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29 Mar

UM FIM DE SEMANA INESPERADO EM AMESTERDÃO

 

Um fim de semana inesperado em Amesterdão

Texto & Fotos de Mário Menezes

 

Quis o Destino que dez anos depois voltasse a Amesterdão, capital da nação agora oficialmente denominada de Países Baixos.

O local onde em 2006 comemorei o 31º aniversário estava agora na rota para o início da viagem do 41º. Inicialmente prevista para uma escala, de mudança de voo, a caminho dos EUA, onde Washington DC seria a primeira paragem, a dita escala acabou por ser maior que o inicialmente previsto. Dias antes uma enorme tempestade de neve, de nome Jonas, um “blizzard” assolou a Costa Este dos EUA. O tráfego aéreo foi cancelado e obrigou-me a alterações de última hora no itinerário. Assim, resolvi viajar para Amesterdão e ali ficar lá esse fim-de-semana na esperança de na segunda-feira seguinte poder viajar para o outro lado do Mundo. Restou-me aproveitar da melhor forma um fim de semana em Amesterdão, o que não acontece sempre, e tentar que a ansiedade não tomasse conta de mim. As coisas compuseram-se e graças a uma corrente de pensamento positivo solicitada online no Grupo do Facebook dos Amantes de Viagens  consegui viajar para os EUA. Não para Washington DC mas para Nova Iorque. Washington DC com muita pena minha ficou na gaveta e por lá tem continuado. Mesmo tendo desfrutado deste fim de semana em Amesterdão e de me serem reembolsados os custos do alojamento pelo seguro de viagem e ressarcido do que havia pago pela da estadia em Washington DC e pela viagem para NY de comboio, preferia que o Destino tivesse seguido os destinos planeados.

 

Praça dos Museus-Rijksmuseum- Amesterdão- Holanda

Em 2006 ainda viajava com uma máquina fotográfica de rolo, e os telemóveis “que também tiravam fotografias” estavam a aparecer lentamente. As fotografias acabaram todas estragadas, e dessa viagem só possuo uma que alguém me tirou com o telemóvel e me enviou para o meu Email. Dez anos depois, consegui colocar Amesterdão no meu portefólio, pois já viajava com uma câmera digital e com um smartphone com várias funções e “que também fazia chamadas”!

 

Monumento Nacional na Praça Dam- Amesterdão- Holanda

 

Em dez anos, a cidade situada 2m abaixo do nível do mar, não mudou nada, tirando o facto de nos transportes públicos, os bilhetes já serem eletrónicos e as pessoas já não aparentarem ser muito mais altas que eu. Os Países Baixos possuem os nativos que estão entre os mais altos do Mundo! No meu caso que meço 1,78m sentia-me pequeno, mesmo perante muitas mulheres com quem me cruzava na rua!

Amesterdão não perdeu o encanto. Uma cidade plana, onde a bicicleta é meio de transporte com alta taxa de utilização, com várias pontes e canais, uma das “Venezas” Europeias. Foi em Amesterdão que o Czar Pedro “O Grande” se inspirou para fundar São Petersburgo, a cidade (depois de Lisboa, pois claro!!!!) mais bela da Europa.

 

Palácio Real visto da Praça Dam- Amesterdão- Holanda

 

Um fim de semana dá para termos uma panorâmica generalista da cidade, sobretudo da sua zona central e mais importante, que se desenvolve a sul da Estação de comboios “Amsterdam Centraal”. Muito mais há para ver, sobretudo museus como é o caso do Museu “Nemo” de ciência e tecnologia, ali muito próximo, cujo edifício sobressai pela sua forma de navio, assim como o “Museu Marítimo Nacional” que mostra a importância da história marítima de Amesterdão.

Na Praça Dam, o coração da cidade, o Palácio Real tem lugar de destaque, assim como o Monumento Nacional, um obelisco de 22m de altura construído em homenagem aos soldados Holandeses mortos na II Guerra Mundial.

 

Palácio Real visto da Praça Dam – Amesterdão- Holanda

 

Um passeio de barco pelos canais é obrigatório. Já o tinha feito de dia e desta vez aproveitei para o fazer ao cair da noite. Muitos edifícios das ruas na beira dos canais são habitados por gente abastada e inclusivamente um deles é a residência oficial do Presidente da Câmara Municipal. Efetuar obras nesses edifícios carece de projetos que têm de ser rigorosamente apreciados e mesmo os móveis que se colocam no interior das habitações são motivo de aprovação por Arquitetos. Canais onde se encontram fundeadas embarcações que constituem típicas casas flutuantes.

 

Pontes e canais- Amesterdão- Holanda

A Casa de Anne Frank é o local mais visitado da cidade. As filas na entrada são longas. Viajar pela Europa é uma lição de História e a II Guerra Mundial é dos temas mais presentes e que nos nossos dias ainda sentimos os efeitos. Portugal sofreu consequências mas não entrou nesse conflito armado, já os Países Baixos, tiveram muitas vidas ceifadas e cidades destruídas, como é o caso de Roterdão. A vida de Anne Frank é uma das histórias mais marcantes desse tempo. O seu “Diário de Anne Frank ” é um dos livros mais lidos em todo o Mundo e traduzido para várias línguas, foi escrito no interior daquela casa.  Anne Frank cujos pais possuíam negócios próprios, durante a Ocupação Alemã dos Países Baixos, foram perseguidos pelos Nazis devido às suas origens Judaicas. A família escondeu-se ali em compartimentos secretos, até serem traídos e denunciados, sendo capturados pelas “SS” e levados para campos de concentração. Anne Frank viria a falecer com apenas 15 anos. O único sobrevivente foi o seu pai que no final da Guerra regressou a Amesterdão e descobriu o diário que a filha escrevera.

 

Casa de Anne Frank- Amesterdão- Holanda

 

Canais de Amesterdão- Holanda

 

Localizado na Praça dos Museus, onde em tempos a célebre placa “I Amsterdam” figurava, em grande destaque, o Museu Nacional, o “Rijksmuseum”. Um museu de arte, onde sobressaem as obras de Johannes Vermeer, Rembrandt e Frans Hals. É o museu dos Países Baixos com maior número de visitantes. Mesmo visitando em passo de corrida é necessário lá passar no mínimo uma manhã.

Longe de ser um expert em arte, limito-me a observar e fotografar-me com as obras mais carismáticas dos museus que vou visitando. “A Ronda Noturna” (De Nachtwacht) de Rembrandt é um dos quadros mais procurados. Rembrandt é lembrado também no centro da cidade, uma praça com o seu nome e com a sua estátua, como que guardado por um exército de militares, um conjunto de estátuas que recriam esta sua obra.  A  “Batalha de Waterloo”  de Jan Willem Pieneman, que se destaca pelas suas dimensões pouco comuns, mais de 5 metros de altura por mais de 8 metros de comprimento, constando-se que é o quadro com maior área no Mundo, é a outra obra mais procurada. Fiz amizade com uma turista Australiana de origem Escocesa e juntos fizemos uma selfie com “A Ronda Noturna”. A Susan já esteve comigo em Portugal e ficou fan do cozido à Portuguesa e do arroz de feijão com entrecosto do “Zé dos Cornos”.

 

Rijksmuseum-Com a Susan, uma turista Australiama, junto da Ronda Noturna de Rembrandt- Amesterdão

 

Rijksmuseum- A batalha de Waterloo de Jan Willem Pieneman – Amesterdão- Holanda

 

Rijksmuseum- A queda de homem de Van Haarlem- Amesterdão- Holanda

 

Por ali também se encontram, o “Museu Moco” e o “Stedelijk Museum” ambos de arte moderna, o Museu Van Gogh cujo acervo é constituído pelas obras de Vincent van Gogh, famoso pintor nacional, e a famosa sala de concertos “Concertgebouw” considerada uma das 3 melhores do Mundo.

Cultura não falta em Amesterdão, não sendo a preços acessíveis para as nossas bolsas, é sempre importante estarmos informados e um dia de passagem guardarmos algum tempo e dinheiro para podermos desfrutar de algo mais. Os Países Baixos possuem um nível de vida elevado e os salários estão no topo da Europa, os seus habitantes estão entre os que menos horas passam no local de trabalho e aproveitam esse tempo livre para se cultivarem!  O povo Holandês (agora oficialmente chamado de Neerlandeses) orgulha-se imenso da sua pátria, dos seus monarcas e governantes e do seu património cultural e faz questão de o demonstrar  aos visitantes estrangeiros.

 

Estátua de Rembrandt guardada pela Ronda Noturna Amesterdão- Holanda

 

A maioria dos turistas que visita Amesterdão não o faz por motivos culturais. É mais pelo deboche!
A vida noturna é bastante agitada, sendo as proximidades da zona de “Vondelpark”, uma das diversas áreas verdes da cidade, local de grande agitação: bares, discotecas, restaurantes e até um casino por ali existe. Sobretudo turistas oriundos do Reino Unido divertem-se e “enfrascam-se” por aqueles lados. Amesterdão é um dos locais prediletos para despedidas de solteiro onde a pretexto disso, os turistas cometem todos os excessos.

Os “coffee shops” onde a venda e consumo de drogas leves é legal, melhor dizendo, em termos jurídicos, é “tolerado”, são locais de romaria de muitos estrangeiros. Dos locais onde um “charro” se vende como de um charuto se trate, o “The Bulldog” é o mais famoso. Dizem os “entendidos” que o “Barneys Farm Shop”, o “Original Dampkring Coffeeshop”, o “Kush strawberry” ou o AK47 são bem melhores.
O tráfico de droga é criminalizado, entrar ou sair com droga do país dá direito a problemas com a Justiça, mas a forma como se abastecem os “cofee shops” parece ser um mistério. As autoridades estudam formas de os turistas serem proibidos de aceder a estes locais, pois a imagem de Amesterdão cada vez é mais erradamente confundida com um paraíso de drogas leves, tornando a sua oferta cultural no parente pobre.

 

De Wallen-Guia da trabalhadora do sexo- Amesterdão- Holanda

 

“De Wallen” é talvez o local mais famoso de Amsterdão. Conhecido internacionalmente como “Red light district”. Um local onde se pratica a prostituição. Nos Países Baixos é uma atividade legalizada e regulamentada, e quem a exerce paga impostos e desconta para a Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde e aposentadoria. O Holandês é tido como um povo materialista que “pensa com a carteira” e por isso tudo se resume a dinheiro…
As mulheres trabalhadoras da indústria do sexo, exibem-se em montras iluminadas, recebendo os clientes encerrando depois a cortina. Naquele bairro abundam também as sex shops e cabines de filmes e shows pornos. De noite sobressaem as luzes vermelhas que iluminam aquelas ruas junto aos canais. Os turistas divertem-se tirando fotografias e fazendo vídeos por aqueles lados, algo que em 2006 os seguranças ali presentes não permitiam. Hoje é difícil controlar, pois há muito mais transeuntes e qualquer smartphone tira fotos instantaneamente e de forma discreta, faz vídeos e inclusivamente diretos nas redes sociais! Seguranças esses que muitas vezes são proprietários dos espaços e cuidam das trabalhadoras do sexo. O que em Portugal é crime de Lenocínio e Proxenetismo, ali é parte deste negócio, tratada como outra atividade qualquer.  Na nossa cultura do sul da Europa jamais aceitaríamos de ânimo leve a venda de carne humana como de outra mercadoria se tratasse, ninguém gostaria de ver lá um dos seus familiares a exercerem semelhante trabalho.
As autoridades pretendem que o país deixe de ser procurado por este motivo. Amesterdão sofre de “excesso de turismo” e a maioria dos visitantes com estes intuitos afetam a imagem do país. Recentemente as visitas guiadas a “De Wallen” foram banidas e existem normas de conduta que os visitantes têm de cumprir por exemplo, não fotografar as trabalhadoras do sexo nas montras, pois faz lembrar um “safari humano” o que é humilhante e degradante. Muitos visitantes internacionais enchem aquelas ruas, já que os locais que as frequentam mancham a sua imagem pessoal e profissional.

“De Wallen” pode esconder fenómenos de Tráfico Humano pois muitas trabalhadoras do sexo são oriundas de países do Leste Europeu e poderão estar a exercer aquele trabalho sob coação das máfias.
Deslocalizar “De Wallen” para longe do centro da cidade é uma hipótese que está a ser ponderada para que deixe de ser um ponto de romaria de visitantes internacionais.
E por falar em sexo, o Museu do sexo também é um dos locais mais famosos em Amesterdão!

 

De Wallen-Montras- Amesterdão- Holanda

 

De Wallen-Cabines de shows porno- Amesterdão- Holanda

 

De Wallen- Amesterdão- Holanda

 

O amor ao futebol também se vive em Amesterdão. O “Amsterdamsche Football Club Ajax” é rei e o estádio onde atua, agora chamado de “Johan Cruijff Arena” é um dos pontos obrigatórios a visitar para os amantes do desporto rei. O tour pelo estádio e a visita ao Museu do “Amsterdamsche Football Club Ajax” deixa qualquer adepto de futebol em delírio. Um moderno estádio inaugurado em 1996, cuja cobertura abre e fecha, foi em tempos considerado o mais moderno da Europa. Outros recintos que entretanto foram construídos basearam-se na sua conceção e funcionalidade, como por exemplo Estádio Alvalade XXI em Lisboa. É  daqui que guardo a única foto da minha passagem em Amesterdão em 2006.

 

Johan Cruijff Arena- Amesterdão- Holanda

 

Amesterdão e Roterdão são cidades rivais, assim como os respetivos clubes. O “Feyenoord Rotterdam” é o clube rival. É conhecido pelos adeptos violentos que causam distúrbios. Sempre que o seu clube visita Amesterdão, os seus adeptos são escoltados, à chegada, desde a estação de comboio nas imediações da “Johan Cruijff Arena” até aos seus lugares reservados na bancada, uma zona vedada com acrílicos a grande altura, parecendo-se com uma jaula! O caminho desde a estação passa por um túnel e tudo é fechado pela polícia para que possam circular sem causar danos nem responderem com violência a provocações.
Em relação a Roterdão, a cidade é um contraste perfeito com Amesterdão. Demasiadamente moderna, faz-me lembrar a nossa zona de escritórios em Miraflores ao lado de Algés! Roterdão renasceu das cinzas e foi reconstruída. Um passeio interessante para um dia, um bate volta desde Amesterdão com  passagem por Den Haag (Haia) a cidade onde se encontra sedeado do Governo dos Países Baixos, assim como o Tribunal Internacional de Justiça e a Europol. É possível fazer isso de comboio, mas preparem-se para pagar do bom, pois os transportes nos Países Baixos custam muito caro!

 

Estátua do escritor Multatuli- Amesterdão- Holanda

 

Quanto à gastronomia, os Países Baixos não primam por isso. Muito à base de fritos onde as “batatas Belgas”, as batatas fritas duas vezes, abundam. O “Dutch snack” é o mais popular, um conjunto de snacks fritos que se temperam em molhos, entre os quais o croquete, que é tipicamente Holandês e entrou há muitos anos na nossa alimentação! Os muitos restaurantes de gastronomia Indonésia são a melhor parte, ou não fosse a Indonésia uma antiga colónia. Em Amesterdão podemos provar o verdadeiro “Nasi goreng”, estando bem longe da Ásia! As cervejas de inúmeras marcas sabem sempre bem para acompanhar qualquer refeição ou mesmo numa esplanada, dos muitos cafés que existem na cidade. Tomar café também é tradicional, sendo normalmente servido com uma bolacha. Para provar algo típico recomendo uma ida ao Cafe Luxembourg.

O custo da alimentação é elevado e o recurso ao fast food é permanente. O “donner kebab” é sempre a melhor arma para matar a fome!

 

Fast food – Batatas Belgas e Donner kebab- Amesterdão- Holanda

 

Dutch snack, os croquetes- Amesterdão- Holanda

 

Atenção que nos Países Baixos em quase todo o lugar público, paga-se para ir ao WC, nomeadamente em bares, discotecas e restaurantes, mesmo que sejamos clientes! O WC, quer queiramos quer não, é ponto de passagem obrigatório, diário, nas nossas viagens, e dele nunca podemos fugir. Nos Países Baixos convém andar sempre com uns trocos no bolso para precaver algo que surja inevitavelmente, repentino ou não!

Amesterdão é um local a voltar, mas desta vez a maior felicidade foi mesmo sair! Conseguir embarcar para Nova Iorque foi um alívio. O tráfego aéreo já estava restabelecido. Depois de um longo interrogatório da praxe imposto pelas autoridades aos viajantes para os EUA, na porta de embarque do Aeroporto de Schiphol, lá me deixaram viajar!

 

Aeroporto de Schiphol – Trem de aterragem de um Fokker 70

 

Links

voos: a Easyjet tem voos diretos desde Lisboa para Amesterdão. A KLM tem voos desde Amesterdão para todo o mundo, em parceria com a Air France e a Delta.

Hoteis: A cadeia de hostels Stayokay faz jus ao nome. Recomendo ficar em Vodenpark.

 

Os Países Baixos vistos do céu

 

Para alojamento em Amesterdão, consulte aqui.

 

Reservas (click):

Booking – Alojamento

Get Your Guide– Tours, entrada em monumentos

Iati- Seguro de Viagem

BookAway- Reserva de bilhetes Bus, Ferry, Comboio

 

 

Chamo-me João Almeida, moro em Sintra (Portugal), e sou um AMANTE DE VIAGENS. Uma paixão que existe faz longos anos. A minha missão com esta página é de ajudá-lo a realizar o seu próximo destino! Saiba mais sobre mim e sobre o site.

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