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22 Set

OLIVENÇA É NOSSA? TALVEZ SIM, TALVEZ NÃO…

 

Olivença é nossa? Talvez sim, talvez não…

Texto & Fotos de Mário Menezes

 

Viajar pode muito bem ser a melhor prenda de aniversário. Dos 30 aos 45 foi um modo de vida, abruptamente interrompido pela pandemia. O 46º aniversário, passado em pleno Estado de Emergência, só não fiquei circunscrito à minha habitação e ao teletrabalho, devido ao serviço no exterior que a minha profissão obriga a fazer, e deste modo sair de casa acabou por ser um alívio. No ano seguinte, decidi não viajar de avião para o estrangeiro, adiando esses planos para Outubro, e mesmo vacinado com duas doses, evitei assim o risco de contrair COVID longe de casa, o que seria a melhor forma de transformar umas férias de sonho num pesadelo. Assim, dar um passeio pelo Alentejo de carro com a minha mãe acabou por ser a opção.

 

Passagem por Alconchel no caminho para Olivença

 

Olivença, Praça de Santa Maria , escultura Dança Regional

 

Da nova Aldeia da Luz, localidade raiana, a escassos quilómetros da fronteira com Espanha, facilmente consegui satisfazer o capricho de passar no estrangeiro o meu dia de aniversário, pelo menos em parte. Olivença foi o destino, a cerca de 60Km, a última paragem de um dia invernal onde ainda consegui chegar com luz do sol.

 

Olivença, Igreja de Santa Maria Madalena

 

Olivença

 

A cidade de Olivença poderia muito bem ser território Português, um exclave em solo Espanhol, à semelhança de outros que existem pelo Mundo fora, por exemplo nos Países Baixos, onde existem territórios Belgas, ou em França, a cidade Espanhola de Llívia.

Ao longo da História as fronteiras entre Portugal e Espanha, entre as mais antigas da Europa, foram sendo definidas. Tudo começou nos tempos em que os Árabes invadiram a Península e foram sendo expulsos. A linha de fronteira entre os dois países não é reta, apesar de Portugal ser apelidado de “O Retângulo”. As batalhas com os Árabes foram sendo travadas e feitos diversos tratados com Espanha, ou com os reinos que vieram a formar esse país, ao longo dos anos. Espanhóis e Portugueses, apesar de hoje se considerarem como “nuestros hermanos”, ao longo dos anos tiveram as suas quezílias, por exemplo, ninguém esquece que durante cerca de 60 anos Portugal foi dominado por Espanha, a Dinastia dos Filipes que teve o seu fim com a revolução de 1 de Dezembro de 1640. A Restauração da Independência que enche de orgulho muitos Portugueses patriotas, mas que muitos atualmente questionam que foi um passo atrás no desenvolvimento de Portugal.

 

Olivença, Castelo

 

Olivença, Castelo

 

Olivença, Castelo

 

Olivença, Castelo

 

Olivença, Castelo

 

A origem de Olivença está ligada à reconquista Cristã da região fronteiriça junto a Elvas, pelos Templários idos do Reino de Portugal, por volta do ano de 1230. Nesse território a Ordem criou a “Comenda de Oliventia”, erigindo um templo a Santa Maria e levantando um castelo. No final desse século, pelo Tratado de Alcanizes, assinado em 1297 entre o Rei D. Dinis e Fernando IV de Castela, Olivença seria formalmente incorporada em Portugal juntamente com Campo Maior, Ouguela e os territórios de Riba-Côa. D. Dinis elevou a antiga povoação à categoria de vila, outorgando-lhe foral em 1298, determinou a reconstrução da fortificação templária e impulsionou o seu povoamento. Nesse mesmo ano D. Dinis iniciou a reconstrução das primitivas defesas dos Templários, ampliando a cerca da vila que, com planta quadrada passou a ser amparada por quatorze torres. Os trabalhos prosseguiram até 1335, já no reinado de D. Afonso IV, que os completou com a construção da Alcáçova em seu interior, no vértice a Norte. Os seus sucessores reforçaram sucessivamente a posição estratégica de Olivença, concedendo privilégios e regalias aos moradores e realizando importantes obras defensivas.

 

Olivença, Praça de Santa Maria

 

Olivença, centro histórico

 

Em 1488 D. João II levantou a torre de menagem que, com 35 metros de altura, faziam dela a torre mais alta do Reino. O topo da torre era acedido por dezassete rampas que permitiam o acesso de peças de artilharia. Em 1509, D. Manuel, visando assegurar as comunicações entre as tropas Portuguesas nas duas margens, inicia a construção de uma soberba ponte fortificada sobre o Guadiana, a Ponte da Ajuda, com 19 arcos e tabuleiro de 450 metros de extensão.  O século XVIII inicia-se com um novo conflito, a Guerra de Sucessão de Espanha o que causou a destruição dessa ponte. A posição de Olivença tornou-se assim vulnerável. Em 20 de Janeiro de 1801, Espanha concertada com a França Napoleónica, sem qualquer pretexto ou motivo válido, declara guerra a Portugal e, em 20 de Maio, invade o nosso território, ocupando grande parte do Alto-Alentejo, a chamada “Guerra das Laranjas”. As tropas espanholas cercam e tomam Olivença. Portugal, vencido às exigências de Napoleão e de Carlos IV, entregou Olivença a Espanha. Com os exércitos franceses e espanhóis a ameaçarem aumentar as ações de força contra o seu território, Portugal foi forçado a assinar o Tratado de Badajoz.  Este tratado estipulava também que a violação de qualquer um dos seus artigos, por qualquer uma das partes contratantes, conduziria à sua anulação, o que veio a suceder aquando da assinatura do Tratado de Fontainebleau em 27 de Outubro de 1807 e subsequente invasão franco-espanhola de Portugal. O Príncipe-regente, ao chegar ao Brasil, declarou nulo o diploma de Badajoz a 1 de Maio de 1808.

 

Olivença, centro histórico

 

Findas as Guerras Napoleónicas, reuniu-se, com a participação de Portugal e Espanha, o Congresso de Viena, concluído em 9 de Junho de 1815 com a assinatura da Acta Final pelos plenipotenciários, entre eles Metternich, Talleyrand e D. Pedro de Sousa Holstein, futuro Duque de Palmela. O Congresso retirou formalmente qualquer força jurídica aos anteriores tratados que contradissesse a Nova Carta Europeia. Foi o caso do Tratado de Badajoz. E consagrou, solenemente, a ilegitimidade da retenção de Olivença por Espanha, reconhecendo os direitos de Portugal.  Passados tantos anos, anos, Espanha não deu seguimento àquilo com que se comprometeu, e jamais devolveu Olivença a Portugal…

 

Olivença, Praça de Espanha

 

Olivença

 

Um curto passeio a pé pelo centro da cidade de Olivença, foi a forma de terminar em beleza o dia do meu 47 ºaniversário, antes de regressar a casa. A Avenida Portugal e a Praça de Espanha, onde a calçada Portuguesa está presente, marcam a entrada no centro histórico. O seu Castelo com a famosa torre da Menagem e a muralha medieval, a Igreja de Santa Maria Madalena, são alguns dos locais que facilmente se acendem.

E foi posando com a escultura “Dança regional” que existe na Praça de Santa Maria que me despedi de Olivença, não sem antes passar por uma loja e comprar uns produtos regionais, uns enchidos e uma garrafa de vinho. Ainda dei dois dedos de conversa com as logistas, muito simpáticas à semelhança da generalidade dos Espanhóis. Disse que era português, que era o meu aniversário e que já o tinha comemorado por vários países do Mundo e de momento estava em Olivença, que em Portugal dizem que é nosso. Perguntei-lhes se eram Portuguesas ou Espanholas e se querem ser Portugueses. Elas riram e responderam, “feliz cumpleaños, pero no somos portugueses, nosotros estamos en España“. Elas lá terão as suas razões…

 

 

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