Emirados Árabes Unidos, umas mini férias económicas num país de milionários
Texto & Fotos de Mário Menezes
Tinha 15 anos de idade quando, durante o Campeonato do Mundo de futebol de Itália em 1990, muitos de nós soubemos da existência de dois países: Camarões e EAU-Emirados Árabes Unidos. Enquanto o primeiro foi a equipa sensação que bateu no jogo inaugural a Campeã do Mundo, Argentina e só caiu nos 1/4 de final perante a Inglaterra, vendendo cara a derrota, os EAU foram a equipa mais fraca do torneio. Recordemos quando perdeu 4-1 com a Jugoslávia, um jogador chamado Ali Thani marcou o tento de honra e, perante a estranheza dos comentadores das televisões, festejou-o efusivamente, tal como no jogo anterior, o seu colega Mubarak, por marcar um golo à RFA na derrota por 1-5, quando já perdiam por muitos. Cada um deles ganhou um Rolls Royce de prémio do governo, por marcar um golo no Mundial. Desde aí, durante muitos anos deixamos de ouvir falar desse país, nem durante as Guerras do Golfo…
Nos dias de hoje, essa pequena nação do Golfo Pérsico, é de enorme importância económica e turística.
As camisolas dos maiores clubes, os Sheiks milionários, alguns conhecidos pelos desportos radicais ou pelos hábitos de vida duvidosos, ou mesmo pelas sua caras aparecerem desenhadas por lasers em arranha céus, quando as televisões mostram imagens das celebrações de ano novo neste país, e a companhia aérea com a maior frota de Airbus A380, que nos liga ao Mundo via Dubai, trouxeram em definitivo a palavra “Emirates” para a o nosso vocabulário.
A sua maior cidade, o Dubai é também um dos vários Emirados que compõem esse país, EAU, cuja capital é Abu-Dhabi. Ainda hoje para muitos viajantes nos quais eu me incluía, Dubai é nome de país e não é fácil localiza-lo no mapa.
Passar férias no Dubai, portanto nos EAU, é considerado chique! Tido como um dos destinos caros do Mundo, com luxos ao alcance de poucos. As cidades são um mundo artificial, em constante transformação, que em menos de vinte anos cresceram enormemente ocupando o espaço do deserto com brutais arranha-céus. Funcionando também como plataforma giratória de passageiros, sobretudo entre a Europa e a Ásia, levam a que milhares de pessoas cruzem diariamente os seus céus.
Dubai e Abu-Dhabi, outrora vilas de pescadores são hoje dois locais onde todas as exuberâncias da arquitetura e da engenharia são permitidas. Enquanto o petróleo durar e o preço do barril for alto, a mão de obra em regime quase esclavagista de imigrantes Filipinos, Indianos, Paquistaneses ou do Bangladesh, existir, a ausência de direitos laborais e a proibição de existirem sindicatos, o crescimento não vai parar, o que se conclui pelos inúmeros estaleiros de obras e de gruas espalhadas ao longo das áreas urbanas.
Pelo Dubai, passa a maior parte do ouro (muito de sangue) transacionado pelo mundo. É uma zona franca, um paraíso fiscal e também de compras.
Ainda nem eram 5h da madrugada, num dia de Inverno com 26ºC e na eminência de uma tempestade de areia, quando aterrei no gigantesco, exuberante e moderno aeroporto do Dubai, no regresso da Tailândia, onde passei duas semanas e comemorei o meu 40º aniversário.
Após umas pequenas horas de sono no terminal de chegadas e mais recomposto de uma noite mal dormida a bordo, dirigi-me à estação de metropolitano do aeroporto, para ir ao centro da cidade onde iria tomar o pequeno-almoço, colocar as malas no hotel, tomar um duche e trocar de roupa.
“Andei tantas horas de avião e cheguei ao “Parque das Nações”, foi o meu sentimento imediato ao ver de perto aquela “selva de pedra”.
As praias são fracas, e desiludem, comparativamente às praias paradisíacas em que tinha estado dias antes. Muitas são privadas e exclusivas dos hotéis de luxo. Os restantes hotéis ficam distantes das praias públicas, embora quando vemos fotografias não temos essa ideia. Tem vários bairros que nos fazem lembrar as casas clandestinas da nossa Costa da Caparica observáveis quando viajamos no metropolitano.
A cidade do Dubai que tem uma área de extensão ao longo da costa com cerca de 60Km é dominada pela avenida Sheik Zayed , uma autoestrada com mais de dez faixas, por onde também circula, em viaduto, grande parte da rede de metropolitano, e ladeada de arranha céus. Não é nenhuma avenida marginal pois fica a alguns quilómetros distante da linha de água.
Em 3 dias satisfiz a minha curiosidade de conhecer os pontos mais importantes deste país exuberante e luxuoso, sem gastar muito!
Os transportes públicos são baratos e eficientes. Mesmo andar de táxi não sai caro e todos têm taxímetro. O metropolitano do Dubai é dos mais modernos do Mundo e totalmente automático, sem maquinista, com estações luxuosas e limpas e até as casas de banho públicas são usadas por muitos locais para se barbearem e lavarem os dentes.
Fiquei alojado em Deira, a baixa da cidade, uma zona “antiga” dos anos 90, onde as linha do metro cruzam. Aqui é possível encontrar hotéis de 3 estrelas por cerca de 60€. Quanto aos restaurantes, nessas zonas antigas, é possível comer muito bem, provar iguarias paquistanesas como “Kebab seekh”, um espeto de carnes misturadas com ervas aromáticas, ou “biryani”, um arroz preparado com especiarias e carne, em quantidades abundantes e pagando pouco mais de 10€ por uma refeição. Existem também cadeias de restaurantes de fast food de iguarias Americanas ou do médio Oriente como é exemplo o “donner kebab” de frango, pois carne de porco não existe, assim como bebidas alcoólicas. Estas últimas vendem-se em hotéis de luxo a preços exorbitantes (e consta-se que mesmo assim é proibido consumir) ou a estrangeiros residentes que para as adquirir, em lojas autorizadas, para consumir em casa, terão de possuir uma autorização governamental e para isso e pagar uma anuidade.
Já nos “malls”, os shoppings gigantescos, a alimentação é bem mais cara.
Um país em que cerca de dois terços da população é de origem estrangeira e cheio de visitantes ocidentais, quando caminhamos pelas ruas faz-nos desacreditar que estamos nas Arábias. Começamos a sentir isso no aeroporto, quando os agentes da emigração, vestidos de thobe branco e turbante, nos carimbam o passaporte e nos dão as boas vindas.
Tudo extremamente limpo, vigiado e controlado que se até torna intimidativo. Nos locais públicos é frequente ver câmeras, polícias e seguranças privados. Com muitas regras e controlo de costumes, ou não se trate de um país em que a religião dita leis. Sempre atenciosos, com simpatia e educação. As coimas para quem prevarica estão publicitadas. E ao bom estilo Asiático, há coimas e proibições para todos os gostos. Por exemplo, dentro daquelas paragens de autocarro em que se fecha a porta e são climatizadas está indicado que é proibido dormir! As leis Islâmicas por lá proíbem muita coisa. O conceito de sexo ilegal existe, há relatos de emigrantes e também de turistas, abusadas sexualmente e quando apresentam queixa às autoridades são elas que são detidas. A homosexualidade é crime, há relatos de homens detidos por, em brincadeira, por exemplo, darem uma palmada na perna de um amigo. Apesar destes factos afastarem muitos visitantes, “no way, I am not a muslin”, responderam-me uns Ingleses que viajavam ao meu lado no avião quando lhes perguntei se pensavam ficar no Dubai uns dias para conhecer, senti-me muito bem acolhido neste país! Aliás, os Árabes são tidos como povos hospitaleiros.
Aconselho a pesquisarem na internet provérbios Árabes e boas maneiras nestes países, antes de viajarem para qualquer destino destes.
No metropolitano há carruagens exclusivas para mulheres e famílias, assim como nos autocarros também existe essa separação. Nas praias públicas há vestiários, pois os homens Muçulmanos não se podem despir em frente a outros homens, e até balneários com água quente e gel de banho. O trânsito é intenso e o Domingo é dia de trabalho.
Muito há para visitar, com acesso livre. No Dubai, a ilha artificial, acessível de monocarril, a “Palmeira Jumeirah”, a 8ª maravilha do Mundo (segundo eles…), a praia pública em frente ao hotel Burj al Arab, muitos centros comerciais, incluindo o maior do Mundo e o seu complexo que inclui o Burj Khalifa, o edifício mais alto do Mundo e onde de noite é possível assistir ao show de luzes na sua gigantesca fonte artificial, o Souk do ouro onde os vendedores não nos largam, a Marina, a Creek, um braço de mar que atravessa a cidade servido por carreiras de abras, os barcos tradicionais, integrados na rede de transportes públicos, a pista de ski artificial. Em Abu-Dhabi, a cerca de 1h30 de autocarro (desde o terminal “Al Ghubaiba”) a famosa mesquita Sheik Zahed é imperdível, de dia e de noite quando está toda iluminada, a praia da Corniche que é artificial, e as Etihad Towers imortalizadas pelo último filme do malogrado Paul Walker, “Fourious 7”, junto ao Palácio Presidencial.
Com mais dias, teria certamente oportunidade de visitar algumas atrações turísticas onde se paga para entrar, e fazer um passeio ao Deserto. Mas, ao nascer do sol, no regresso a casa, e a caminho do trabalho, ao ver aquela paisagem pela janela do avião, sem pagar as exorbitâncias pedidas para subir ao observatório do “Burj Khalifa” fiz o meu ritual de despedida destas férias.
Em resumo, visitar os Emirados Árabes Unidos, de passagem, fazendo uma escala com paragem de alguns dias, numa viagem intercontinental, é uma escolha acertadíssima, mas viajar para este país com objetivo de fazer férias de praia, faz pouco sentido.
Links Úteis:
Hotel Dubai – bem localizado, na zona antiga, perto do metro, um pouco ruidoso, mas económico.» Ver AQUI.
Transportes públicos no Dubai » AQUI
Transportes públicos em Abu-Dhabi » AQUI
Mesquita Sheik Zhayed em Abu-Dhabi » AQUI
Vídeo que fiz sobre as paragens de autocarro, Dubai » AQUI
Vídeo que fiz durante o show da fonte, Dubai » AQUI
Vídeo que fiz a viajar no metro,Dubai » AQUI
Provérbios árabes » AQUI
Para alojamento nos Emirados, consulte aqui.
Reservas (click):
Booking – Alojamento
Get Your Guide– Tours, entrada em monumentos
Iati- Seguro de Viagem
BookAway- Reserva de bilhetes Bus, Ferry, Comboio