Centro de Ciência do Café em Campo Maior
Texto & Fotos de Mário Menezes
Já comemorei aniversários em vários países, um ciclo fechado em 2020 devido à Pandemia. Durante esses tempos, guardei para esses dias visitar ou fazer algo importante e memorável. Em 2021, o Estado de emergência decretado, não me permitiu sequer nesse dia ir jantar fora, quanto mais viajar para o estrangeiro! Desde 2022 os meus aniversários foram passados em passeio por Portugal, por sinal, pelo Alentejo. Campo Maior acabou por ser o destino do último aniversário, ainda o Comendador Rui Nabeiro, aquele que “de facto” a colocou no mapa, não tinha partido deste mundo. Uma pessoa que merece a nossa consideração e admiração. Como homem, cidadão, empresário empreendedor, marcou para sempre aquela terra, e o panorama empresarial português. Uma pessoa muito acarinhada, sobretudo pelo amor que tinha aos conterrâneos e aos seus trabalhadores. Infelizmente caraterísticas muito raras em qualquer patrão português! Um homem que nasceu pobre, apesar da pouca escolaridade, possuía uma elevada capacidade de liderança inata e valores humanos e sociais bem vincados. Começou a trabalhar na tenra idade, chegou ao topo e jamais parou de trabalhar. A ele dedico este texto!
Visitar o Centro de Ciência do Café é aprender bastante sobre a bebida mais consumida no Mundo, a história da indústria da sua torrefação no concelho, desde os tempos do contrabando até à atualidade. Desde o grão do café, a sua plantação em terras longínquas, onde o clima permite o seu cultivo, passando pela fase de torrefação, até ser bebido na chávena na forma que todos nós conhecemos. O Centro de Ciência do Café é propriedade da empresa Delta Cafés, cuja história ficaremos a conhecer, assim como a do seu fundador, o Comendador Rui Nabeiro.
No início da visita encontramos uma estufa onde nos podemos deparar com as condições climáticas onde a planta do café pode ser criada. Aí obtemos diversa informação sobre as diversas espécies de cafés que existem na natureza, sendo apenas duas usadas para consumo, ou seja, produção da bebida do café: robusta, arábica. Também poderemos saber mais acerca das pragas e das doenças que podem afetar a planta do café. A forma como se faz da mesma, a extração dos grãos de café para a sua posterior torrefação, também nos é mostrada.
Seguidamente passamos à parte do museu mais tecnológica e comercial, onde podemos observar diversas técnicas de preparação do mesmo, aprender mais sobre os benefícios do café (para mim até então desconhecidos…) e diversos factos curiosos sobre a bebida pelos 4 cantos do Mundo.
Por ser localizada na zona raiana, a história de Campo Maior está ligada ao contrabando. Uma região pobre, no interior de um país pobre e subdesenvolvido a nível europeu, onde quase não existia indústria e o trabalho não abundava. Em finais dos anos 1950, na clandestinidade, saíam de Campo Maior grupos de contrabandistas que transportavam sacos com café para Espanha. A pé, de noite, pelos olivais e montados em burros, atravessando o rio Xévora (afluente do Guadiana), fugindo à Guarda Fiscal e à “Guardia Civil” Espanhola, enfrentando diversos perigos. O café vindo das antigas colónias lusitanas chegava assim às chávenas de “nuestros hermanos”, pois em Espanha o mesmo escasseava! Foi Rui Nabeiro que transformou esse contrabando ilegal numa atividade empresarial, criando a indústria da torrefação e comércio de cafés. Tudo começou com um pequeno armazém com 50m²! O negócio foi crescendo, mesmo após o desaparecimento do contrabando com a abertura das fronteiras. Rui Nabeiro diz-se que transformou contrabandistas em trabalhadores!
O café faz parte da cultura, a imagem de marca de Fernando Pessoa bebendo a sua bica não foi esquecida, assim como a ala dedicada à parte da Expansão Marítima da História de Portugal, onde o café tem papel preponderante, pode também ser visto na exposição.
Ao final, e como disse à entrada quando comprei o bilhete, que fazia anos, prepararam-me uma surpresa especial. Um bonito cocktail servido em chávena com a matéria-prima primordial, o café.
Tomar café, tomar uma bica como podemos chamar, é hábito que desde os meus 11 anos possuo. E sem açúcar, como qualquer verdadeiro apreciador de café o faz! Agora o hábito tornou-se mais requintado depois de ter visitado Campo Maior e o Centro de Ciência do Café!
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