Nostalgia Parisiense…
Texto & Fotos de Mário Menezes
Tantos relatos de viagens à França que tenho feito que seria imperdoável não referir Paris. Talvez a cidade que os viajantes dos 5 continentes mais anseiam visitar.
Conhecida no Mundo pela “Cidade Luz”, não pelo facto de ser muito iluminada de noite, mas porque durante séculos atraiu as mentes mais iluminadas nas diversas vertentes. Em Paris surgiu o “Iluminismo”, um movimento intelectual, no século XIX, que tinha como principais ideais, a liberdade, a fraternidade, a tolerância, o progresso, o Governo Constitucional em oposição à Monarquia Absolutista e a separação entre a Religião e o Estado. Paris tornou-se famosa em toda a Europa por se transformar num centro de educação e nascimento de novas ideias. Nesses anos, muitos filósofos, pensadores, inventores, cientistas, pintores, escultores, arquitetos, músicos, bailarinos e artistas de vários países, mudaram-se para Paris, que a tornou o maior centro de artes do Mundo.
A França tem um papel preponderante na História da Humanidade. Ainda hoje as manifestações de trabalhadores Franceses e as greves gerais que os seus sindicatos convocam, têm um enorme impacto na Europa. Para muitos considerada como a pátria do Socialismo, essa teoria económica, controversa, que encontra as suas origens na Revolução Francesa, que culminou com o final sangrento da Monarquia Absolutista. A célebre frase “se não têm pão, comam brioches” supostamente proferida pela Rainha Maria Antonieta, que vivia na opulência da sua corte “à grande e à Francesa”, quando confrontada com a miséria a que o povo Parisiense sucumbia dada a crise económica que assolava o país, permanece até aos dias de hoje. O período sangrento, “de terror” da Revolução Francesa, que culminou com os monarcas executados na guilhotina e a implantação do Regime Republicano. Robespierre, Danton e Marat são os nomes dos mais famosos “cabecilhas” dessa revolução.
O 14 de Julho é o dia nacional da França, que enche de orgulho os Franceses. Nesse dia, em 1789, deu-se a Tomada da Bastilha, uma fortaleza medieval que existiu em Paris, que armazenava pólvora, pronta a ser usada em canhões pelas tropas reais para um massacre sangrento ao povo da cidade.
Mas efetivamente a cidade é fortemente iluminada e muitas vezes quando a sobrevoamos de noite podemos observar lá do alto as suas principais artérias bem luminosas. Paris é um local fulcral do tráfego aéreo do continente Europeu, muitas vezes, por exemplo, em voos desde Lisboa com destino a Amesterdão, já em rota de descida, o comandante anuncia que se está a sobrevoar Paris e convida os passageiros a espreitar pela janela e desfrutarem da vista lá para baixo. Quando voamos de Paris para outro destino, descolando de noite de um dos seus principais aeroportos, ao espreitarmos pela janela do avião observamos um enorme clarão que contrasta com a imensidão da escuridão do espaço aéreo.
E por falar em luzes, a Torre Eiffel, o maior ícone de Paris, e tão somente, o monumento mais visitado e fotografado em todo o Mundo, é proibido (“mas faz-se”) fotografá-la de noite, e muito mais utilizar essas imagens para fins que não sejam de uso privado. Uma lei, estranha e bizarra, que poucos cumprem, por mero desconhecimento, pois aquelas imagens do monumento todo iluminado inundam as redes sociais. Todos nós possuímos um smartphone que o transportamos no bolso, o que torna esta como uma das leis mais infringidas em todo o Mundo! “Dura lex, sed lex” e por isso qualquer turista apanhado em flagrante arrisca ser multado, porém é mais fácil controlar as publicações que são feitas com fins comerciais em páginas da internet e atuar sobre os seus autores. A iluminação do monumento, é considerada como uma obra de arte, e por isso encontra-se protegida por direitos de autor. A Torre Eiffel é também uma obra de arte, porém, o seu autor, o engenheiro Gustave Eiffel, já faleceu há mais de 70 anos, pelo que segundo a lei Francesa, esses direitos passaram para o domínio público, podendo então fotografar-se à luz do dia e utilizar essas imagens para outros fins não privados.
Com os seus cerca de 324 metros de altura, é o edifício mais alto da cidade, tendo sido até 1930 o edifício mais alto do Mundo. Foi construída para a Exposição Universal de 1889. É uma obra de arquitetura mas também de engenharia. Imaginemos o trabalho de calcular uma estrutura daquelas, numa altura em que nem calculadoras existiam. Quem estudou Mecânica Aplicada e Resistência dos materiais terá certamente uma ideia de como calcular sistemas articulados, pelo método dos nós, de Ritter ou de Cremona e muitas vezes deparamos com indeterminações estáticas, e teremos de entrar com o efeito da deformação dos materiais pelas cargas, vibrações ou temperatura, pois monumento “cresce” cerca de 15 cm nos meses quentes!
Paris e seus arredores, necessitam no mínimo de uma semana para conhecermos os seus pontos principais e desfrutarmos da sua vasta oferta lúdica e cultural.
Dado localizar-se numa encruzilhada de rotas aéreas nacionais e internacionais, conseguimos visitar a cidade de passagem, a caminho ou no regresso de outras paragens na Europa, aproveitando as tarifas das companhias “low cost”, algumas usam os seus aeroportos secundários, Beauvais, Orly ou mesmo Vatry. Existem voos que permitem chegar pela manhã e partir de noite. Planeando uma viagem em “low cost” por vários países da Europa, com alguns meses de antecedência, consegue-se o itinerário mais económico, os horários mais convenientes e as tarifas mais baixas. Podemos por exemplo, chegar ao final da manhã a Paris e seguir viagem no dia seguinte ao final do dia, e assim desfrutar de um dia e meio na cidade e ainda fazer um passeio noturno, pagando apenas uma noite de hotel. Paris é uma cidade cara e os hotéis não fogem à regra…
Conseguimos também visitar Paris na ida ou no regresso de voos intercontinentais, com escalas longas, pois é possível escolher passagens aéreas com mais de 12 horas de escala sem grande diferença no preço final. Há voos vindos, por exemplo, da Ásia ou da América do Norte, que aterram de madrugada no Aeroporto Charles de Gaulle. Saindo do aeroporto, munido do cartão de embarque para o voo seguinte, teremos pela frente um dia em pleno a passear pela cidade. Neste caso há que confirmar com a companhia aérea se é possível a saída do aeroporto durante essa escala. Antes de sair, é necessário passar no controlo de passaportes e também no controlo alfandegário. Não esquecer, na altura do check-in, informar o funcionário qual o destino final da bagagem de porão e que é vossa intenção sair do aeroporto durante a escala. No regresso ao aeroporto, façam-no com antecedência, pois há que ter em conta o tempo necessário para o controlo de passageiros, na segurança e na fronteira, antes de seguirem para a porta de embarque.
Ao longo da minha vida, tive oportunidade de visitar a cidade de diversas formas!
Em 1983 fiz a minha primeira viagem ao estrangeiro. Com 8 anos de idade, numa altura em que viajar de avião era caríssimo, com a minha mãe, passei cerca de uma semana na “Cidade luz”, numa excursão de autocarro desde Lisboa. De Lisboa a Paris, naqueles tempos era uma viagem de dois dias e uma noite, quase em ritmo “non stop”. O programa era sobretudo de dias livres na cidade e foi com um grupo de Madeirenses, de Machico, que nos integramos e com eles percorremos os pontos mais famosos da cidade. Versailles e alguns Castelos do Val de Loire também foi o programa da viagem, mas esta parte de forma guiada. Estes dias ficaram na minha memória de criança e vão permanecer para sempre. Com as viagens que fui fazendo em outros momentos da minha vida, e depois de juntar à França mais de 30 países estrangeiros visitados, chegou o momento de regressar a Paris, ao fim de quase 31 anos! E que sentimento nostálgico tive nesses dias, que de certo modo fez regredir à infância. E fá-lo-ei sempre que voltar a Paris!
5 de Fevereiro de 2014 foi a data que regressei pela primeira vez a Paris. O elo final de uma viagem pela Europa durante a qual comemorei os 39 anos. Uma curta, mas bastante emocionante estada, de menos de 48 horas. Vindo de Bucareste aterrei ao final da manhã no Aeroporto de Beauvais. Um aeroporto famoso pela negativa pois já foi considerado o pior da Europa! Pequeno, é um verdadeiro “barracão”. Possui uma quantidade insuficiente de cadeiras, e segundo os viajantes, a pouca limpeza das casas de banho e a antipatia do pessoal completa o quadro negativo. Um típico aeroporto “low cost”, a cerca de 90 Km de Paris. Nada que me tivesse incomodado, o desembarque é feito por escada e depois caminhando pela placa até ao terminal, os procedimentos de controlo de passageiros na fronteira, recolha de bagagens e controlo alfandegário, foram céleres! Existem carreiras de autocarros, eficientes e confortáveis, com lugares marcados, que conduzem os passageiros por auto estrada até “La Defense”, uma zona nova da cidade, moderna, com prédios altos, construída nos últimos anos para albergar o seu centro financeiro. “La Defense” sobressai pelo seu modernismo e pode ser vista ao longe desde o Arco de Triunfo. Daqui, até ao hotel, localizado no bairro de “Belleville”, foi fácil aceder. Paris é excelentemente servida pelos transportes públicos. Foi uma das primeiras cidades do Mundo a possuir um sistema de metropolitano subterrâneo. O “Metrô” é gigantesco, serve praticamente toda a cidade, é moderno, eficiente, económico e fácil de utilizar. Enorme sentimento nostálgico ao fim de quase 31 anos voltar a viajar no “Metrô”. Incrível como o tipo de bilhete e a forma como o introduzimos no torniquete, o tipo de torniquete, as próprias estações com a sua decoração e sinalética, as carruagens com rodas de borracha, bancos retráteis junto às portas e o manípulo para as abrir, tudo permanece igual! Explicaram-me que os Franceses são um povo conservador e o estilo “retro” vai permanecendo.
Depois de deixar as malas no hotel, finalmente pude deslocar-me ao centro da cidade e passear pelas margens do Rio Sena. Os cerca de 13 Km do seu leito que banha Paris, com as suas famosas pontes, mais de 30, trouxeram para todo o Mundo o romantismo da cidade.
Uma faceta Parisiense que inspirou músicos como Doris Day, Bing Crosby, Eartha Kitt, Kingston Trio e como não poderia deixar de ser, Edith Piaf. Ao longo dos 6 km que percorri durante a tarde, aproveitei para tirar uma foto num local onde há 31 anos supostamente também o fiz, melhor dizendo, me fizeram.
Muitas das atrações turísticas localizam-se junto das margens do Rio Sena, pelo que num curto passeio é possível passar por algumas. Por exemplo o Museu de Orsay, que abriu portas em 1986. Será um dos locais a visitar numa nova passagem por Paris. É um museu de arte, onde sobressai o quadro “A origem do Mundo” de Gustave Courbet! A seguir à Monalisa, é provavelmente o quadro com o qual os turistas tiram mais selfies, e certamente não lhes causa tanta desilusão!
Nesse dia o objetivo era visitar a Torre Eiffel. Finalmente consegui subir ao cimo, um momento que esperei quase 31 anos. Da última vez não pude ir além do 2º piso, pois o cimo encontrava-se encerrado para obras. Finalmente pude imitar o “Luís” das músicas da Ana Faria que em criança me enchiam os ouvidos! A música refere que o Luís queria viajar para muitas capitais da Europa, mas teria de escolher a que gostaria mais! Um dia o pai levou-o a Paris, e entre outras coisas que por lá fez (atenção que o Museu de Orsay ainda não existia…) subiu ao cimo da Torre Eifell, eu já tinha ido a Paris e não o tinha feito!!!! O Luís, tal como eu, deve ter ficado impressionado com a vista do cimo da Torre Eiffel que é encantadora e por se tratar de Paris, dispensa mais comentários, mas também, subir o monumento por escadas até ao piso 2 também é uma experiência fascinante! Paris é uma cidade plana e ventosa e o monumento oscila imenso, notando-se isso lá no alto, sendo por vezes necessário evacuar os visitantes por questões de segurança. Quanto ao Luís, nesta altura é certamente um quarentão, e já deve falar Francês, eu aconselho-o a reviver essas memórias de pequeno, e regressar ao cimo da Torre Eiffel. Para este momento de subida ao cimo da Torre Eiffel, fiz questão de comprar o ingresso, na bilheteria, com uma nota de 50 Euros que tinha guardada para esse fim, dentro de uma das matrioskas, de políticos Russos, que trouxe de Praga. Agora paga-se em Euros, a última vez foi com Francos! Dei um beijo na nota e entreguei-a ao funcionário! Depois, perante a estupefação deste, lá tive de lhe explicar o que se passava…
Os Franceses hoje são mais simpáticos e comunicativos para com os turistas estrangeiros, do que em 1983, e muitos deles já comunicam fluentemente em Inglês! Sobretudo o staff do hotel, que me atendeu muito bem, e ficaram maravilhados quando lhes disse que estava de regresso a Paris, ao fim de mais de 30 anos!
A noite caia, a “Cidade Luz” fazia jus ao nome e os “Champs-Élysées” foram a derradeira paragem. “Champs-Élysées” é assim chamado bairro “chique”, que contém a famosa avenida, para muitos a mais bonita do Mundo, a “Avenue des Champs-Élysées” com cerca de 2 Km, que une a Praça da Concórdia, famosa pelo Obelisco de Luxor, com a Praça Charles de Gaulle, também conhecida por Praça de l’Étoile, com o Arco de Triunfo ao centro. Os Champs-Élysées é um dos locais mais caros do Mundo. Várias cidades Europeias têm avenidas comparadas e comparáveis aos Champs-Élysées por exemplo o “Paseo de La Castellana” na Espanha em Madrid, a “Unter den linden” na Alemanha em Berlim, a “Nevsky prospekt” na Rússia em São Petersburgo, a “Andrássy” na Hungria em Budapeste, a “Bulevardul Unirii” na Roménia em Bucareste, e claro, a nossa Avenida da Liberdade! E do outro lado do Atlântico, na Argentina a “Avenida 9 de Julho” em Buenos Aires, que por várias razões é chamada de Paris da América do Sul…
O dia seguinte começou no Museu do Louvre. O museu mais visitado do Mundo que juntamente com o Museu Hermitage de São Petersburgo, reivindica o título de maior museu do Mundo. Sinceramente, a minha humilde opinião, para quem visita o Hermitage, o Louvre, é apenas mais um museu! Muitos Franceses partilham da minha opinião! O Hermitage ganha de goleada! Do que vi de um e de outro, abstraindo o espólio, posso afirmar que enquanto no Louvre os corredores e as salas são comuns, no Hermitage as paredes e os tetos são autênticas obras de arte. Mas deixo à consideração de quem seja “expert” em arte, o que já referi muitas vezes, está longe de ser o meu caso!
O Louvre é um museu de arte, para o visitar na totalidade, dada a sua grandeza, seriam necessários anos com visitas diárias ininterruptas! Considerando o termo comparativo com o Hermitage, que alguém fez as contas, dispensando 30 segundos em cada peça exposta, serão necessários cerca de 8 anos para visitar todo o museu, dá para ter uma ideia…
Normalmente os turistas passam cerca de uma manhã no Louvre, procuram ver o quadro da Monalisa, de Leonardo Da Vinci, quiçá, o quadro mais valioso do Mundo, a Venus de Milo, uma das mais famosas esculturas da Grécia e os Apartamentos de Napoleão, que pertenceram a Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, Presidente e posteriormente, Imperador da França. Estes aposentos, pelo seu luxo e ostentação impressionam mais os visitantes que o interior do Palácio de Versailles. Para aceder a estes pontos, é necessário percorrer algumas centenas de metros de corredores e diversas salas, desfrutando obviamente das obras lá expostas.
A Monalisa encontra-se protegida por um vidro numa instalação de alta segurança, apenas sendo possível observá-la de um perímetro a vários metros de distância, onde os turistas ávidos de tirar a melhor foto, a melhor selfie se amontoam. Para muitos, a Monalisa acaba por ser uma desilusão, pois além de ser vista ao longe, protegida por um vidro, o quadro tem pequenas dimensões comparativamente a obras famosas, mesmo os próprios Franceses são os primeiros a afirmar isso. Obviamente que o valor de uma obra de arte não se “mede aos palmos”, e só um “expert” poderá pronunciar-se sobre o mesmo, e quem o fizer escreverá várias páginas de descrição!
Uma das entradas do Louvre, pelo pátio principal, é pela famosa Grande Pirâmide, de vidro e metal, construída em 1989, obra do arquiteto Chinês Ieoh Ming Pei. É rodeada por outras três pirâmides de menores dimensões. A Grande Pirâmide é outro ícone da cidade e outro dos locais mais fotografados.
Neste meu retorno a Paris, a última paragem foi junto à Basílica de Sacré Cœur. Só mesmo para desfrutar da vista cá de baixo. O tempo já era curto, e lá acima tinha ido em criança, assim como ao bairro de Montmartre do qual o monumento faz parte. Localiza-se numa colina assim chamada, de Montmartre, possivelmente para homenagear os inúmeros mártires cristãos que foram torturados e mortos no local por volta do ano 250. O bairro é famoso em todo o Mundo, pois nas suas ruas param diversos artistas e vendedores ambulantes. Antes de regressar ao hotel e buscar as minhas malas para me dirigir ao aeroporto, fiz questão de passar num bar e beber uma cerveja! Julgo que pedi em Francês, como me ensinaram na escola, “une bière, s’il vous plaît”! Era uma cerveja especial, pois foi a primeira vez na vida que consumi bebidas alcoólicas, em França, e num ápice deixei de ser criança e regressei à idade adulta!
Não esperei muito para voltar a regressar a Paris. Dois anos depois, no regresso de uma viagem à América do Norte, Canadá e EUA, onde comemorei o 41º aniversário, ao início da manhã de 7/2/2016 aterrei no Aeroporto Charles de Gaulle, vindo de Chicago. Um dia em grande por terras Parisienses me aguardava.
Na passagem anterior, visitar o Louvre e a Torre Eiffel eram os objetivos principais, agora era o Palácio de Versailles pois a escala de várias horas daria tempo mais que suficiente. Por sorte nesse dia a entrada nos museus e monumentos era gratuita, apenas tive de aguardar cerca de 3 horas na fila. A azáfama dos turistas era enorme, ou não se trate de um dos palácios mais visitados do Mundo!
O Palácio de Versalhes situa-se como o nome indica, em Versalhes, uma antiga aldeia rural, atualmente uma cidade nos arredores de Paris, a cerca de 45 Km do Aeroporto Charles de Gaulle, facilmente acessível de comboio suburbano “RER-Réseau Express Régional”, com transbordo na estação de “Saint-Michel Notre-Dame”. A viagem dura cerca de 1h30. Da estação de Versailles, basta uma pequena caminhada com cerca de 1Km até à porta de entrada.
O Palácio de Versalhes, que em tempos foi um pavilhão de caça, tornou-se o centro do “Antigo Regime”, residência dos Monarcas Absolutistas. Ali eles podiam viver resguardados, “à grande e à Francesa”, bem longe de Paris, onde os tumultos e doenças de uma cidade apinhada eram recorrentes. A grandeza da construção, daquele que foi o mais opulento palácio da Europa, cujos números falam por si, 2.153 janelas, 67 escadas, 352 chaminés, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque, ainda hoje impressionam o visitante menos insensível!
Na visita ao Palácio de Versalhes percorremos diversas salas e corredores enormes, onde se destaca a Capela e os Grandes Aposentos do Rei e da Rainha, cuja decoração sobressai. A Galeria dos Espelhos, é outro dos locais de destaque, com os seus 73 m de comprimento, possuindo 375 espelhos, foi o lugar onde em 1919 foi assinado o Tratado de Versalhes, que pôs fim à I Guerra Mundial. A visita inclui os “Jardins de Versalhes” que são famosos em todo o Mundo. A sua construção durou cerca de 40 anos. O local era ocupado por bosques e terreno pantanoso, tendo sido necessários milhares de homens para transportar terra e todo tipo de árvores. Dada a sua dimensão, serão necessárias várias horas para percorrer a sua totalidade, pelo que a visita, para a maior parte dos turistas, é apenas sumária e sobretudo panorâmica, no meu caso teve de ser, por limitações de tempo. É possível viajar no comboio turístico que percorre a zona, mas dada a afluência de turistas, a espera pode ser longa.
Nos Jardins de Versalhes, destaca-se o “Grand Trianon”, um pequeno palácio de mármore rosa, local onde Maria Antonieta, esposa de Luís XVI, os monarcas depostos pela Revolução Francesa, desfrutava de uma vida simples e campestre. Talvez saboreando os seus brioches…
De Abril a Outubro é possível assistir a espetáculos em que a água das fontes se movimenta ao ritmo da música.
A paragem seguinte foi a Catedral de Notre-Dame de Paris. Desde Versalhes existe transporte ferroviário direto, o RER, demorando cerca de 45 minutos, até “Saint-Michel Notre-Dame”. O monumento situa-se numa ilha, a “Île de la Cité”, a algumas centenas de metros da estação.
Construída entre 1163 e 1245 é uma das catedrais Góticas mais antigas do mundo. O nome da catedral é dedicado à Virgem Maria. Existem várias catedrais em várias cidades de França assim chamadas, mas a de Paris é certamente a mais importante. Com 8 séculos de História, foi local de importantes acontecimentos, como por exemplo, a coroação de Napoleão Bonaparte, a beatificação de Joana D’Arc e a coroação de Henrique VI da Inglaterra. Infelizmente em Abril de 2019, sofreu um grave incêndio que provocou danos significativos no telhado e derrubou a agulha da torre principal. A visita ao seu interior naquele dia era gratuita, mas a subida ao terraço já não era possível pois já se encontrava encerrado.
E foi da Ponte Pequena, com vista para a Catedral de Notre-Dame localizada e para a Île de la Cité que me despedi de Paris, onde voltar é sempre um prazer.
A Paris, regressei novamente cerca de 3 anos aproveitando uma escala com cerca de 14 horas de um voo desde Tóquio para Lisboa, a parte final de uma viagem ao Japão, inesquecível, louca e maravilhosa. O dia 11 de Fevereiro de 2019, foi dedicado a percorrer a pé várias ruas da cidade, visitando de fora vários pontos turísticos.
Uma caminhada com cerca de 20 km por Paris que começou frente à Catedral de Notre-Dame e pelo bairro de Saint-Michel até ao Panteão Nacional, local onde jazem ilustres Franceses. Daqui até aos Jardins do Luxemburgo, um parque público que contém o Palácio do Luxemburgo. Depois até à Praça de São Sulpício, onde a Fonte e a Igreja de São Sulpício que é mencionada na obra “O Código Da Vinci” de Dan Brown, fazem parte. Finalmente, o Teatro Odeon, um dos mais famosos de Paris, replicado em muitas cidades do Mundo, incluindo Lisboa.
Em seguida, um “salto” à margem contrária do Rio Sena, pela Ponte das Artes, agora sem os famosos cadeados, em direção ao Palácio Garnier. A sede da Ópera de Paris, uma das 5 mais importantes salas de ópera do Mundo, as outras são o Scala de Milão, a Ópera de Viena, o Covent Garden de Londres e o Teatro Colón de Buenos Aires. Um dia espero para assistir ali a um espetáculo ou visitar o edifício, o que também não é barato. O “Fantasma da Ópera”, romance de Gaston Leroux, que há mais de 30 anos está em cena na Broadway, em Nova Iorque sendo um musical de sucesso intergalático, tem a sua ação ali dentro!
Não muito distante, fica o Olympia, uma sala de espetáculos famosa, sobretudo para a comunidade Portuguesa. Na região de Paris existem mais de 2 milhões de Portugueses! Ali, Linda de Suza atuou, esgotando a lotação, elevando bem alto o nome de Portugal. Linda de Suza nascida no seio de uma família de parcos recursos, em Beringel no Alentejo, em 1948, partiu para França procurando uma vida melhor, trabalhando arduamente. Passando dificuldades, mãe solteira, ultrapassou todos os obstáculos e com o seu talento para a música, seguiu a via artística. Com as suas músicas conquistou Paris chegando a ser considerada a “Amália de França”. Hoje, o nome de Linda de Suza caiu no anonimato, nada diz aos Franceses, conclusão que cheguei quando entrei lá dentro e me referi a ela. Toy e Tony Carreira nos tempos atuais têm atuado no Olympia, talvez os Parisienses se recordem melhor!
Segui então caminho, passando pela Igreja da Madalena, que sobressai pela sua arquitetura Grega, em direção à Praça da Concórdia. O Palácio Pequeno onde se situa o Museu Nacional de Belas Artes e o Palácio Grande que alberga a Cidade das Ciências e da Indústria seriam dois locais que adoraria visitar, mas por motivos óbvios limitei-me a fotografar o exterior. Tal como o Palácio do Eliseu este último, por motivos ainda bem mais óbvios, limitei-me a tirar uma foto à porta. O Palácio do Eliseu é fortemente vigiado por muitas forças de segurança e não é caso para menos, pois é a residência oficial do Presidente da República Francesa, atualmente, Emmanuel Macron e da sua esposa, a Primeira Dama, Brigitte Macron.
Percorrer a totalidade da Avenida dos Champs-Élysées era o objetivo seguinte! Desta vez à luz do dia até ao Arco de Triunfo. O monumento foi inaugurado em 1836 em comemoração às vitórias militares de Napoleão Bonaparte. Contém os nomes de 128 batalhas e 558 generais gravados. Na sua base, situa-se o Túmulo do Soldado Desconhecido, um local existente em vários monumentos patrióticos para honrar os soldados que morreram em tempo de guerra sem que os seus corpos tenham sido identificados. Voltar ao Arco de Triunfo ao fim de quase 36 anos foi muito emocionante. Aproveitei para tirar uma foto num local onde nessa altura supostamente também o fiz, melhor dizendo, me fizeram.
Não poderia resistir a um passeio até ao bairro de Passy, a cerca de 3 Km do Arco de Triunfo. O “16e arrondissement”, onde reside a classe rica da sociedade Parisiense. Um bairro que saltou para a nossa ribalta em 2011 quando o ex-primeiro-ministro José Sócrates depois de perder as eleições se mudou para lá. Supostamente vivia num apartamento de vários milhões de Euros, que era propriedade de um grande amigo! José Sócrates ocupava o seu tempo a estudar filosofia no “Institut d’Études Politiques de Paris” e era muitas vezes visto a tomar o pequeno almoço por aqueles cafés chiques das imediações! Um dia no regresso a Portugal foi detido na manga do Avião do Aeroporto Humberto Delgado, por indícios de fraude fiscal. Um crime que é apenas a ponta do iceberg! O resto da história já todos sabemos…
Ver novamente a Torre Eiffel era o próximo objetivo, desta vez desde os Jardins do Trocadero. Daqui, percorri então cerca de 1 Km pela margem do Rio Sena, até à Chama da Liberdade. Uma réplica da chama da Estátua da Liberdade, uma oferta dos EUA, à França, em 1989, como forma de agradecimento pela participação de empresas Francesas na restauração da famosa Estátua da Liberdade de Nova Iorque. Também existe uma Estátua da Liberdade em Paris.
A Chama da Liberdade fica sobre o Túnel da Alma, local famoso pelos piores motivos. Foi ali que a Princesa Diana de Gales, em Agosto de 1997, perdeu a vida num acidente de automóvel, em circunstâncias difíceis de explicar.
A derradeira paragem, já ao cair da noite, foi no Quartier Pigalle! Localizado na Av. Clichy, é conhecido como o “Bairro Vermelho” de Paris, uma zona tida como de prostituição, onde também existem várias casas de strip tease, sex shops, cabarés, entre os quais o mais famoso da cidade, conhecido no Mundo inteiro, o “Moulin Rouge” que há mais de um século é local de romaria de turistas de todo o Mundo, sendo tido como local de visita obrigatória. Assistir ali a um espetáculo que transporta o espetador para o ambiente boémio da “Belle Époque”, um período de cultura cosmopolita na História da Europa, que começou em 1871, e durou até ao início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, sai caro! Foi junto ao Moulin Rouge que me despedi de Paris!
Este texto é a minha homenagem a Paris. Um local onde iniciei a minha vida de viajante, ainda na infância, pela mão da minha mãe! Hoje, conto mais de 50 países estrangeiros visitados!
Muito mais há a dizer da “Cidade Luz”. Para isso terei de voltar mais vezes, seja de passagem ou no regresso de outras paragens pelo Mundo fora, ou seja, numa altura em que decida ali passar uns dias.
“PARIS, JE T`AIME”
Links
Voos:
A Air France voa de Paris para vários locais do Mundo, incluindo Lisboa. Os voos entre Paris e Lisboa são operados pela “Joon”, sua subsidiária.
A Easyjet, a Ryanair, a Vueling e a Transavia são companhias aéreas “low cost” que voam diretamente de Lisboa para Paris, respetivamente para os aeroportos de Charles de Gaulle, Beauvais e Orly (as duas últimas).
Hotel:
Beautiful Belleville Hostel & Hotel
Fiquei uma noite em Fev/2014. Oferecia um serviço de qualidade, preço em conta, staff atencioso e um excelente pequeno almoço buffet.
Fica localizado perto da estação de metropolitano Belleville.
Recomendo.
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