A Polónia, anticomunista e antissoviética, industrial e desindustrializada, e de Copérnico
Texto & Fotos de Mário Menezes
Mas que país encantador é a Polónia! Doze anos após a última estada, reforcei as minhas ideias acerca do mesmo. Regressei há pouco de uma terceira visita ao país, uma curta escapadela e já anseio por voltar novamente, pois ainda tem imenso para oferecer.
A Varsóvia, Cracóvia, Auschwitz, Wieliczka, Gdańsk, Gdynia, Sopot e Poznań, juntei agora Wrocław, Łódź, Toruń e Bydgoszcz. A riquíssima história deste país, o sofrimento que lhe foi imposto por guerras e invasões é tão grande, a sua herança científica e cultural tão vasta que posso agrupar em temas o que me proponho a escrever sobre as minhas visitas. A Polónia é “de Chopin, de João Paulo II, de Lech Wałęsa e do Holocausto” mas também é “anticomunista e antissoviética, industrial e desindustrializada e de Copérnico” e também de muito mais!
A Polónia entrou na União Europeia em Maio de 2004, sendo tido como um país pobre, desfavorecido e pouco desenvolvido, alcunhado como sendo do “Leste Europeu” apresenta uma enormíssima evolução, notando-se ao nível das infraestruturas, os transportes, com estas cidades secundárias que visitei recentemente, sendo servidas por modernos autocarros e elétricos rápidos, onde é possível adquirir os títulos de transporte de forma automática e eletrónica, auto estradas, rede ferroviária modernizada com estações amplas e funcionais, auto estradas e modernos aeroportos internacionais. Os números falam por si, e infelizmente para nós que entramos na União Europeia quase duas décadas antes, constatamos impávidos e serenos, às evidências que a Polónia, em muitos aspetos da Economia e da sociedade já nos ultrapassou.
Voltei a viajar para a Polónia em finais de janeiro de 2024. Curiosamente desta vez, o Inverno Polaco em nada se comparava ao que vivi 12 anos antes. Agora com temperaturas entre 4º e 10ºc, positivos, outrora chegaram a 18ºc, mas negativos!
Aqui fica o percurso feito ao longo destes 5 dias.
WROCŁAW (BRESLÁVIA) – 2 dias/2 noites
Nome mais difícil de pronunciar do que escrever, pelo que podemos usar Breslávia, que é o nome em português, que deriva de Breslau, nome em Alemão. Como sabemos, Alemães e Polacos cruzaram-se por estes lados e disputaram territórios!
A sua História remonta ao século X, mas foram os tempos da Revolução Industrial que a fizeram crescer. Atualmente é a 4ª maior cidade do país, com uma população de cerca de 600 mil habitantes. Tal como a sua região, a Silésia, da qual é capital, pertenceu ao Reino da Polónia, ao Reino da Boémia (atual Chéquia), à Áustria, à Prússia que deu origem ao Império Alemão, e desde 1945 é território polaco. A Alemanha no final da I Guerra Mundial perdeu este território, Hitler, não se conformou e invadiu a Polónia em 1939, mas já bem antes, os habitantes da cidade eram apoiantes do Partido Nazista. Daí o anticomunista que o título refere…
Esta linda cidade banhada pelo Rio Oder e por vários canais formados pelo mesmo, é por isso alcunhada de “Veneza Polaca”, possuindo mais de 100 pontes e 21 ilhas! Passeando pelas suas ruas, encontramos pequenos bonecos, pequenas estátuas, os Gnomos. Existem centenas dessas simpáticas criaturas, cuja existência tem uma razão bem forte. Pomarańczowa Alternatywa (Alternativa Laranja) foi um movimento anticomunista nascido na cidade na década de 1980, através de um grupo de estudantes de Artes. Em tempos de Repressão do Antigo Regime o grupo começou a pintar gnomos sempre que a polícia apagava das paredes qualquer peça de arte ou slogan com conotação antirregime. Depressa os gnomos se multiplicaram por Wrocław, e por outras cidades, ganhando estatuto de símbolo de resistência. As primeiras esculturas surgiram em 2001, como tributo à história de protesto da Pomarańczowa Alternatywa tornando-se populares pela cidade, sendo inclusivamente um souvenir tradicional. Além dos gnomos também encontramos memoriais espalhados pela cidade, às vítimas da Repressão do Regime Soviético, com ligações à História e cultura polaca, como por exemplo Natalia Gorbaniewska, Natalya Gorbanevskaya em Russo transliterado, poeta, tradutora de literatura polaca e ativista dos direitos civis na Rússia que cumpriu pena de prisão num hospital psiquiátrico em Kazan. Daí o anticomunista que o título refere…
O ponto mais alto da visita a Wrocław é sem dúvida o Raclawice Panorama. Trata-se de um edifício que alberga uma pintura de 360º, medindo 15 m de altura e 120 m de comprimento e retrata cenas da Batalha de Racławice, levada a cabo perto da aldeia de Racławice, em 4 de abril de 1794. Um exército de milícias populares, constituído por camponeses e comandado por Tadeusz Kosciuszko derrotou o todo-poderoso Exército Vermelho, tempos em que a Rússia já disputava territórios noutros países e impunha neles o seu domínio. A pintura foi idealizada por Jan Styka, que nasceu em Lviv (atualmente uma cidade da Ucrânia) e pintada em conjunto com Wojciech Kossak ao longo de 9 meses. A obra foi pintada em Lviv, tendo sido permanentemente movida para Wrocław após a II Guerra Mundial. Foi durante o domínio Soviético considerado um objeto sob censura, logo encontrava-se vedado o acesso de público, o que só deixou de acontecer em 1985. Dada a obra se encontrar dentro de uma estrutura circular, permite ser observada do centro e apresenta diferentes cenas que são visíveis de diferentes ângulos, sendo a visita acompanhada por áudio guia em diversas línguas. O edifício possui um centro interpretativo com uma exposição interativa sobre a Batalha de Racławice e sobre a obra de Jan Styka. É provavelmente a pintura mais importante do país e que evidencia o orgulho nacional do povo polaco! O Racławice Panorama entrou diretamente para a lista dos melhores museus que visitei na Europa.
Junto da entrada do edifício da Racławice Panorama, encontramos um memorial a duas personalidades que se dedicaram à conservação da obra de Jan Styka: Janina Natusiewicz-Mirer, historiadora polaca, com ideias anticomunistas, foi deportada para a Sibéria e Alfred Jahn, um geógrafo polaco, que apoiou os estudantes nas manifestações de 1968. Daí o anticomunista e a antissoviética que o título refere…
O bilhete de entrada no Racławice Panorama inclui a visita a três museus: ao Museu Nacional de Wrocław (Muzeum Narodowe we Wrocławiu) que é uma das filiais do Museu Nacional da Polónia, um museu de arte, proveniente da região, oriunda de museus alemães e das galerias de arte de Lviv, doadas pelos Soviéticos em 1946. Ao Museu Etnográfico (Muzeum Etnograficzne we Wrocławiu) centrado na vida das aldeias da região, na cultura popular dos antigos habitantes e da população do pós-guerra, sendo as atividades económicas como por exemplo, a apicultura serem referidas. Ao Pavilhão das Quatro Cúpulas (Pawilon Czterech Kopuł) que contém uma exibição de arte moderna e contemporânea. Apesar de se tratar disso mesmo, arte moderna e/ou contemporânea, possui peças bem interessantes!
Este dia passado em Wrocław, iniciou-se na sua belíssima praça, a Wrocławski Rynek, um tipo de praça existente em muitas cidades polacas, internacionalmente chamadas de “Market Square” e ficou concluído com a visita a estes quatro museus. Para aceder a todos foi necessário percorrer várias ruas, pontes, jardins e zonas ribeirinhas da cidade, sobretudo para aceder à zona do Pavilhão das Quatro Cúpulas. Esta parte da cidade é de visita obrigatória. Possui vários pontos de interesse nomeadamente, aquele que inicialmente foi chamado de Hala Ludowa (Pavilhão Popular) e agora é chamado de Hala Stulecia (Pavilhão do Centenário), o monumento mais jovem inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO, construído em 1913, da autoria do arquiteto Alemão Max Berg, é utilizado como centro de congressos e diversos eventos, uma Fonte Multimédia que produz espetáculos de luzes, e a Iglica monumento em forma de pináculo, inicialmente com 106 m, atualmente com 96 m de altura, construído pelos Comunistas Polacos para uma exposição que celebrava a conquista do controlo sobre os territórios recuperados que receberam após a II Guerra Mundial.
A Polónia como sabemos é um país profundamente religioso, sendo o Catolicismo a religião predominante. Em qualquer cidade existem várias igrejas que se destacam. Em Wrocław chamou-me particularmente a atenção estes dois templos que permitem subir ao alto e desfrutar de bonitas vistas sobre a cidade: a Catedral de Santa Maria Madalena, que contém um passadiço entre as duas torres, e a Catedral de São João Batista, pela sua localização junto das ilhas e por ser considerada a igreja mais importante da cidade. Esta última foi a minha escolha para subir.
Visitar estádios de futebol pelo mundo é um prazer e esta viagem à Polónia fez-me aumentar a coleção, espero que sem fim à vista! O Estádio Municipal de Wrocław agora chamado de Tarczynski Arena foi o programa da manhã do segundo dia. Este moderno complexo foi palco de 3 jogos do Euro´2012, tendo sido construído para esse evento. Com capacidade para cerca de 45 mil espetadores, distribuídos por um único anel, é onde o Śląsk Wrocław disputa os seus jogos em casa. A visita ao estádio engloba as bancadas, o banco de suplentes, o túnel de acesso, os balneários da equipa da casa, e outras tantas áreas que normalmente se visitam em estádios pelo mundo fora, e ainda as celas, para detenção de para quem prevarica! A visita inclui o museu do Śląsk Wrocław, clube de futebol fundado por militares em 1947, conta como principais troféus dois títulos de campeão nacional, duas taças e duas supertaças nacionais, e uma Taça da Liga. Ao contrário do estádio de Gdańsk, desta vez a visita não teve a companhia inesperada de políticos, mas foi acompanhada por duas guias muito simpáticas que ficaram através de mim, a conhecer os Amantes de Viagens e nomeadamente, as minhas contribuições para o mesmo sobre estádios de futebol e não só!
Além dos estádios, os espetáculos que vou assistindo pelo mundo fora tiveram em Wrocław um novo capítulo. A Opera Wrocławska é um majestoso edifício localizado no centro da cidade, e trata-se de uma das maiores e mais importantes salas de ópera do país. Ali tive a oportunidade de assistir ao musical “Um Violino no Telhado”, adquirindo o bilhete online, com cerca de um mês de antecedência, custou cerca de 23€, o que se pode considerar um preço muito interessante. Este musical fez sucesso na Broadway, tendo dado origem a um filme, o “Fiddler on the Roof” em 1971. Uma comédia de costumes, sobre uma comunidade judaica, cuja ação é passada em Anatevka, na antiga Rússia Czarista. O espetáculo, com cerca de 3 horas, foi em língua polaca, mas legendado em inglês. “Tradition” , “If I were a rich man”, “Matchmaker” ou “Anatevka” são alguns dos momentos musicais que não esquecerei, mesmo cantados em língua polaca!
ŁODŹ – 1 dia/1 noite
Quem visitou cidades como Wrocław, Cracóvia, Gdańsk, Poznań, e mesmo o Centro Histórico de Varsóvia, vai achar Łódź uma cidade feia e desinteressante, tendo em conta as ideias já concebidas das principais cidades polacas, com ruas e praças compostas de edifícios esbeltos e coloridos.
Łódź, é uma cidade com cerca de 750 mil habitantes, o que a coloca no 3º lugar das cidades mais populosas do país, só ultrapassada por Varsóvia e Cracóvia, perdendo por muito pouco para esta última. A cidade expande-se desde a sua rua principal, a Piotrkowska, com 4,2 Km de comprimento, a mais longa rua comercial da Europa, que liga a Plac Niepodległości (Praça da Independência), onde existe um mercado, com a Plac Wolności (Praça da Liberdade), onde encontramos a estátua de Tadeusz Kosciuszko, o herói da batalha de Racławice. A Piotrkowska constitui o centro da cidade! Ao contrário de várias cidades polacas, cujo centro é uma praça, uma “Rynek”(internacionalmente chamada de Market square), em Łódź, é esta enorme rua!
Łódź é considerada a cidade do cinema polaco, a “HollyŁódź” pois por aquelas ruas foram filmados diversos filmes e séries nacionais. Caminhando pela Piotrkowska, encontramos uma Calçada da Fama, onde pessoas ilustres do cinema polaco têm a sua estrela. A cidade possui inclusivamente museus e estúdios de cinema. Além do cinema, a cidade tem uma oferta cultural apelativa, sendo para isso, necessário lá passar mais tempo do que lhe destinei.
Łódź, em tempos foi alcunhada de “Manchester da Polónia”, pois era um fortíssimo polo industrial do setor têxtil, um dos maiores da Europa. A queda do Regime Soviético, muitas exportações eram para a URSS, e a Indústria Asiática a operar com mão de obra ainda mais barata que estes países do Centro e Leste Europeu, trouxe o declínio do setor industrial. A partir da década de 1990 as unidades industriais foram fechando. Hoje alguns desses edifícios estão ao abandono, outros transformados em shoppings, como é exemplo o Manufaktura, outras em cafés e bares, restaurantes, como é exemplo a OFF Piotrkowska e em edifícios de escritórios, hotéis e condomínios para habitação. Ao percorrer as ruas da cidade, nomeadamente a Piotrkowska e suas imediações, encontramos muitos edifícios novos que contrastam com outros que fazem lembrar o Antigo Regime e também antigas fábricas desmanteladas.
Um dos pontos que considero como principais do centro da cidade é a Catedral de San Stanislaus Kostka. Templo Católico, localizado em plena Piotrkowska, de estilo Gótico, construído entre 1901 e 1912, reconstruído após o incêndio de 1971. Caminhando em direção à Łódź Fabryczna, estação central de comboios e terminal rodoviário, cujo nome, arquitetura e os edifícios nas proximidades nos fazem sentir no imediato numa cidade industrial, encontramos a Catedral Alexander Nevsky, templo religioso Ortodoxo.
Afastado do centro da cidade, encontramos o Ghetto de Łódź. Locais relacionados com o Holocausto que terão de permanecer e para que os possamos visitar, sobretudo para que a História não se repita e não seja negada. A Polónia foi um dos países mais massacrados durante esta triste fase da História da Humanidade.O Ghetto de Łódź era o segundo maior do país, só ultrapassado pelo de Varsóvia. Dos ghettos, os judeus eram enviados para campos de concentração e extermínio, como por exemplo Auschwitz-Birkenau, locais que não terei coragem de voltar a visitar. O Ghetto de Łódź tornou-se num grande centro industrial, fornecendo suprimentos essenciais para o esforço de guerra da Alemanha, em especial para a Wehrmacht, as forças armadas nazis, tendo por isso sido o último ghetto do país a ser liquidado. Além de vestígios de casas e da chaminé de uma antiga fábrica, encontramos diversos memoriais e a Estação de comboio de Radegast de onde se deportavam os judeus para os campos de concentração, e alguns desses vagões construídos em madeira, utilizados. Ali perto, encontramos a Rua Bracka, onde se situa o maior cemitério judaico da Europa, com cerca de 70 mil túmulos.
Łódź, já esperava que viesse a fazer parte das cidades menos interessantes que visitei, mas obviamente todos os locais têm a sua importância em serem visitados e não dei o meu tempo por perdido.
TORUŃ – 1 dia/2 noites
A cidade que em 1473 deu ao mundo Nicolau Copérnico, que nas aulas de Filosofia do 11º ano me foi “apresentado”. Mikołaj Kopernik, é assim o nome na sua língua nativa, foi um astrónomo e matemático que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, a tal que afirma que a Terra gira à volta do Sol, contrariamente ao que Aristóteles afirmava. Foi também cónego da Igreja Católica, governador, administrador, jurista e médico. Um autêntico génio!
A Igreja Católica instituiu a Santa Inquisição, já depois da sua morte, e contrariou a Teoria Heliocêntrica, defendendo a Teoria Aristotélica que afirmava que a Terra é o centro do universo e o Sol gira à volta da mesma, o Geocentrismo. Quem a defendesse o contrário iria parar a uma fogueira…. Galileu Galilei pegou nessas teorias de Copérnico e desenvolveu outras, que se revelaram importantes para o desenvolvimento das Ciências, e sempre defendeu que a Terra gira à volta do Sol, sofrendo na pele fortes represálias!
A visita à Casa que pertenceu à família de Copérnico e se julga que foi ali que ali nasceu é um dos pontos principais da visita a Toruń. No seu interior existe uma exposição sobre a sua vida e obra e também artefatos relacionados com as casas da época, de estilo gótico, sua conceção, as suas áreas, incluindo a casa de banho, que eram de tudo menos de banho!
Toruń é uma linda cidade, com cerca de 200 mil habitantes, banhada pelo Rio Vístula, tal como Varsóvia e Cracóvia. O seu Centro Histórico, que não sofreu danos durante a II Guerra Mundial, onde qualquer visita se centra, possui características medievais. Toruń fundada em 1231 pela Ordem dos Cavaleiros Teutónicos de Santa Maria de Jerusalém, e por eles foi governada durante mais de dois séculos. Tal como Ordem dos Templários e a Ordem dos Hospitalários, os tais de Malta, foi uma das mais poderosas e influentes da Europa.
A História continua pelas guerras entre Cavaleiros Teutónicos e o Reino da Polónia, a “Guerra dos Treze Anos”, tendo Toruń sido integrada no Reino da Prússia. Isto causou a destruição do Castelo Teotónico, cujas ruínas podemos visitar, tal como uma exposição no seu interior sobre a história da cidade.
No Centro Histórico destaca-se a Torre da Cidade (Ratusz Staromiejski) pertencente ao Edifício da Antiga Câmara Municipal que contém no seu interior um museu, o Museu Regional de Toruń (Muzeum Okręgowe w Toruniu) que contém no seu interior, entre outros artefatos, uma coleção de arte sacra e pintura onde se destaca o quadro de Marian Jaroczyński, o “Segundo Tratado de Toruń” (II Traktat Toruński), que retrata a assinatura de um tratado concluído em Toruń em 19 de outubro de 1466, entre a Polónia e a Ordem Teutónica, encerrando o conflito da Guerra dos Treze Anos.
A subida à Ratusz Staromiejski, de onde contemplei do alto o Centro Histórico que já havia percorrido de dia e de noite, e depois do lado contrário do Rio Vístula, atravessando a Ponte Józef Piłsudski, de onde contemplei o panorama do mesmo, junto de um famoso restaurante, o Panorama Restauracja deu por encerrado o meu passeio por Toruń.
BYDGOSZCZ (uma manhã, a caminho de Poznan no regresso a casa)
Mais um nome, não sei se mais difícil de escrever, se pronunciar: Bydgoszcz. Localiza-se a cerca de 40 Km de Toruń, sendo estas cidades normalmente visitadas em conjunto. Toruń e Bydgoszcz são de certo modo cidades rivais! Bydgoszcz é maior, possui cerca de 350 mil habitantes, encontrando-se no 8º lugar das maiores cidades polacas, já Toruń ocupa a 16ª posição.
Uma linda cidade, diferente de Toruń, cujo centro histórico possui edifícios de estilo medieval, aqui o seu centro histórico é muito semelhante a Wrocław e de outras cidades acima referidas, sendo centrado na Stary Rynek (a Market Square). Além dos diversos edifícios existentes, onde se destaca a Câmara Municipal e a Catedral, existe um monumento muito importante: o Monumento à Luta e ao Martírio da cidade que homenageia os cidadãos polacos assassinados durante as execuções públicas realizadas em 1939.
Por trás da Stary Rynek, destaca-se a Rua Długa, com cerca de 650 m de comprimento, o que a torna a mais longa rua da cidade e a mais importante em termos de história e funcionalidade.
A cidade é banhada pelo Rio Brda, contendo canais e cerca de 50 pontes e várias ilhas, sendo por isso também comparável a Veneza! Por exemplo, Wyspa Młyńska é uma das ilhas e localiza-se muito próximo do centro da cidade. As casas de enxaimel, fazem parte da paisagem, uma influência dos Alemães. Um curto passeio, ao início da manhã, ainda as ruas estavam vazias, onde pude contemplar os bonitos edifícios com destaque para o da Opera.
Viajar de Portugal para a Polónia
Voos
A Ryanair voa diretamente de Lisboa para Wrocław e Poznań, assim como Varsóvia (Modlin) e Cracóvia.
Nesta viagem aterrei no Wrocław e regressei por Poznań. O Aeroporto de Poznań possui na zona das partidas, por detrás dos balcões de check-in, uma exposição de fotografia acerca de Portugal, da autoria da fotógrafa polaca, Kat Piwecka, apaixonada pelo nosso país, ao qual já dedicou um livro. A Kat Piwecka também é seguidora dos Amantes de viagens e da sua página do Facebook! Já tive o prazer de a conhecer pessoalmente, e agora não deixei de posar com algumas das suas fotos antes de embarcar!
Viajar pela Polónia
Comboio
O país possui uma rede ferroviária excelente, servindo as principais cidades. A companhia estatal PKP-Polskie Koleje Państwowe, através do web site é possível adquirir bilhetes de longa distância, com alguma antecedência, existindo inclusivamente uma app para smartphone.
Entre Toruń e Bydgoszcz viajei de comboio suburbano.
Autocarro
A FLIXBUS possui carreiras que servem várias cidades polacas, conseguindo com antecedência preços mais em conta que o comboio e com a vantagem de ser possível marcar com maior antecedência as viagens. As viagens que fiz (Wrocław-Łódź, Łódź-Toruń e Toruń-Poznań) foram em grande parte por auto estrada.
Alojamento (onde fiquei e recomendo a estada)
Wrocław
Boa localização, a pouca distância (menos de 500m) da Wrocławski Rynek. Limpo e confortável. Check-in e check-out, totalmente automáticos. Proprietário disponível via Whatsapp.
Preço em conta: 2 noites, 174 zł (+/-40€) + depósito reembolsável de 150 zł (+/-35€). Quarto individual, com WC e duche no corredor.
Łódź
Localização com fácil acesso, num raio de 2Km de distância, às principais zonas do centro da cidade: Rua Piotrkowska, Łódź Fabryczna (estação central), Manufaktura.
Preço em conta: 1 noite, 197 zł. Quarto individual com casa de banho e duche, e pequeno-almoço buffet.
Toruń
Localização com fácil acesso, cerca de 1Km de distância, à entrada do Centro Histórico.
Preço em conta: 1 noite, 324 zł. Quarto individual com casa de banho e duche, e pequeno-almoço buffet.
Comer e beber
Bar mleczny (bar de leite)
Impossível não falar da Polónia sem referir o conceito de “bar mleczny, “ou seja, um “bar de leite“.
Se em “Roma sê romano”, visitar a Polónia é tradicional ir a um bar mleczny, e fazer uma refeição rápida, económica e completa! Inclusivamente provando deliciosas especialidades gastronómicas: pierogi e sopas tradicionais por exemplo…
Estas cantinas, durante a era Comunista forneciam comida tradicional, a baixo custo, sendo subsidiadas pelo Governo. O nome “de leite”, deriva de fatias de queijo, que costumavam ser vendidas quando a carne era rara. Após a queda do Antigo Regime, estas cantinas encerraram e foram reabertas a pedido de muita gente por se tratar de um assunto nostálgico e porque são locais onde se come bem e barato, adaptados ao poder de compra dos polacos nesses tempos de transição para uma Economia de mercado. Encontramos nestes estabelecimentos, sobretudo pessoas locais, maioritariamente acima dos 60 anos, reformados também e estudantes. As ementas são escritas em polaco, mas isso não é problema nos dias de hoje…basta procurar no Google translator aqueles nomes esquisitos, e no Google maps “bar mleczny” e encontrarão estes facilmente estabelecimentos!
Às especialidades gastronómicas deste país, já me referi no artigo anterior. Posso acrescentar à lista mais alguns nomes:
Rosół, uma das sopas polacas mais populares, pois existe há séculos, sendo servida tradicionalmente em jantares familiares e em casamentos. Dizem eles que é boa para curar ressacas! É uma sopa de carne com um caldo claro, feito da cozedura lenta de ossos de pato, carne bovina, coelho, aves ou vitela, o porco nunca é utilizado, com cenoura, aipo, raízes de salsa, cebola e especiarias. Devido à cozedura ser longa e lenta, o caldo absorve o sabor da carne e dos legumes. No final acrescenta-se massinhas e ovo.
Gulasz z dzika, o goulash de javali, é um guisado tradicional, assim chamado nesta região da Europa, acompanhado com placki ziemniaczane, panquecas de batata, uma massa frita, feita de batata ralada ou moída, ovo, aromatizado alho e cebola picados e temperos.
A Polónia é um excelente país para ir a restaurantes!
Sobretudo pela relação qualidade/quantidade/preço! conselho os seguintes locais, duas cervejarias tradicionais polacas e um restaurante de especialidades do Cáucaso (Arménia e Geórgia)
Jan Olbracht Browar Staromiejski em Torun
SETKA – Restauracja Polska – Wrocław em Wrocław
Restauracja Kaukaz Manufaktura na Manufaktura, em Łódź, pedi Charczo (sopa tradicional georgiana, picante!!!!) e Szisz kebab z baraniny (kebab de carneiro)
Reservas (click):
Booking – Alojamento
Get Your Guide– Tours, entrada em monumentos
Iati- Seguro de Viagem
BookAway- Reserva de bilhetes Bus, Ferry, Comboio