos de tourada em Espanha. No longínquo ano de 1994 durante umas férias em Monte Gordo, as primeiras com carta de condução, dei um pequeno “salto” a Huelva, a “La Merced” e satisfiz um desejo de infância de assistir a uma tourada onde o touro é morto na arena no final da lide. Mais tarde repeti a experiência em Huelva, Sevilha e Bilbao. Já vi tourear ao vivo grandes figuras, como Enrique Ponce, El Juli, Jesulín de Ubrique, Espartaco, Finito de Córdoba ou Juan Padilla. Este último no Campo Pequeno onde aproveitei para tirar uma foto com ele. Padilla, já retirado, era conhecido porque na arena enfrentava o perigo sem limites, tendo ficado cego de uma vista numa colhida durante uma lide, sendo alcunhado de “El Pirata” devido à pala que usava.
A Praça de touros de Las Ventas, em Madrid, é considerada a mais importante do Mundo. Quem quiser ser alguém na arte tauromáquica, terá que triunfar neste redondel. Em Sevilha, a Real Maestranza é outra das importantes praças. Dela não se esqueceu Bizet quando compôs a ópera “Carmen”, cujo enredo relata a paixão de uma cigana por um toureiro de nome Escamillo. Estas duas praças de touros possuem os respetivos museus tauromáquicos que exibem esculturas, quadros e diversos artefatos relacionados com esta arte, nomeadamente vestes de famosos toureiros como por exemplo Manolete. Manolete foi talvez o melhor matador de todos os tempos, tendo morrido na arena. A cabeça da vaca, a mãe do touro que o colheu mortalmente, encontra-se exposta no museu da Real Maestranza. Alguém teve de a matar para não dar à luz outro touro assassino. Cabeças de “touros assassinos” estão expostas no museu tauromáquico de Las Ventas.
Uma corrida de touros, assim chamada também à tourada, é acompanhada por música, com vários “pasodobles” interpretados por uma banda. Em Las Ventas a banda não toca durante a lide pois o público entende que se a lide é fraca não merece música e se é boa não necessita. Nas restantes praças de touros, a banda toca durante a parte principal da lide, quando ela é boa, muitas vezes a pedido do público, assim como no início do espetáculo (o passeio) e quando os artistas são ovacionados.
Os pintores Pablo Picasso, Francisco Goya e Eugenio Lucas Velázquez estão entre os mais famosos aficionados da tourada, tendo a mesma sido retratada nas suas obras que podem ser vistas no Museu do Prado. Amália Rodrigues também era uma grande aficionada, e a tourada era referida em vários dos seus fados como por exemplo “Sangue Toureiro” e “Lisboa Antiga”.
To be continued…I hope!!!!!!!!!!!!!!!!
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