Genebra e Annecy: fim de semana com os Amantes de Viagens
Texto & Fotos de Mário Menezes
Fazer curtas escapadelas já tem sido um hábito, aproveitando os baixos preços que as companhias aéreas low cost nos proporcionam para viajar. Desta vez um pequeno grupo, o João Almeida (JA), o António José Ribeiro (AJR) e o Mário Menezes (MM), três cronistas habituais dos Amantes de viagens, blog onde relatam as suas aventuras pelos quatro cantos do mundo, e também no Fugas, suplemento do jornal Público dos Sábados, uniram esforços e partiram à conquista de mais alguns territórios.
Genebra e Annecy receberam no último fim de semana antes do Natal do ano de 2023 a visita de tão ilustres viajantes. E a coisa não ficou por aí pois mais alguém se iria juntar ao grupo em terras gaulesas nessa noite de Sábado!
Genebra, foi a primeira paragem, onde aterramos ao final da manhã. Um voo com cerca de 2h30, rápido, para o MM ainda mais, pois ele passa a maior parte do tempo a dormir. Quando viaja de avião, não abdica da pastilha para o enjoo e os efeitos secundários, coadjuvados com a altitude, a sonolência toma conta dele poucos minutos após chegar à altitude de velocidade cruzeiro. Já o JA e AJR passaram o voo a conversar acerca de viagens, política e trabalho!!! Mesmo com a distribuição aleatória de lugares, viajaram todos próximos e nos lugares do corredor!
Para o MM, voltar a Genebra foi muito interessante ao fim de quase 14 anos. Foi a quarta vez que viajou para a Suíça, e neste país ainda tem muito para conhecer, pois as cidades são pequenas e de certo modo, a ideia que tem, é que são o seu parente pobre. Parente pobre de um país rico, a avaliar pelos automóveis milionários que circulam pelas ruas, lojas de artigos de luxo, tornando a cidade, e até mesmo o seu aeroporto, um paraíso de compras. Não foi o nosso caso, pois viajar de mochila condiciona e muito esta vertente. Mesmo no Aeroporto, resistimos imenso a comprar caviar beluga, mesmo “Made in China”, Rolexes, vinhos e conhaques, ficamos só pelos chocolates! Genebra é um local caro, mas Zurique transcende. Em Genebra, não devemos esquecer que 3.000CHF líquidos é tido como um baixo salário…
Pelas margens do Lago Léman de onde emerge uma famosa fonte, o Jet d’eau, e onde funcionava um mercado de Natal, iniciamos o passeio pela cidade. Genebra fica junto à fronteira com a França, fazendo parte das regiões suíças em que o Francês (o AJR fala bem melhor que nós) é língua oficial, apesar do inglês ser falado em larga escala. É por isso um ponto de partida para visitar as regiões fronteiriças no território gaulês como por exemplo Chamonix-Mont-Blanc, ou cidades maiores como Lyon mas no nosso caso Annecy foi o destino final. Uma bonita cidade localizada a cerca de 50 Km de Genebra. Seguimos à risca o conselho do AJR que conhece bem a Annecy, tendo inclusivamente familiares vivendo lá, já tendo escrito um excelente artigo acerca da mesma.
O Centro Histórico de Genebra, ao qual se acede atravessando a Ponte do Mont-Blanc, é onde se encontram as grandes lojas de artigos de luxo, diversos edifícios governamentais e museus, com destaque para o Museu de Arte e História, que conjuntamente com o Museu das Belas Artes de Basileia e o Museu das Belas Artes de Zurique possui uma das principais coleções suíças de arte da época do Renascimento até aos nossos dias. Sobressai pelo seu edifício tal como a Catedral de São Pedro, construída entre 1150 a 1250, uma igreja da religião Protestante desde 1535, sendo até aí da religião Católica. No seu interior além dos famoso órgão, os vitrais e as pinturas chamaram particularmente a atenção do JA que não se fartou de as fotografar. A fachada principal fica de frente para o Terrasse Agrippa-d’Aubigné, por onde seguimos em seguida passando pelo Jardim Inglês, onde sobressai um relógio construído em flores e o Monumento Nacional em comemoração à integração de Genebra na Confederação Helvética (Suíça), a caminho do terminal rodoviário.
Para Annecy estava guardada a melhor parte! A LeeLee (LL), grande amante de viagens e seguidora da página do Facebook, vai lendo o que nós escrevemos no blog, conhece bem mais o mundo que o MM, é uma super divertida Americana, de origem Californiana, casada com um Japonês que fala Inglês quase de forma nativa, já viveu em vários países e agora assentou arraiais em Annecy. Foi na Índia em pleno Taj Mahal que o MM a conheceu, em 2018, no ano seguinte voltaram a encontrar-se em Sapporo, no Japão em pleno Snow Fest e desta vez combinamos nos encontrar à chegada, todo o grupo em frente da Pont Perrière! A LeeLee estava acompanhada por uma amiga, francesa, mas que falava fluentemente a língua de Shakespeare, que passou a ser língua oficial nessa noite. Passamos o resto da noite pelos mercados de Natal, jantamos ali pelas bancas de comida, estilo “street food”, diot de Savoie, um género de salsicha regional, com tartiflette, uma especialidade local feita com batata, queijo reblochon, toucinho e cebola, e tiramos várias fotos junto do Palais de I’Île, o tal monumento histórico que é um dos símbolos da cidade, uma casa fortificada construída no século XII numa pequena ilha no Rio Thiou, o rio que banha a cidade e que nasce no Lago de Annecy. No caminho para de e para o hostel acabamos por percorrer grande parte da cidade, pequena por sinal, o que a torna ideal para uma curta escapadela. Obviamente fazia bem mais frio que em Lisboa, pelo que demos por encerrado o dia de passeio que começou ainda de madrugada.
A cidade de Annecy, localizada na região de Auvérnia-Ródano-Alpes, cuja capital é Lyon, tem uma história bastante rica, como qualquer cidade do Velho Continente. Com reminiscências ao Período Neolítico, sendo oriunda de um povoado criado durante o Império Romano. Com a decadência deste, sofreu posteriormente invasões de vários povos, nomeadamente os germânicos, os Burgúndios e os Francos. Os sobreviventes dessas invasões refugiaram-se naquelas montanhas, tendo no século XI fundado uma nova cidade a partir das margens do Rio Thiou, próxima a uma torre de defesa e protegida por edificações, o que se tornou mais tarde o Castelo de Annecy. Dada a sua localização geográfica, entre Genebra e Chambéry, estas cidades tiveram influências nos acontecimentos, entre os séculos X e XIX. No século XII, uma casa fortificada foi construída numa pequena ilha no meio do Rio Thiou, o tal Palácio de l’Isle. Conflitos com os Bispos de Genebra, fez com que o condado de Genebra se refugiasse em Annecy no fim do século XII, e a cidade se tornasse a capital da região de Genebra. Em 1401, foi integrada na Casa de Saboia. Com o avanço do Calvinismo, um movimento religioso Protestante, em 1535 tornou-se um centro para a Reforma Católica e a sede episcopal de Genebra foi transferida para Annecy. A cidade chegou a ser alcunhada de “Roma da Sabóia” e “Roma dos Alpes”. Durante a Revolução Francesa, a região da Sabóia foi conquistada pela França e Annecy foi anexada ao Departamento de Mont-Blanc, cuja capital era Chambéry. Após a queda de Napoleão Bonaparte, já em 1815 a cidade retornou à Casa de Saboia e em 1860 foi anexada pela França.
Igrejas é coisa que não falta por Annecy, podendo destacar-se por exemplo a Basílica da Visitação, a Igreja de São Francisco de Sales e Igreja da Notre Dame de Liesse que visitamos o seu interior, tendo feito parte do passeio de Domingo. Uma manhã que também começou ainda de madrugada, e foi dedicada exatamente a isso, percorrer aquelas ruas e conhecer melhor, desta vez à luz do dia os seus principais recantos. A cidade é chamada de “Veneza dos Alpes” devido aos canais que possui, que a tornam encantadora, tal como o Lago, um dos lagos mais limpos do Mundo, o Lago de Annecy, o segundo maior lago de França, formado há cerca de 18 mil anos, durante o degelo dos grandes glaciares alpinos, sendo alimentado por vários pequenos rios, nascidos nas montanhas das proximidades e por uma fonte submarina, o Rio Boubioz, que nasce a 82 m de profundidade. Caminhar pelas suas margens também foi parte do passeio, tal como a zona do Castelo que se localiza lá no alto.
Limitados pelo tempo e pelo voo de regresso a casa, após uma refeição rápida ali pelos mercados de Natal, tivemos de dar por terminada a visita a Annecy ao final da manhã. Regressamos então ao Aeroporto de Genebra de autocarro, e daí rumo a Portugal, às nossas casas, às nossas vidinhas e aos nossos trabalhos. Sim, porque é na área da engenharia que efetivamente trabalhamos!
Sem dúvida que estes Amantes de viagens estão de parabéns, foi um fim de semana memorável!
Viajar para Annecy
A forma mais fácil de aceder a Annecy, é via Genebra. Desde Lisboa existem voos diretos da Easyjet. Entre Genebra e Annecy, através da plataforma FLIXBUS é possível reservar bilhetes de autocarro. A paragem de autocarro em Annecy é na Gare de Routiere, cerca de 1Km do Centro Histórico
Alojamento económico
Apesar de afastado do centro histórico de Annecy, cerca de 2km, mas com preços bastante em conta (dado se tratar de um país caro) e qualidade bastante aceitável, incluindo pequeno-almoço á descrição, recomendamos a estada no Hôtel Première Classe Annecy Cran Gevrier.
Existe uma linha de autocarro que serve o local e o Centro Histórico, mas fizemos tudo a pé. Não foi problema.
Comida e souvenirs
A França é o país da Alta cozinha, facto que justifica a sua gastronomia ser mundialmente famosa. Dado os preços elevados dos restaurantes, a maioria dos turistas usa e abusa do fast food.
Annecy em dezembro, à semelhança de muitas cidades da Europa, enche-se de magia com os Mercados de Natal. Aí podemos saborear excelentes especialidades locais e adquirir iguarias regionais.
A tartiflette, uma especialidade local feita com batata, queijo reblochon, toucinho e cebola e o diot de Savoie, a tal salsicha, foram especialidades internacionais que entraram no nosso cardápio gastronómico.
Da minha, parte não resisti a trazer na bagagem um queijo Marotte du Larzarc, um pacote com três diot de Savoie, um nougat (género de turrón) e obviamente uma casinha típica de Annecy, um souvenir tradicional, para a coleção.
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