Suíça: Zurique, Basileia e Genebra
Texto & Fotos de Mário Menezes
A Suíça teve em 1848 a data da sua fundação, mas a sua história remonta ao período anterior ao do Império Romano, em 500 a.C, altura em que muitas tribos celtas estavam localizadas nos territórios do centro norte da Europa. A mais importante era a dos helvéticos, nome que iria originar a antiga designação do país conhecido também como Confederação Helvética, conforme vemos “CH” nas matrículas suíças dos automóveis.
Atualmente a Suíça é associada à produção de chocolates, de canivetes, de relógios, mas tem no setor dos serviços a sua principal atividade económica, a banca, nomeadamente o sigilo bancário que é o seu maior negócio. Os salários praticados no país são dos mais altos do mundo, sendo 3.000 CHF (Franco Suíço a moeda que tem atualmente o mesmo valor do Euro) tido como o vencimento de um trabalhador da classe média baixa. O custo de vida é altíssimo, sobretudo da alimentação, por exemplo, um doner kebab no prato custa cerca de 25 CHF. O país situa-se numa encruzilhada de linhas férreas, auto estradas e também de rotas aéreas internacionais, com algumas companhias low cost, a Easyjet em clara evidência com voos diretos para Portugal. Viajar de avião de Lisboa para a Suíça, custou-me praticamente o mesmo que um menu “Big Mac” vendido por lá!
Conhecer melhor a Suíça é um dos meus objetivos. Trata-se de um dos países mais belos e pitorescos. As três vezes que tive oportunidade de passar pela Suíça, foram no regresso ou de passagem para outros locais, tendo assim a oportunidade de visitar as 3 maiores cidades: Zurique, Basileia e Genebra. Qualquer uma delas, em algumas horas conseguimos, praticamente sem utilizar transportes públicos, percorrer os seus pontos principais. A ideia que tenho do país é que as cidades devem ser o seu parente pobre, sendo a natureza, nomeadamente as montanhas e os lagos, os seus pontos mais importantes. “Grão a grão enche a galinha o papo” e com mais curtas escapadelas será possível conhecer melhor o país.
No passado mês de março, Zurique foi o meu destino de uma escapadela de fim de semana, juntamente com o Liechtenstein. Em Zurique passei a tarde de Sábado e o final de tarde de Domingo. Serviu perfeitamente para ter uma ideia bem formada da cidade. O percurso desde o moderno Aeroporto de Zurique, o maior e mais movimentado do país, onde aterrei, até ao centro da cidade faz-se de comboio, tal como a maior parte das deslocações pelo país, viagens que proporcionam observar lindíssimas paisagens fazendo lembrar-nos os anúncios dos chocolates Nestlé que víamos em criança nas TVs. SBB é companhia ferroviária nacional, o custo das viagens é altíssimo, mas com antecedência conseguem-se preços mais em conta. Desde a estação central de Zurique facilmente caminhando percorremos as principais ruas da cidade, por Altstadt, o centro histórico, banhadas pelo Rio Limmat, que desagua ali perto, no Lago Zurich sendo atravessado por várias pontes, a Münsterbrücke é a mais importante. De uma das margens podemos subir no Polyban um funicular, e aceder ao Polyterrasse, um dos miradouros que nos proporcionam uma belíssima panorâmica da cidade. Do lado contrário existe outro miradouro na Colina Lindenhof, onde existiu um castelo romano, tendo sido desse ponto que a cidade se expandiu. A Religião está intrinsecamente ligada à história da cidade, pelo que na paisagem destacam-se vários templos religiosos, sobretudo pelos seus telhados pontiagudos, como é o caso da Igreja Fraumünster ou a St Peter Kirche (Igreja de São Pedro). A Grossmünster (Grande Sé) é tida como a mais importante da cidade, pois diz a lenda que foi construída sobre os túmulos dos santos padroeiros da cidade, São Félix e São Regula, executados pelos Romanos.
Das várias personalidades que escolheram Zurique para viver, podemos citar Albert Einstein e Vladimir Ilyich Ulianov, conhecido pelo seu pseudónimo, Lenin. A casa onde vivia juntamente com a sua mulher, Nadezhda Krupskaya, localiza-se no número 14 da Spiegelgasse. O casal chegou a Berna em 1914, com um pedido de exílio político, já tendo vivido em Genebra. Em fevereiro de 1916 mudaram-se de Berna para Zurique, onde os sociais-democratas tinham ideias mais radicais, e ali viveram cerca de um ano. Regressou em fevereiro de 1917, de comboio com destino a Petrogrado, atual São Petersburgo, para fazer a Revolução Bolchevique. Enquanto viveu em Zurique, de noite pelos pubs, participava em reuniões do Partido Social Democrata, tentando recrutar seguidores e espalhava as suas ideias revolucionárias, pois pretendia criar um Movimento Marxista Internacional, enquanto de dia trabalhava na Biblioteca da cidade escrevendo a sua obra “O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”.
A oferta cultural de Zurique é bastante rica, existem diversos museus na cidade, e quem pretender aprender mais sobre a história deste país, poderá visitar o Museu Nacional. Lá encontra-se, por exemplo, exposta a secretária onde Lenin trabalhava e escreveu a sua obra. Existem na cidade vários teatros, onde se destaca a Operahaus, o edifício da ópera localizado nas margens do Lago Zurich.
O nome FIFA dispensa apresentações, a autoridade máxima que regula o futebol mundial é sediada em Zurique. Visitar o Museu FIFA é obrigatório para qualquer adepto do maior espetáculo do mundo, que sentir-se-á no paraíso ao entrar num museu desta natureza. Dos mais de mil objetos expostos destaca-se a Taça do Mundo, e todos cremos que é mesmo a original. O tal que veio substituir a Taça Jules Rimet que se encontra uma réplica exposta em Manchester, no Museu Nacional do Futebol, pois o troféu original foi roubado no Brasil em 1983 e nunca foi recuperado. Assim a FIFA tem enormes medidas de segurança em relação ao atual troféu, constando-se mesmo que no Qatar, Messi ergueu uma réplica quando em dezembro de 2022 festejava a conquista do título de campeão do mundo pelo seu país.
O resto da exposição trata da evolução do futebol, desde os seus primórdios, as regras que se foram adaptando e modificando, note-se que o jogo de hoje nada tem a ver com o que se jogava no século XIX. Possui várias relíquias que deixam qualquer adepto de futebol pasmado. Por exemplo, o cartão amarelo que foi mostrado a Paul Gascoigne em 1990 e que o fez chorar, o cartaz de agradecimento ao país, que a seleção do Japão deixou em 2018 no balneário depois de o limpar, diversos equipamentos e bolas utilizadas nesses jogos, vários troféus de competições internacionais de clubes e seleções.
Na altura estava presente uma exposição temporária sobre Paolo Rossi, recentemente desaparecido. Avançado italiano, melhor marcador do Mundial de 1982, até então desconhecido, tinha estado suspenso durante muito tempo devido a envolvimento em manipulação de resultados. Foi ele que destruiu o Escrete, a seleção brasileira cheia de estrelas que jogava imenso, com 3 golos marcados. Assistir a esse momento como se estivesse no estádio, usando um capacete de realidade virtual, e posar com as suas botas que mudaram para sempre a história, foi dos momentos mais altos ali passados. Visitar o Museu FIFA foi o momento mais alto desta viagem.
Em tempos em que viajava no meu aniversário a minha passagem por Basileia ocorreu em Janeiro de 2011, no início de uma viagem pela Europa, a caminho de Hamburgo para onde parti ao início da tarde do dia seguinte. O tempo para visitar Basileia foi somente parte da noite da chegada e da manhã do dia seguinte.
Basileia é considerada a capital cultural da Suíça, pois a mesma alberga um conjunto de museus importantes. A cidade é banhada pelo Rio Reno, colocando a Suíça na confluência com outros dois países: Alemanha e França. Curioso que o aeroporto que a serve, chamado de EuroAirport Basel-Mulhouse-Freiburg fica em solo francês! Basileia possui portanto arredores nos 3 países.
O Dreiländereck assim chamado em alemão, a língua oficial, tal como em Zurique, falada naquela parte da Suíça, é o nome do monumento colocado junto ao Rio Reno, que marca a junção desses 3 países, sendo esse ponto exato de junção no meio da água. É normal no Verão, os amantes da natureza ali fazerem piqueniques e sentarem-se à beira do rio para apreciarem a vista tranquila e a passagem do tráfego fluvial que é bastante intenso pois trata-se de um ponto de trânsito estratégico de muitas trocas comerciais de matérias-primas. Estando em Basileia, é possível fazer um passeio a pé e visitar três países em pouco tempo. Caminhando cerca de 2 km desde o Dreiländerec, passamos a fronteira de Weil am Rhein Grenze para a Alemanha e depois caminhando mais 500 m cruzamos a Ponte dos Três Países e chegamos a França! Esse passeio marcou a minha chegada! O Dreiländereck é um símbolo geográfico e um monumento pela paz pelo que nunca é demais referir numa altura em que uma parte da Europa se encontra em guerra.
Basileia é um ponto de partida para conhecer a Suíça, mas também a região Francesa da Alsácia e o estado federal Alemão de Baden-Württemberg.
Por Genebra tive em janeiro de 2010, uma passagem temporal idêntica à de Basileia. Aterrei no Geneva Airport que possui uma parte em território francês, ao início de noite vindo de Budapeste e no dia seguinte ao início da tarde, daí, regressei a casa, concluindo uma viagem pela Europa.
Genebra fica junto à fronteira com a França, fazendo parte das regiões suíças em que o Francês é língua oficial. É uma cidade onde encontramos Portugueses por todo o lado. Caixa Geral de Depósitos e Banco BPI tinham por lá sucursais e até os seus funcionários eram portugueses! A cidade é banhada pelo Lago Léman de onde emerge uma famosa fonte, o Jet d’eau. A minha estada na cidade resumiu-se a passear pelas margens do lago e pelas ruas circundantes. Ainda deu tempo de passar pela loja da Victorinox uma marca Suíça famosa em todo o mundo, no entanto se lá forem não comprem roupa, nomeadamente camisas, são de péssima qualidade! Como diz o povo, “cria fama e deita-te na cama”…
Genebra é uma linda cidade e pela sua localização geográfica é um ponto de partida para explorar grande parte da Suíça e também Chamonix-Mont-Blanc em França.
A Genebra voltei em Dezembro de 2023, na companhia de dois Amantes de viagens, grandes colaboradores do site AMANTES DE VIAGENS que têm levado muitas crónicas de viagens pelo Mundo, aos quatro cantos do mundo: o João Almeida e o António José Ribeiro, num fim de semana memorável que incluiu Annecy (França), belíssima cidade, sendo Genebra o ponto de partida para a explorar, bastando viajar cerca de 40 Km de autocarro (FLIXBUS por exemplo) .
Aproveitamos a tarde do dia de Sábado para passear junto às margens do Lago Léman, onde funcionava um mercado de Natal e também pelo centro histórico da cidade. Nessa parte encontram-se as grandes lojas de artigos de luxo, diversos edifícios governamentais e museus, com destaque para o Museu de Arte e História, que conjuntamente com o Museu das Belas Artes de Basileia e o Museu das Belas Artes de Zurique possui uma das principais coleções suíças de arte da época do Renascimento até aos nossos dias. Sobressai pelo seu edifício tal como a Catedral de São Pedro, construída entre 1150 a 1250, uma igreja da religião Protestante desde 1535, sendo até aí da religião Católica. No seu interior além dos famoso órgão, os vitrais e as pinturas chamaram particularmente a atenção do João Almeida que não se fartou de as fotografar. A fachada principal fica de frente para o Terrasse Agrippa-d’Aubigné.
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