Ponte 25 de Abril – Experiência Pilar 7
Texto & Fotos de Mário Menezes
Possuir Lisboa como património, uma das mais belas cidades do Mundo, imortalizada nos fados de Amália Rodrigues ou Carlos do Carmo, nos filmes com Vasco Santana ou Mirita Casimiro e, nos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade ou Fernando Pessoa, é um motivo de orgulho nacional.
As belíssimas vistas sobre a Cidade das 7 colinas, banhada pelo Rio Tejo, num largo estuário, que a poucos quilómetros desagua no Oceano Atlântico deixam qualquer visitante rendido. Aos diversos tradicionais miradouros, existentes na cidade, localizados nas 7 colinas, e outros em edifícios e monumentos que ao longo dos anos foram construídos, em 2017 juntou-se mais um: na Ponte 25 de Abril, chamado de “Experiência Pilar 7”. Subindo no elevador ao recente edifício e do alto dos seus 72 metros, junto ao tabuleiro da ponte, a vista sobre o rio e zona ribeirinha que se estende ao longe a perder de vista e sobre o bairro de Alcântara ao perto, é fascinante. Dali podemos fazer belas fotos, em poses radicais, pois lá existe uma varanda de vidro!
Vista de fora, a Ponte 25 de Abril é um símbolo da nossa cidade. Quando entramos em Lisboa através dela, somos confrontados com uma das vistas mais belas da nossa capital. Sou um privilegiado, pois regularmente faço esse percurso de carro, autocarro ou de comboio, a caminho ou no regresso das praias da Costa da Caparica, ou do Algarve.
A “Experiência Pilar 7” é sobretudo uma experiência interpretativa da Ponte 25 de Abril, com vertentes lúdica, técnica e histórica. Além da subida ao miradouro, pelo caminho podemos observar diversos objetos e documentos expostos e adquirir algum conhecimento dos seus detalhes construtivos e da sua cronologia, infelizmente sem quaisquer referências ao ano de 1994, quando revoltas populares pelo facto das portagens aumentarem brutalmente, causaram tumultos, sendo conotados com contestação política. Portugal havia vivido em ditadura, há cerca de duas décadas antes…
O seu historial não deixa de ser impressionante, com a sua construção levada a cabo no ano de 1962, terminando em 1966. Já no século XIX a ideia de ligar as margens do Rio Tejo desde Lisboa foi desenvolvida e desde aí vários estudos foram feitos e até um túnel foi equacionado. A ponte suspensa foi a escolha, soluções foram desenvolvidas por engenheiros franceses e americanos, propostas foram recusadas e algumas não cumpriram o caderno de encargos e por isso foram excluídas, e a vencedora foi da empresa americana United States Steel, talvez por isso a nossa Ponte 25 de Abril nos faça lembrar a Ponte Golden Gate de São Francisco e mais nenhuma outra ponte suspensa das muitas espalhadas pelo mundo! Chegou a ter como nome oficial, Ponte Salazar, e com a “Revolução dos Cravos” adotou o seu nome atual. Mas a História jamais se apagará…
Se o historial nos impressiona, o que dizer dos seus dados técnicos? 1.012,80m de comprimento do vão principal, 2.277,64 m de distância de amarração a amarração, 70m de altura do vão acima do nível da água, 190,47m de altura das torres principais acima do nível da água, 58,6cm de diâmetro de cada cabo principal, contendo 11.248 fios de aço com 4,87mm de diâmetro, o que totaliza 54,196 Km de fio de aço, 79,3m de profundidade, abaixo do nível de água, no pilar principal, 30km de rodovias nos acessos com 32 estruturas de betão armado e pré-esforçado. Ao todo foram aplicados 263 mil metros cúbicos de betão e 72600 toneladas de aço.
A visita começa num pátio, como o nome indica, junto ao pilar número 7, portanto na parte norte da ponte, que possui uma quantidade de chapas metálicas com informações técnicas. Ali encontramos dois maciços, o maciço principal e o maciço secundário, duas estruturas de betão armado que suportam o sistema de ancoragem desta parte da ponte, solução técnica diferente utilizada na outra margem, devido a constrangimentos geológicos. Segue-se a entrada para uma exposição sobre a cronologia histórica da Ponte 25 de Abril, desde os tempos em que se faziam estudos, a sua construção e os tempos em que se chamava Ponte Salazar. O aparecimento do comboio bem como a o da 5ªa via também não faltam. Pena o ano de 1994 ter sido apagado! Seguidamente o acesso a um elevador, precedido de uma revista de segurança, que nos transporta a duas salas onde se encontra explicado o sistema ancoragem, cujos números impressionam, podendo ser observado em funcionamento através de vidros, para mim a parte mais interessante da visita que termina finalmente com a subida ao miradouro, o tal que passamos a escassa distância quando cruzamos a ponte de norte para sul!
A Experiência pilar 7, engrandece o conhecimento de qualquer um, seja Português, “Alfacinha”,”Tripeiro” ou estrangeiro! Lisboa ganhou assim nos últimos anos mais um local emblemático, que nos orgulha a todos e a mim ainda mais, particularmente por ser colega na CML da engenheira, projetista do AVAC, que nos tempos livres é uma grande viajante e seguidora dos amantes de viagens.
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