Montevideu – Um hino ao futebol
Texto & Fotos de Mário Menezes
Montevideu, a capital do Uruguai fechou com chave dourada a minha viagem de 3 semanas pela América do Sul.
De Buenos Aires, para Puerto Iguazu, com uma curta passagem pelo Paraguai e Brasil. Depois até ao Fim do Mundo e daí para a Patagónia Argentina . Em seguida a Patagónia Chilena. Daí para Valparaíso e Santiago do Chile de onde saí para aqui aterrar já perto da 1h da manhã. No dia seguinte ao final da tarde regressaria novamente a Buenos Aires, o ponto de partida e de chegada desta volta maravilhosa.
Uma curta passagem, poucas horas, em que metade do tempo foi dedicado ao futebol. Todo fora previsto no programa inicial!
Uma cidade que respira futebol e que deu ao Mundo nomes como Enzo Francescoli, Diego Forlán, Rodolfo Rodríguez, Álvaro Recoba e Alcides Ghiggia, este último o maior de todos! São vários clubes aqui sediados, sendo os maiores, o “Club Nacional de Football”, conhecido como o “Nacional de Montevidéo” e o Club Atlético Peñarol. Ambos o seu histórial cruza com o dos maiores clubes do futebol Português.
Visita obrigatória em Montevideu é seu velhinho Estádio Centenário e o Museu do futebol que dele faz parte. Um estádio cheio de História que foi eleito património cultural da humanidade. Ali foi realizado o primeiro campeonato do Mundo de futebol em 1930 ganho pelo país organizador. Construído para esse evento, este estádio mantém a sua arquitetura original. Longe dos padrões de conforto e segurança dos estádios do Velho Continente, a sua mística não fica afetada. É a casa da Seleção do Uruguai e o palco dos clássicos entre as duas maiores equipas da cidade.
A vista das bancadas impressiona. Subindo por elas, o relvado vai ficando cada vez mais lá ao fundo! É um estádio com uma conceção arquitetónica ultrapassada. Ele “alarga”, o relvado fica “longe” das bancadas, contrariamente aos modernos palcos em que as bancadas “sobem” e em qualquer ponto a distância para o relvado é relativamente curta e os espetadores sentados não conseguem ver os anéis inferiores. Na Europa, muitos estádios Olímpicos estão sendo transformados neste conceito, chamado em alguns casos de “Arena”, onde o futebol é a principal prática desportiva, e tanto o público como as câmaras de televisão que transmitem os jogos têm a vista para o relvado cada vez mais próxima.
O museu do futebol é um “must” para o adepto do Desporto rei. Imensas relíquias, como botas e camisolas de famosos jogadores, e até árbitros, taças e fotografias de momentos marcantes da História do futebol e dos dois maiores clubes da cidade.
Não poderiam faltar as referências ao campeonato do Mundo de 1950. Aquele célebre jogo da final. Com o Maracana cheio. Mais de 200.000 espetadores esperavam ver o Brasil campeão do Mundo. O empate servia, pois o torneio disputava-se em moldes diferentes dos atuais. O Brasil esteve a ganhar 1-0. O Uruguai empatou por um jogador chamado Schiaffino. Mas o pior estava para vir. Alcides Edgardo Ghiggia Pereyra, conhecido no Mundo do futebol por Ghiggia, fez o golo da vitória a 11 minutos do fim. O Brasil chorou! Uma tragédia nacional batizada como “Maracanazo”. Os jornais já tinham as manchetes preparadas para sair com o Brasil campeão e os relatores tiveram de passar a noite a reescrever a história. Dizem os presentes nesse jogo que se fez um “silêncio ensurdecedor”.Ghiggia foi um das 3 pessoas que conseguiram calar o Maracana. As outras foram Frank Sinatra e o Papa! Ghiggia que sempre foi acarinhado por Brasileiros inclusivamente, tendo a sua marca no passeio da fama no novo estádio do Maracana, faleceu em 2015 com 88 anos e na miséria. Posar com a estátua de Ghiggia, foi um dos pontos mais altos da minha passagem por Montevideu.
O resto da cidade precisa de mais dias para ser visitada. Limitei-me a um passeio pela marginal, onde há muitos anos Dário Silva, um goleador da Seleção do Uruguai e que jogou em vários clubes Espanhois, teve um grave acidente e teve de amputar parte de uma perna, terminando assim tragicamente a carreira. O centro histórico é interessante e acolhedor e está enquadrado com a zona portuária. Com vários edifícios de arquitetura Colonial, e várias lojas que vendem canabis, pois o Uruguai é um dos países que a sua venda é permitida. “O Mercado del Puerto” é um ponto de paragem obrigatória para os amantes da carne! Um mercado em que as lojas são churrasqueiras. A carne é deliciosa e o aconselhado é a “tira de asado” e só me arrependo de não ter comido mais. Foi talvez o melhor local para comer carne, de todos os que estive nestas semanas.
Ainda tive tempo de entrar visitar a Catedral de Montevideo e fazer o meu ritual de agradecimento Divino que é habitual mas minhas viagens sempre que visito locais religiosos.
Entrei então em um daqueles cafés e pedi um copo de vinho Uruguaio,para provar mais um néctar dos Deuses de um novo país estrangeiro. Longe da fama e da qualidade dos vinhos Argentinos e Chilenos, mas serviu perfeitamente para daquela forma me despedir do Uruguai que ficou marcado como o 50º país estrangeiro que visitei.
Daí segui para o terminal de autocarros, para ir embora. Por terra, de autocarro até Colónia del Sacramento e daí de ferry-boat até Buenos Aires, para o mesmo hotel, onde dormi a última noite. No dia seguinte regressei a casa, ao meu país, ao meu trabalho e à minha vida habitual.
Links:
Voo: Companhia aérea low cost que utilizei para viajar de Santiago do Chile para Montevideo
Hotel: Fiquei no hotel HTC, bem localizado, muito perto do terminal rodoviário e bastante razoável, o preço e o serviço
Transporte de Montevideu para Buenos Aires: Esta é a companhia marítima e rodoviária.A forma mais económica é comprar um bilhete integrado, autocarro e ferry-boat. A viagem até Colónia del Sacramento de autocarro dura cerca de 3 horas, e daqui até Buenos Aires há transbordo para o ferry-boat. A travessia do Rio La Plata dura cerca de 1h30. O controlo de fronteiras (dos dois países) é feito todo em solo Uruguaio. A bagagem segue diretamente para Buenos Aires.
Golo de Ghiggia na final do Mundial 1950, contado na primeira pessoa:
Jogo realizado no estádio Centenário, Uruguai-Argentina em 2009 que motivou insultos aos jornalistas de Maradona na sala de imprensa após o jogo
Notícia sobre Ghiggia no passeio da fama no Maracanã.
Para alojamento em Montevideu, consulte aqui.
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