Roteiro de duas semanas pela Argentina
Texto & Fotos de Mário Menezes
Desde os 30 que tenho comemorado o meu aniversário a viajar. A Argentina onde passei duas semanas, em finais de Janeiro, início de Fevereiro últimos, marcou a minha entrada nos 45. Dos 50 países que visitei, este foi onde a natureza mais me encantou.
A Argentina está longe de ser um país barato, mas para mim foi um sonho que valeu cada Peso gasto!
Fui ao Fim do Mundo, e espero que isso não signifique um fim de ciclo, ou algo pior!
E agora que estamos em Quarentena, em estado de emergência ou de calamidade, é bom recordar estes tempos felizes e despreocupados, desejando que voltem rapidamente.
E quando as minhas preocupações com a minha saúde, ou com a minha vida me apoquentam, devido à ameaça viral, eu lembro-me sempre, que este ano, sei o que fiz no Verão passado!
BUENOS AIRES – 5 noites
Após ter estado “enlatado” numa classe económica mais de 12 horas, aterrar no Aeroporto Pistarini, foi um alívio. Manhã de 25/1, temperatura 34ºC. Fui imediatamente refrescar-me na piscina do hotel, terraço do prédio no coração do antigo e boémio bairro de San Telmo. Almoço, e altura de retemperar as forças com um “bife chorizo” e dar início ao recorrido pela cidade. Os dias que se seguiram tiveram esta rotina, tal como a ementa, onde fiz questão de experimentar o maior número de “cortes” das melhores carnes do Mundo, sempre acompanhados por um bom vinho. Além de carne, a Argentina é um paraíso vinícola, e de cerveja, dadas as inúmeras marcas e tipos diferentes. Caminhando até ao Obelisco de Buenos Aires, um ex-libris da cidade, no centro da Avenida mais larga do Mundo, a 9 de Julho, passando pela Praça Mayo, com a sua Catedral Metropolitana, onde o Papa Francisco exercia, a Casa Rosada,residência oficial do Presidente, cenário do filme “Evita”, o Congresso da Nação, cuja arquitetura é inspirada no Capitólio de Washinghton e acabando o dia em Puerto Madero, uma zona nova da cidade, com muitos bares e restaurantes. Assim começaram as minhas férias.
Cidade de conceção Europeia, alcunhada de Paris da América do Sul, devido ao predomínio da arquitetura colonial e ao modo de vida dos seus habitantes, aos palacetes e finos cafés com destaque para o “Tortini”, onde marquei presença na hora que vim ao Mundo, enormes avenidas, parque e jardins, bairros chiques como a Recoleta, onde jaz a eterna Evita Peron, um mausoléu que é local de romaria, e Palermo com os seus bosques e onde se situam os museus mais visitado da cidade, o Evita, o “MALBA” de Arte latino americana muito próximo do Museu Nacional de Belas artes, contrastam com outros bairros como “La Boca”, na zona portuária, cheio de casas coloridas, construídas em madeira e chapa de zinco, onde se situa “El Caminito”, a famosa rua museu que inspirou uma música do Tango.
O Tango diz-se ter nascido, num bordel, por esta parte do Mundo, na foz do Rio La Plata. É obrigatório assistir ao vivo a um espetáculo. Grandioso e de enorme orgulho nacional, pois os Argentinos amam a sua pátria e recebem de braços abertos quem a visita. O “Señor Tango” é considerada a melhor sala, convém reservar com antecedência. Com a orquestra a tocar “Por una cabeza” ou “La Comparsita” os bailarinos fazem brutais passes de dança fazendo as companheiras se parecerem com bonecas de borracha. E no final uma homenagem à eterna Evita Peron, ao som de “Não chores por mim, Argentina” com a bandeira nacional desfraldada e o público a aplaudir de pé.
A Opera também é parte desta cidade. Herança dos Europeus. O Teatro Colon encontra-se entre as 5 melhores casas de Opera do Mundo. Não só pelo seu reportório, tenores e sopranos, que constam dos cartazes, mas sobretudo pela acústica perfeita, o único “defeito” que Pavarotti lhe apontava. Um edifício projetado por Europeus e construído somente com materiais importados do “Velho continente”. A visita guiada ao seu interior impressiona, e mais que isso não pude fazer, pois a temporada ainda não se tinha iniciado.
O futebol também é rei, ou não se trate do país em que os adeptos são os mais fanáticos do Mundo. La Bombonera, casa do Boca Juniors, onde brilhou “El Pibe” Maradona, é de visita obrigatória, assim como o Estádio Monumental casa do seu eterno rival, o River Plate que trouxe ao nosso campeonato Saviola ou Aimar. Os dois maiores emblemas da cidade recebem milhares de visitantes por dia, que posam nos respetivos museus com os troféus conquistados, e também visitam as bancadas, balneários e terreno de jogo, onde os seus ídolos exercem a arte do desporto rei.Pela área metropolitana existem outros palcos de grandes equipas, como por exemplo o do Racing Avellaneda e o do Independiente que distam cerca de 100 metros. Ver futebol na Argentina, a menos que sejamos associados de um clube, é muito difícil, pois só estes têm possibilidade de comprar bilhetes. Por questões de segurança, aos jogos das competições nacionais não vão adeptos do clube de fora. Resta o mercado negro onde os turistas podem adquirir bilhetes. 60€ por exemplo para a Bombonera…
A Política também não falta. Basta ver muitos murais espalhados pela cidade. Um tema presente em qualquer conversa, ou não estejamos num país que tem na sua História as Guerras contra Espanha, pela sua independência, aliado com os seus vizinhos Chilenos, e depois contra estes por disputas territoriais, e muitas revoluções, a luta do Proletariado pelos direitos sociais, os “descamisados” que Evita Peron sempre apoiou e as crises de Dívida externa com intervenções do FMI.
Conheci uma cidade lindíssima, segura, fortemente policiada, de habitantes muito amáveis, atenciosos e muito acolhedores onde me tratei muito bem. Como eu compreendo um Brasileiro Paulista com quem falei numa esplanada: “quando cá venho, engordo sempre 4Kg”!!!
Quem visita a Argentina jamais esquecerá a simpatia dos seus habitantes e o sotaque Porteño. Buenos Aires me encantou, mas o melhor deste país ainda estava para vir…
Links Úteis:
Companhia aérea com a tarifa mais baixa, via Madrid, de Lisboa para Buenos Aires, aeroporto Pistarini. Atenção no regresso, que os autocarros para o aeroporto, transportes públicos citadinos, alguns demoram muitas horas a chegar. No regresso ia perdendo o avião. O que me valeu foi um passageiro que me viu aflito, já há umas duas horas de autocarro às voltas pela cidade e nunca mais chegava ao aeroporto, ajudou-me a sair e apanhar um taxi. » AQUI
Companhia aérea “low cost” que utilizei nas viagens para Puerto Iguazu e Ushuaia» AQUI
Alojamento:
O bairro de San Telmo é o mais aconselhado. Seguro, localização central e com bastantes locais para beber um copo. Este hotel tem piscina no terraço e foi com essa intenção que marquei.» AQUI
No regresso de Iguazu, dormi uma noite perto do aeroporto El Palomar (aeroporto para low cost) pois cheguei de noite e parti de manhã cedo para Ushuaia.
Fiquei alojado neste alojamento local, “El Palomar vuelo y descanso “. O proprietário contactou-me por whatsapp e nos encontramos no aeroporto. Correu tudo bem.» AQUI
A melhor casa de Tango de Buenos Aires, segundo um amigo médico Argentino. O espetáculo é grandioso. » AQUI
Segundo esse meu amigo Argentino, este é o melhor restaurante para comer carne. Fui lá no meu aniversário e confirmo que é top! » AQUI
Museu River Plate » AQUI
Museu Boca Juniors» AQUI
Museu Evita» AQUI
Museu Malba » AQUI
Teatro Colon» AQUI
Museu Nacional de Belas Artes» AQUI
Museu Histórico Nacional da Argentina» AQUI
PUERTO IGUAZU – 3 dias
Cidade fronteiriça onde confluem Argentina, Brasil e Paraguai, a 20 Km do Parque Nacional, das famosas cataratas que separam a Argentina do Brasil. Várias quedas de água, onde sobressai a Garganta do Diabo, com 150 metros de largura e 80 de altura. Como eu compreendo a esposa de Roosevelt quando ali esteve e exclamou “poor Niagara”…
Cenários imortalizados pelo filme “A Missão” que tão bem relata como Espanhóis e Portugueses, estes últimos com o Marquês de Pombal a mandar, dividiram entre si aquele território, expulsando os Índios Guarani e os missionários Jesuítas lá instalados. O que nós Europeus chamamos de Descobrimos, os Sul americanos chamam de extermínio e ocupação. Do lado Argentino a vista para as cataratas é muito maior e mais completa, mas tive muita pena de não ter visto do lado do Brasil. Precisaria de mais um dia…
Pela selva, percorrendo quilómetros de passadiços e trilhos, vendo ao perto quatis, macacos, tucanos, borboletas, aranhas e serpentes. O calor e a humidade são elevadíssimos, o suor encharca a roupa e as tempestades tropicais, “Toró de Verãozão” como dizem os Brasileiros, são frequentes.
CIDADE DEL ESTE (PARAGUAI) – ida e volta desde Iguazu
Desde Puerto Iguazu, é possível visitar Foz do Iguazu (lado Brasileiro) e daí a Cidade del Este no Paraguai. O serviço de autocarro, cuja viagem dura cerca de uma hora, com controlo fronteiriço na saída da Argentina, faz o percurso direto desde o terminal rodoviário de Puerto Iguazu, deixando os passageiros no lado Paraguaio passando a Ponte da Amizade que separa estes dois países (Brasil e Paraguai) não havendo mais controlos fronteiriços. É possível depois regressar ao Brasil, a pé pela Ponte da Amizade mas primeiro é necessário carimbar o passaporte com entrada e saída do Paraguai. Chegando ao lado Brasileiro, depois de carimbar novamente o passaporte, em Foz do Iguaçu, há um autocarro direto para a Argentina (Puerto Iguazu) com paragem no controlo fronteiriço deste país.
Uma “cidade dos duros” ao jeito dos nossos estereótipos sul americanos. Um paraíso de compras “tax free”, a capital mundial das falsificações e uma das capitais do contrabando, tráfico de drogas e de armas. Entramos num shopping e vemos pistolas à venda nas lojas, saímos cá para fora e vemos gente muito estranha à porta a abordarem-nos. A cidade gira à volta de uma grande avenida carregada de lojas, venda ambulante e diversas ruas transversais dedicadas ao comércio. Tem pouco interesse e não aparenta ser segura. Ali as fotos em que apareço, são apenas selfies. Infraestruturas degradadas e sujas e autocarros muito velhos. Um contraste perfeito com as outras cidades fronteiriças.
O que justifica dar um salto ao Paraguai, é a Usina Elétrica de Itaipu. A maior central hidroelétrica do mundo em produção de energia. Só perde em tamanho para a Barragem das 3 Gargantas da China, no entanto esta última não consegue produzir a quantidade de energia de acordo com o seu potencial. Em Itaipu é produzida 90% da energia elétrica do Paraguai, o que corresponde apenas a 15% da sua capacidade de produção. O resto alimenta uma ínfima parte do Brasil que é um país bem maior.
Acessível de autocarro de carreira, com destino a Hernandárias. Deixa-nos a poucos metro da entrada. A visita é gratuita. Depois de entrarmos num auditório onde nos é mostrado um filme (que pode ser visto no youtube, vide link abaixo) posteriormente somos transportados de autocarro fazendo um tour pelas instalações com paragem para fotos. O tour passa mesmo para o lado Brasileiro da usina.
Links Úteis:
Transfer Aeroporto – hotel (ida e volta) – atenção que não há carreiras regulares de autocarro – Pode ser marcado no guichet do terminal de chegadas » AQUI
Alojamento.
Fiquei neste hotel. Fica perto do Sítio das 3 fronteiras mas a cerca de 2Km do centro da cidade de Puerto Iguazu. A pé faz-se bem. Tem piscina e pequeno almoço. Perto, na Avenida 3 Fronteiras tem transporte direto ao parque Nacional de Iguazu e também ao terminal rodoviário » AQUI
Parque Nacional de Iguazu, onde se encontram as famosas cataratas.» AQUI
Usina hidroelétrica Itaipu – Paraguai» AQUI
Filme de apresentação da Usina Elétrica » AQUI
“FIM DO MUNDO” – TERRA DEL FUEGO – USHUAIA – 3 dias
Ushuaia, capital da Ilha da Terra do Fogo, com mais de 50.000 habitantes, é cidade mais austral do planeta. Em cada dia vivem-se as quatro estações do ano. A temperatura não sobe dos 16ºc. Aguaceiros alternam com céu limpo e nevoeiro. O vento frio é permanente. À noite a temperatura não chega a 5ºc e às 22 horas ainda é dia. As casas são coloridas e estão permanentemente com o aquecimento central, a gás, ligado. Por ser cercada de montanhas a norte, onde, no hemisfério sul, a incidência solar é maior, e sombria.
Visitando o Museu do fim do Mundo ficamos a saber algo desta zona isolada de tudo. A “Terra del fuego”, primeiro chamada “Terra de fumos”, cujo nome foi dado pelos primeiros marinheiros Europeus que cruzaram aqueles mares e ao longe viam fogo. Eram fogueiras que os nativos usavam para se aquecerem.
Dado o isolamento geográfico, cresceu à custa de uma colónia penal de onde fugir era impensável. Uma “Alcatraz” para onde eram enviados os piores criminosos. Ali viviam ao frio, em condições desumanas e obrigados a trabalhar na floresta, cortando e acartando troncos de árvores para aquecimento. Hoje é núcleo museológico, algumas celas permanecem como dantes e até é possível participar como prisioneiros numa experiência interativa, onde os carcereiros se encarregam de nos dar as “boas vindas”. Eles para ganhar a vida, também estavam isolados e longe da família…
O comboio onde os prisioneiros eram transportados para o trabalho, hoje por 30€ transporta turistas, percorrendo os 7Km que restam dessa linha, o “Tren del Fin del Mundo” com destino ao interior do Parque Nacional da Terra do Fogo. Lá dentro caminhando por longos trilhos, deparamos com paisagens surpreendentes, de rios, lagos e montanhas cuja neve no alto nunca derrete.
Navegando pelo Canal Beagle, a fronteira Marítima com o Chile, por diversas ilhas, que são habitat natural de pássaros, lobos marinhos, cormorões e pinguins, podemos observar ao perto o Farol “Les Eclaireurs”, e ao longe na Ilha Chilena de Navarino, Puerto Williams, o local habitado mais a sul do planeta. O desembarque na Estância de Haberton e o regresso de autocarro por estradas desérticas não alcatroadas, cercadas de montanhas, rios e lagos, é a melhor forma de acabar o dia no Fim do Mundo.
Ushuaia foi o local escolhido para o final do filme “The revenant” pelo facto da neve permanecer mais tempo. É possível visitar o local onde esse filme tem a cena final e a zona do hotel onde Di Caprio ficou hospedado.
Links Úteis:
Alojamento. Ushuaia tem época alta no Veráo e no Inverno. Este foi o local que encontrei e recomendo. Bastante em conta e com condições mínimas.» AQUI
Museu marítimo e presídio de Ushuaia » AQUI
Tours e transfers. Utilizei esta empresa. No transfer de e para o aeroporto (não há outra possibilidade) e para fazer um cruzeiro pelo canal Beagle. Para desembarcar na Estância de Haberton convém reservar com antecedência, pois o número de visitantes diários é limitado. » AQUI
Estância de Haberton » AQUI
Comboio do Fim do Mundo » AQUI
Parque nacional da Terra del Fuego – Visitei por minha conta. O bilhete do comboio é vendido em conjunto com a entrada, mas recomendo marcar um tour, pois no interior do parque nacional é necessário tomar transportes internos que custam cerca de 10 Dólares por percurso de cerca de 6Km. » AQUI
Museu do Fim do Mundo » AQUI
The Revenant, cena final » AQUI
EL CALAFATE e GLACIAR PERITO MORENO – 2 dias
A Patagónia, foi a última paragem. Um voo de 1 hora até “El Calafate”, cidade no meio do Deserto, a 80Km do Parque dos Nacional dos Glaciares, onde fica o famoso “Perito Moreno”. O nome homenageia Francisco Pascasio Moreno, cientista, um herói nacional, cujos seus estudos ajudaram a definir as fronteiras Chilena e Argentina pela via da paz. Observando tamanha beleza, podemos imaginar a grandeza deste senhor! De área igual à cidade de Buenos Aires, é possível observar ao perto, desde os passadiços do Parque Nacional ou dos barcos que percorrem o Lago Argentino, os seus 5Km de comprimento por 60m de altura. Uma estrutura natural, de cor branca e alguns tons de azul, que está em permanente mutação, com desprendimentos constantes que se podem ver e escutar, num cenário digno da Idade do gelo.
O Glaciarium é um local obrigatório para visitar. Acessível por transfer gratuito desde El Calafate, fica no meio do deserto da Patagónia, e é um centro interpretativo dos glaciares. Glaciares são grandes e espessas massas de gelo formadas em camadas sucessivas de neve compactada e recristalizada, de várias épocas, em regiões onde a acumulação de neve é superior ao degelo. Constituem o maior reservatório de água doce do planeta. Isto e muitas outras coisas poderemos aprender sobre estas maravilhas da natureza.
Na Patagónia o cordeiro é rei. O calafate, um arbustro. Quem provar as suas bagas pretas, um dia voltará! E foi a comer um gelado de calafate,que me despedi da Argentina. O Chile era o próximo destino durante a semana seguinte.
Links Úteis:
Transfer Aeroporto – hotel (ida e volta) – atenção que não há carreiras regulares de autocarro – Pode ser marcado no guichet do terminal de chegadas » AQUI
Companhia aérea nacional Argentina, que utilizei de Ushuaia para El Calafate » AQUI
Parque nacional dos Glaciares onde fica Perito Moreno » AQUI
Parque Nacional dos Glaciares (onde fica o Glaciar Perito Moreno) » AQUI
Hostel Yeah, local onde fiquei alojado. Económico e minimamente razoável a cerca de 1Km do centro da cidade. » AQUI
Tour ao glaciar Perito Moreno » AQUI
Autocarros de carreira, El Calafate-Puerto Natales (Chile) » AQUI
Reserva de Bilhetes para Bus, Ferry ou Comboio: Aqui
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