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21 Fev

ALJUSTREL: UM ANIVERSÁRIO NAS MINAS

 

Aljustrel: um aniversário nas minas

Texto & Fotos de Mário Menezes

 

De Aljustrel apenas conhecia a área de serviço da Autoestrada A2 quando viajava pela Rede Expressos entre Lisboa e Albufeira. É uma paragem habitual de 10 a 15 minutos, para o motorista cumprir os tempos de descanso e os passageiros saírem um pouco para esticarem as pernas. Normalmente passo essas viagens a dormir e quando acordo pergunto qual é a área de serviço: ALJUSTREL normalmente alguém informa.

 

O Alentejo tem sido por mim dezenas de vezes atravessado, sobretudo a caminho do Algarve, mas ultimamente tem sido um local, que de passagem ou não, tenho tido curiosidade de conhecer melhor. Depois de tantos aniversários passados a viajar no estrangeiro, a pandemia fez-me abruptamente quebrar esse ciclo. O que é certo é que já foram três aniversários que comemorei a passear pelo Alentejo!

 

A escolha para passar parte do dia do meu 49º aniversário foi Aljustrel. Esta pequena vila, cujo nome deriva da língua árabe, palavra composta por aglutinação de “Al” com “gestrel”, que significa “campo de giestas”, localiza-se sensivelmente a meio caminho entre Lisboa e Albufeira, sendo sede de um município que possui cerca de 8 mil habitantes. É uma pequena vila que rapidamente se percorre caminhando, as suas ruas com o casario onde o branco predomina, possuindo numa das colinas, a norte, a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, e na outra, a sul, o Moinho do Maralhas. Colinas de onde se pode desfrutar de vistas panorâmicas sobre a vila e sua envolvente, paisagem tipicamente alentejana. A vila nas suas redondezas possui passadiços e trilhos onde é possível efetuar algumas caminhadas e conhecer melhor as suas redondezas.

 

Contudo, Aljustrel está a atrair cada vez mais visitantes, não pelas ruas da vila em si, longe dos encantos monumentais de Évora, Serpa, ou Sines, mas pelo seu património de indústria extrativa. O Parque Mineiro de Aljustrel é um local de grande afluxo turístico, sendo necessário marcar antecipadamente as visitas.

 

Percurso pela galeria

 

Percurso pela galeria, as cores das paredes

 

Percurso pela galeria, as cores das paredes

 

Percurso pela galeria, a vagonete

 

Percurso pela galeria da mina

 

Percurso pela galeria da mina, imagem de Santa Bárbara protetora dos mineiros

 

Percurso pela galeria da mina, explosivos (reconstrução do que se fazia)

 

Percurso pela galeria da mina, explosivos (reconstrução do que se fazia)

 

Percurso pela galeria da mina, explosivos (reconstrução do que se fazia)

 

Percurso pela galeria da mina, estalactites de Melanterite

 

Percurso pela galeria da mina

 

Imediações da mina

 

Igreja de Nossa Senhora do Castelo

 

Comboio histórico, antiga locomotiva das minas

 

Aljustrel localiza-se em plena Faixa Piritosa Ibérica, uma zona geográfica do sul da Península Ibérica com cerca de 300 km de comprimento e 30 a 60 km de largura, desenvolvendo-se desde Alcácer do Sal até Sevilha, sendo uma das mais ricas zonas de minérios metálicos a nível mundial. Cobre, zinco, chumbo e mesmo metais preciosos como o ouro e a prata podem ser encontrados no seu subsolo. A atividade de mineração na zona de Aljustrel remonta a finais do terceiro milénio A.C., tendo havido um aumento significativo durante o período de Ocupação Romana. Mais tarde, já em meados do século XIX, a atividade começou a surgir em larga escala. A empresa “Companhia de Mineração Transtagana”, foi criada, sendo mais tarde substituída pela “Société Anonyme Belge des Mines d’Aljustrel” que foi responsável pelo grande desenvolvimento das minas e da própria vila, construído bairros operários, escolas e hospitais. Na primeira metade do século XX, as duas guerras mundiais, as lutas laborais na década de 1920 e a queda nos preços do cobre na década de 1930, tiveram impacto direto na produção. A partir da II Guerra Mundial assistiu-se a um grande crescimento, atingindo o pico de produção na década de 1960, período em que se desenvolveu um complexo industrial para transformação dos produtos das minas. A concessão foi quase totalmente nacionalizada em 1975, o governo pretendia expandir a produção e construir infraestruturas de transformação do minério, o que acabou por ficar aquém das expectativas, sendo apenas construídas uma Lavaria industrial (instalação de lavagem de minério) e o Ramal das Pirites Alentejanas, concluídos em 1991. As minas de Aljustrel entraram em crise devido à queda dos preços dos metais, acabando por encerrar em 1993. A exploração foi retomada em 2008, tendo o grupo internacional “Lunding Mining” adquirido as minas, acabando por vender a concessão à empresa “Almina” atual exploradora.

 

Moinho do Maralhas

 

mapa da Faixa Piritosa Ibérica

 

Malacate Vipasca, junto da entrada de visitantes

 

Malacate Viana, junto do Centro de Receção de visitantes

 

Malacate moderno e atual, que leva os visitantes ao subsolo

 

Malacate moderno e atual, que leva os visitantes ao subsolo, pormenor do poço

 

O ponto alto de uma ida a Aljustrel é percorrer os cerca de 400 metros visitáveis, da galeria da mina, a tal já desativada. A visita é guiada pelo staff afeto ao município, duas técnicas bastante disponíveis e bem informadas. O ponto de encontro é o Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, localizado junto a um dos poços de descida ao fundo da mina, onde pode ser visto um dos malacates, assim se chamam os elevadores que dão acesso ao fundo das minas, portanto ao subsolo, este chamado de Malacate Viana. O outro, o Malacate Vipasca situa-se junto da entrada, para onde os visitantes são encaminhados para iniciar a visita. Malacates desativados, devido à sua força motriz ser gerada máquinas a vapor, agora substituídos por modernos, providos de sistemas acionados por motores elétricos tal como os elevadores que existem nos edifícios. Descendo ao subsolo, o percurso pela galeria é feito em dois sentidos, sendo um deles em direção à saída para o exterior, tal como faziam os vagões que transportavam o minério extraído no interior.

Durante o percurso pela galeria, podemos observar uma exposição de fotografia e diversos elementos multimédia relativos aos tempos em que de centenas de mineiros que ali trabalhavam e a sua jornada laboral. Nestas visitas não podemos esquecer as condições de trabalho ao longo dos tempos, os riscos para a segurança e saúde e os equipamentos de proteção individual utilizados. Durante o percurso pela galeria a figura do “Zé Mineiro” explica-nos isso num vídeo apresentado, bem como o Hino do Mineiros de Aljustrel, um cante alentejano interpretado pelo Grupo Coral do Sindicato Mineiro de Aljustrel que ouviremos várias vezes ao longo da visita. No interior não poderia faltar a imagem de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, a tal que nos lembramos somente quando troveja. A estalactite formada pelo arrastamento de água é impossível não reparar, destacam-se pela forma e pelas cores que lhe são conferidas pela sua composição química. Por exemplo, melanterite, que é de cor azul, é composto químico cuja fórmula é FeSO₄7H₂O, uma forma mineral de sulfato de ferro hidratado, e a calcatina, de cor azul-esverdeada, composto químico cuja fórmula é CuSO₄5H₂O, sendo formado pela oxidação dos depósitos de cobre. A vagonete, os explosivos (apenas uma reconstrução…) também lá estão presentes bem como uma galeria onde acedemos de escadote e poderemos observar quão confinado era o espaço para trabalhar!

No final a visita à Exposição permanente presente no Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro completa da melhor forma a nossa passagem pelo Parque Mineiro.  Aí poderemos aprender mais acerca desta atividade, sua importância histórica e patrimonial de Aljustrel.

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro, exposição

 

Centro de Receção e Acolhimento do Parque Mineiro

 

O dia era de aniversário e não poderia faltar um almoço de um belo cozido de grão e uma encharcada alentejana de sobremesa no Cabecinha e em seguida, no caminho do Algarve uma paragem na Adega Fontes Bárbaras em Entradas, no concelho vizinho, de Castro Verde, onde abasteci o carro com umas belas garrafas, afinal o Alentejo é um paraíso vinícola…

 

Almoço de aniversário com a minha mãe no Restaurante Marisqueira ´O Cabecinha´

 

Encharcada Alentejana, especialidade regional

 

Cozido de grão, especialidade regional

 

Aljustrel vista desde a Colina Sul

 

Aljustrel vista desde a Colina Sul

 

Aljustrel vista desde a Colina Sul

 

Aljustrel vista desde a Colina Sul

 

Aljustrel vista desde a Colina Norte

 

Aljustrel vista desde a Colina Norte

 

Aljustrel vista desde a Colina Norte

 

Aljustrel vista desde a Colina Norte

 

Aljustrel vista desde a Colina Norte

 

Adega Fontes Bárbaras, Entradas, concelho de Castro Verde

 

Resta afirmar que após visitar Aljustrel, postei no grupo do Facebook dos Amantes de viagens as fotos da minha visita, tendo recebido comentários muito interessantes de pessoas cujos familiares escreveram história por esses lados e é a eles que dedico esta crónica de viagem!

 

Visitante aniversariante!

 

Souvenir de Aljustrel, azulejo

 

Saída da galeria da mina, final da visita

 

Saída da galeria da mina, final da visita

 

 

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Chamo-me João Almeida, moro em Sintra (Portugal), e sou um AMANTE DE VIAGENS. Uma paixão que existe faz longos anos. A minha missão com esta página é de ajudá-lo a realizar o seu próximo destino! Saiba mais sobre mim e sobre o site.

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