Uma experiência Báltica Invernal (Lituânia, Letónia e Estónia)
Texto & Fotos de Mário Menezes
Em tempos territórios Soviéticos, hoje é zona Euro e constituem 3 dos 27 estados da União Europeia. Vílnius, Riga e Tallin são as capitais de Lituânia, Letónia e Estónia.
Caminhar pelas suas ruas é uma experiência encantadora. A sua beleza arquitetónica, o seu património cultural e histórico, os seus museus e monumentos, e onde podemos assistir a espetáculos de elevada qualidade como ballet, opera, concertos de música clássica ou mesmo circo por preços extremamente baixos. Cidades lindíssimas, nenhuma tem qualquer semelhança com outra, e em nada ficam a dever a muitas capitais Europeias.
Uma enorme surpresa. Povo instruído e educado. O Inglês é falado em todo o lado. Não fosse o domínio ditatorial da URSS e o facto de só terem entrado na União Europeia em 2004, hoje seriam países ao nível dos seus vizinhos Escandinavos, o que se conclui pelo seu constante crescimento do PIB.
Uma das formas de conhecer o verdadeiro significado de Inverno Europeu, é visita-las em Janeiro. Temperaturas próximas dos menos vinte, cenários brancos cobertos de neve, rios gelados e até mesmo o mar congela nas praias e portos, sendo possível caminhar sobre as ondas.
A verdadeira imagem do Inverno do Norte da Europa. Aliás, o verdadeiro conceito de Inverno. Aquela estação do ano que apesar de estarmos convencidos do contrário, nós por cá, mesmo sendo Europeus, não o conhecemos na totalidade! Até em grande parte da Europa, além dos Pirinéus, o conceito de Inverno é um pouco aquém desta realidade!
É isto que começa a ser procurado, sobretudo por turistas vindos da América do Sul. Ver neve pela primeira vez é uma sensação única e que nos marca para sempre. Sentir no corpo os efeitos do verdadeiro Inverno é uma sensação que todos pelo menos uma vez na vida temos de experimentar. O frio cortante, onde nos temos de proteger convenientemente, com meias de lã, collants, luvas de pele, cachecol e claro um bom par sapatos impermeáveis e um Kispo de penas. E claro para a cabeça, um gorro de boa qualidade e que cubra as orelhas, onde o “Ushanka” Russo é mesmo o ideal! A ponta do nariz, as orelhas e mesmo os dedos perdem sensibilidade após alguns minutos de exposição frio com temperaturas desta gama.
Uma gastronomia muito saborosa e uma vida noturna animadíssima são a cereja no topo do bolo que o visitante pode ter. E quanto aos souvenirs, não esquecer o âmbar pois por aqueles lados é rei!
Mesmo sendo os dias mais curtos, o afluxo de turistas bem menor e os preços bem mais baixos que na época de Verão, Janeiro é um mês perfeito para viajar na Europa, até mesmo na Europa do Norte podemos fazer umas férias de sonho! Além do conhecimento que nos proporciona qualquer viagem, acrescenta-se o aqui conhecimento da Natureza.
Como seria escrita a parte do “General Inverno” na História da Humanidade, se Napoleão soubesse isto?
LITUÂNIA
VILNIUS – 2 noites
A cidade onde comemorei o 37ºaniversário. 26/1/2012.
A minha porta de entrada nos Países Bálticos.
Aterrando no aeroporto de Vilnius, “Vilniaus oro uostas” em Lituano, edifício antigo de arquitetura soviética sou recebido por um enorme nevão. O mote estava dado para os dias que se seguiam – Frios, brancos e Invernais.
Cidade onde predomina o branco, com muitas igrejas cristãs, que constituem o seu centro histórico. Contrasta com edifícios modernos do seu centro financeiro. Cidade jovem com muitos estudantes, de “Erasmus também”, gentes acolhedoras e simpáticas.
Outrora território da URSS, facilmente ficamos a saber que por aqueles lados os Russos não são bem-vindos, nem tão pouco deixaram saudades. Visitando a antiga sede do KGB, hoje chamado Museu de Ocupações e Lutas pela Liberdade, um grande edifício localizado na “Gediminas”, assim se chamava o Grão Duque, uma das avenidas principais, bonito por fora, de arquitetura clássica, mas que nesses tempos nem existia no mapa. Lá dentro funcionava um centro de detenção, tortura e extermínio. Um local de pura repressão terror. Stallin matou muito mais que Hitler. Ambos dividiram a Europa, o que cada um ocuparia no tempo da II Guerra Mundial. Da Lituânia foram deportadas para a Sibéria largos milhares de pessoas, o que explica que a mulheres nativas dessa zona do Mundo, sejam autênticos modelos, altas, esbeltas, loiras de olhos azuis. Aliás, a Lituânia (Letónia é Estónia por certo também…) orgulha-se de ter entre os seus habitantes, mulheres das mais bonitas do mundo! O visitante logo que embarque num avião com destino a este país percebe imediatamente isso.
A Catedral e o seu campanário são o símbolo da cidade. Marca a entrada no centro histórico. Ali perto é possível apanhar um funicular e acessar ao castelo, de onde poderemos ter a vista panorâmica mais famosa desta cidade, o Rio Neris ao perto, e ao longe a zona moderna.
O Centro Histórico está carregado de Igrejas, sendo a mais conhecida a de Santa Ana e percorre-lo é muito interessante.
Vilnius é a mais barata das três capitais Bálticas. Tem uma vida noturna animada, com muitos bares frequentados por universitários e bons restaurantes. O prato nacional da Lituânia, é o Cepelinai, bolinhos grandes feitos com uma mistura de massa cozida e crua de batata, (que é a base da alimentação) recheada com carne de porco e coberta com tiras bacon e molho de creme azedo
TRAKAI
A cerca de 30Km de Vilnius encontra-se o local mais visitado da Lituânia. Acessível desde autocarro, desde a estação central (“stotis“ assim chamada) esta cidade que faz parte do Parque Histórico Nacional de Trakai é famosa pelas ilhas banhadas pelo Lago Galvé, onde se destaca a que contém o famoso castelo de Trakai, cartão postal deste país. Erguido no Sec XIV utilizado pelo Grande Duque da Lituânia no início do século XV teve grande importância estratégica ao longo da História.
De Verão é certamente uma zona de picnics e atividades náuticas. De encontro de famílias também, pois engloba uma área verde enorme onde se respira ar puro. No Inverno também tem a sua beleza. Os lagos estão brancos e congelados mas a beleza e magia do local mantém-se.
Vim embora sem provar os famosos “Kibinai”, pasteis tradicionais recheados de carne de carneiro. O tempo era escasso, estava condicionado ao horário dos autocarros e tive de regressar novamente a Vilnius, pois nessa tarde partiria para outra etapa.
Lituânia – Trakai -Entrada do castelo. O pormenor do lago estar branco…
Links úteis:
Para dormir existe um enorme variedade de opções. A minha escolha recaiu num relativamente afastado do centro histórico, sobretudo por ser mais económico. Bom serviço. Ver AQUI
Museu de Ocupações e Lutas pela Liberdade » AQUI
Ópera de Vilnius » AQUI
Experiênca Bunker soviético – atração turística na Lituânia – Com muita pena minha não pude fazer a experiência de ser preso num bunker sovietico » AQUI
Carreiras de autocarro de longo curso entre capitais » AQUI
Companhias aéreas low cost com voos para as capitais Bálticas » WIZZAIR; RYANAIR; EASYSET
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Para programas de viagem, consulte aqui.
LETÓNIA
RIGA-3noites
A cerca de 4 horas de autocarro de Vilnius, eis a capital da Letónia. Riga, com inúmeros edifícios coloridos no seu centro histórico e com arquitetura bastante particular, é um local encantador.
A maior e a mais cara capital Báltica, é também a mais cosmopolita. A Letónia que é o país mais pobre dos 3 países Bálticos, tem grande parte da população de etnia russa que domina grande parte da sua economia. Uma cidade que é também ponto de turismo das despedidas de solteiro,onde abunda a prostituição de luxo, bares e uma vida noturna onde turistas britânicos se afogam em álcool. Já vem sendo chamada de “Banguecoque da Europa”.
O centro histórico que facilmente se percorre a pé está carregado de locais famosos. Muitos edifícios emblemáticos, como a Casa dos Cabeças Negras, a Casa do gato, o Castelo, a Catedral da Natividade, uma catedral Ortodoxa que durante o domínio da URSS era usada como parque de estacionamento.
A Igreja de São Pedro, católica, cuja vista da sua torre sobre a cidade nos deslumbra, e sendo Inverno com a imensidão do cenário branco é uma imagem que vale mais que mil palavras. “Nós queríamos saber o que é o Inverno, mas isto também é demais” assim me respondeu um grupo de turistas Brasileiros que ali encontrei e me espantou o facto de virem de tão longe para a Europa sem o intuito de visitar Paris, Londres ou mesmo Roma!
Sair à noite e comer fora sai caro. No mercado os alimentos também são caros. Assim como os souvenirs. Já os transportes e a cultura são bastante em conta. Riga é um mundo completamente à parte do resto do país, onde só os Letões abastados conseguem sobreviver.
Ópera e circo. O circo é um espetáculo nacional. Circos que não são ambulantes e onde até os gatos são artistas! A Opera de Riga que é um edifício imponente ao estilo do Scala de Milão tem um reportório de grande qualidade. Tive oportunidade de ver a estreia de “Mazeppa”, de Tchaikowsky, com lotação esgotada, e cruzar-me no foier com uma ex presidente!
Para matar a fome, o prato nacional é chamado “pelēkie zirņi ar speķi”, composto por ervilhas cinzentas e bacon. A gastronomia russa também abunda, nomeadamente as sopas borsh e solianka, o Shashlik (espetadas de carne de porco) e pelmeni (um género de ravioli). Tudo acompanhado por uma cerveja russa de marca “Baltika” que por acaso até encontramos em Portugal à venda! O vodka ali também é rei. E é bebido gelado, um “shot” de um trago como aperitivo.
JURMALA
Banquisa, no dicionário diz que é água do mar congelada, que começa a formar-se aos -2°C. Uma palavra que entrará certamente na linguagem corrente de quem visite estas praias no Inverno.
Nos tempos da “Cortina de ferro” considerada a “Riviera Francesa da URSS”, é a estância balnear de excelência de Riga, distando desta cerca de 30Km e sendo acessível de comboio suburbano.
Uma região verde, ou não seja a Letónia o país onde, em 1510 a primeira árvore de Natal foi decorada. Uma praia que se junta numa floresta, de onde sobressaem zonas urbanizadas com moradias de luxo, cada vez mais fruto de investimento de russos abastados, etnia que constitui uma grande parte da população deste país. Majori, é a praia mais central da Região. É também o nome da estação de comboio onde todos os turistas e locais descem para desfrutar de um belo dia de praia.
É um excelente passeio para quem visita Riga, em qualquer altura do ano.No Inverno é possível experimentar uma caminhada sobre as ondas do mar, em estado sólido, formadas mesmo à beirinha do areal também gelado. Desfrutar da linha do horizonte, onde converge o branco do mar Báltico e o azul do céu é um momento inesquecível e que marcará para sempre um dia de praia “sui generis” para um habitante proveniente do Sul da Europa.
Links Úteis:
Alojamento.
Optei por este hotel. Preço em conta, com pequeno-almoço e localização perfeita. Ver AQUI
Circo de Riga » AQUI
Opera de Riga » AQUI
Restaurante self-service em conta » AQUI
Companhia de comboios da Letónia » AQUI
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ESTÓNIA
TALLIN-2noites
A quatro horas e meia de Riga de autocarro, banhada pelo mar Báltico, encontramos a capital da Estónia. A mais pequena das 3 capitais Bálticas.
Cidade que enfrentou séculos de ocupações de diversos povos: Dinamarqueses e suecos e por fim os soviéticos, estes últimos que só no inicio dos anos 90 saíram dali. Russos ali não são bem vindos, sendo até escorraçados em muitos locais turísticos! Ainda existe um forte, o Patarei, que foi um centro de detenção e tortura do tempo da URSS, ainda bem, presente na memória dos Estonianos.
Um dia é suficiente para percorrer a pé todo o centro histórico. De arquitetura medieval esta é a parte da cidade que os turistas conhecem. Com muitas ruas estreitas e algumas íngremes, é possível aceder a dois miradouros, Kohtuotsa e Patkuli, onde a vista sobre a cidade antiga nos deslumbra. Pelo meio, encontramos várias igrejas católicas, luteranas e ortodoxas onde sobressai a catedral Alexandre Nevsky, o Parlamento e a Câmara Municipal com a sua famosa torre. Centro histórico delimitado por muralhas para termos uma ideia aproximada, é ao jeito de nossa cidade de Óbidos…
Com muitos visitantes oriundos da Escandinávia, local de passagem de cruzeiros no Báltico, e muitos turistas, e também Finlandeses, que “fogem” da “feíssima” cidade de Helsínquia que dista cerca de 80Km por via marítima, o facto de ter sido o primeiro país Báltico a entrar no EURO, faz com que os não seja uma cidade propriamente barata.
O inverno é bom para aquecer com Glögi. Uma bebida quente, mistura de vários licores e especiarias. Vulgarmente chamado de “vinho quente. O licor “Vana Tallinn”da sabor parecido mas cremoso, e que se bebe frio, é um souvenir obrigatório que pode ter uma graduação alcoólica até 50%.
Ao jantar não se deve perder uma farta refeição em uma das muitas cervejarias famosas. O joelho de porco na frigideira é rei! E claro, a cerveja artesanal abunda.
E foi de Tallin que dei por concluído este tour pelas capitais Bálticas. Ao pôr do sol, no ferry boat a caminho de Helsínquia me despedi destes países maravilhosos. Além das capitais, muita coisa ficou por ver. Os objetivos que me propus executar foram alcançados. Um dia, quem sabe se voltarei para conhecer o resto!
Links Úteis:
Para dormir, recomendo esta cadeia de hostels. Ver AQUI
Companhia de transporte marítimo Tallin-Helsínquia » AQUI
Uma cervejaria típica que recomendo » AQUI
Patarei Valgla » AQUI
Nota: Esta minha experiência remota a 2012. Neste momento todos os países são zona Euro e, o aumento do turismo na Europa pode levar a aumentos de preços.
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