Osaka, Nara e Quioto, em busca do Japão ancestral
Texto & Fotos de Mário Menezes
A minha viagem ao país do Sol Nascente foi sublime. País do primeiro Mundo, limpo, moderno e seguro. Gente civilizada e educada como nunca tinha visto. As filas que fazem para entrar nas carruagens do metro, ou esperando pacientemente que o peão mude para verde, para atravessar a estrada mesmo que nenhum veículo circule. As casas de banho públicas, mesmo as que se situam em locais de grande afluxo, são exemplos de alta tecnologia e cidadania. Sanitas carregadas de eletrónica com botões e funções que para a nossa forma de estar, são cómicas, desnecessárias e caricatas e cujo operador necessita de perder algum tempo a estudar os manuais ali colados. Imaculadamente limpas e impecavelmente conservadas deixam perplexo qualquer turista estrangeiro. “Only in Japan”, hoje percebo bem esse slogan! Autêntico: No Japão até uma casa de banho é atração turística. Em 17 dias vi coisas incríveis e fiz coisas quase irrepetíveis. Dormi em “capsule hotel”, provei bife de Kobe e também fugu, o peixe possuidor de um veneno letal!
Tóquio e Hiroshima no início e no final Sapporo. Pelo meio ficaram seis noites divididas entre Quioto e Osaka, com um “bate volta” a Nara desde esta última. Estes dias constituíram a parte mais bonita e mais importante da minha viagem. O berço da cultura Nipónica, as antigas capitais do Império, os templos mais famosos com as paisagens sublimes. A chamada área metropolitana de “Keihanshin”, que alberga uma população de cerca de 20 milhões de habitantes, da qual a cidade de Kobe também faz também parte. De Kobe só conheci a estação de comboio a caminho de Hiroshima. Sei que possui uma ponte suspensa semelhante à nossa Ponte 25 de Abril, a Grande Ponte do Estreito de Akashi, é sede do clube de futebol onde Andrés Iniesta, ex futebolista do Barcelona está a terminal a sua brilhante carreira, e também é a proveniência da carne tida como a melhor e mais cara do Mundo, o bife de Kobe!
Os dias por aqui passados foram assim vividos:
QUIOTO (3 noites)
A cerca de 3 horas de viagem de comboio de alta velocidade, desde Hiroshima, com mudança em Osaka, Quioto, foi cidade mais bonita das que visitei no Japão, país que prima “demasiadamente” pela modernidade, que até cansa! Em Quioto conseguimos “finalmente” ver algo típico e ancestral. Conhecida pela “cidade dos mil templos”, nome que peca por defeito pois na realidade tem bastantes mais. Impossível visitar tudo em 3 dias! Antiga capital do Império e a cidade originária das gueixas. Em Gion o bairro famoso pela existência das mesmas, mas infelizmente nem uma vi…
Quioto hoje poderia não existir conforme a conhecemos se os Americanos não tivessem alguma consciência, e lançassem lá uma bomba atómica. E foi mesmo o facto de ter muitos templos, que os fez abandonar essa hipótese inicialmente prevista. Consta-se que a cidade foi feita à imagem de Xian, a cidade da China dos Guerreiros de Terracota. Afinal os Japoneses foram um povo que nada inventaram, apenas modificaram e melhoraram o que os outros inventaram.
E foi exatamente no bairro de Gion que comecei a minha viagem por esta cidade carregada de magia. Era de noite quando cheguei, pois nesse longo dia, a manhã fora passada em Hiroshima, e a tarde a viajar. E sentado nas escadas do Santuário de Yasaka após deixar as malas no hotel, depois de um passeio de reconhecimento rápido nas proximidades, tive uma enorme sensação de alívio. Finalmente uma cidade “bonita” no Japão!
O dia seguinte começou no Palácio Imperial, o “Kyōto Gosho” – que desde 1868 se encontra vazio, quando o Imperador se mudou para o Palácio Imperial em Tóquio, a atual capital. Um local interessante e obrigatório visitar por motivos óbvios. Um conjunto de pavilhões de arquitetura oriental, faz crer ser uma réplica da “Cidade Proibida” de Pequim, aliás, na minha opinião qualquer local na China, é mais grandioso e mais bonito que no Japão. Neste caso a diferença é abismal!
Seguiu-se o Templo do Pavilhão Dourado, o “Kinkaku-ji”, é provavelmente o edifício mais fotografado do Japão. E mais bonito já agora!!! Faz jus ao nome, grande parte é forrado a folha dourada. Um templo com muita História e de uma beleza sem igual. Fica localizado no meio de um lago, dentro de um complexo constituído por um jardim. A vista de qualquer lado é impressionante e cada imagem vale mesmo por mil palavras.
À tarde foi dedicada ao Templo Kiyomizu-dera. Um templo budista inserido num complexo lá no alto que alberga vários edifícios e pagodes. A vista panorâmica é um dos muitos cartões postal de Quioto.
O dia seguinte começou nos Templos de Honganji a caminho do castelo de Quioto, o “Nijojo”. Uma fortificação à semelhança da que havia visitado antes em Hiroshima mas que está envolta num complexo com um jardim e dois palácios.
O bairro de Arashiyama, foi o programa para o resto do dia e com a companhia da chuva. A cerca de 30 minutos do centro da cidade de comboio suburbano, este local onde a natureza nos rodeia, é famoso pela sua Floresta de bambu e pelos simpáticos macacos de raça Japonesa, também conhecidos por macacos de neve,que vivem no parque Iwatayama, que é possível interagirmos com eles e alimenta-los dentro das medidas de segurança previstas, no alto do monte também chamado de Arashiyama, de onde a vista sobre a cidade nos impressiona. Antes de subir lá cima, a visita ao complexo de jardins onde se situa o Templo Tenryuji o mais importante deste bairro também é obrigatória.
E foi no Templo de Prata, o “Ginkakuji” que no dia seguinte me despedi de Quioto. Um templo que na realidade é de madeira, também está envolto de um complexo de jardins e tem formas quase iguais ao Pavilão Dourado, podendo de grosso modo ser considerado o “parente pobre” deste!
Hotel Recomendado (Coop Inn):Escolhi este local, boa localização, económico e bom serviço com pequeno-almoço buffet » Ver AQUI
OSAKA (3 noites)
A primeira vez que ouvi falar de Osaka tinha 14 anos de idade. O filme “Chuva Negra” em que Michael Douglas interpretava um polícia Nova Iorquino com a carreira profissional manchada pela corrupção. Ele parte para Osaka e penetra no mundo da Yakusa, a máfia Japonesa. Depois de prender o mafioso mau da fita, apesar dos métodos utilizados contrariarem os valores Nipónicos do trabalho em equipa, ele consegue a redenção. O filme, que ao som da sua banda sonora escrevo este texto, tem como cenários as exóticas ruas de Dōtonbori no bairro da Namba, mas na realidade grande parte deste foi rodada em estúdio e nos EUA. Afinal a 7ª arte é isso mesmo, a arte da ilusão.
Osaka é uma cidade com forte implantação do crime organizado, controlando os negócios do contrabando, prostituição e jogos de azar. Circulando pelas ruas deste bairro, assim como pelas de Shinjuku em Tóquio sentimos qualquer coisa no ar relacionada com estes negócios “escuros”.
E foi nas imediações de Dōtonbori que escolhi o local para ficar em Osaka. Um local com imensa vida, onde é possível por exemplo, de madrugada, jantar ou fazer compras em lojas “tax free” em grandes armazéns com vários pisos onde se vende de tudo, desde um Rolex até um Kit-Kat wasabi. A faceta do Japão que pouco conhecia nos dias que passei em Tóquio, Hiroshima e Quioto, devido aos efeitos do jet-lag que a seguir ao jantar me empurravam para a cama cheio de sono.
A cidade que inicialmente era tida por mim como pouco interessante devido à sua forte presença industrial, acabando mesmo por ser a “sacrificada” em detrimento de Quioto e Nara, revelou-se uma surpresa enorme. Aliás, achei Osaka mais bonita que Tóquio.
Das imensas luzes de néon do bairro de Dōtonbori e das manhãs bem mais descongestionadas, o Castelo de Osaka, “Ōsaka-jō” foi a paragem seguinte. Um castelo à semelhança dos seus congéneres em que a vista do topo sobre o aglomerado urbano nos deixa antever a imensidão do mesmo. Depois de retemperar forças com um “Takoyaki”, bola feito de uma massa à base de farinha de trigo, cozido em uma panela especial e preenchido com polvo picado, iguaria típica da comida de rua Japonesa,a paragem seguinte foi o Parque Tennoji com vista para a Torre Tsutenkaku, um género de Torre Eifel. Ainda fui a tempo de satisfazer a minha curiosidade, no bairro de Umeda, um edifício que é atravessado por uma estrada, o “Gate Tower Building”, conhecido em todo o mundo pelas soluções arquitetónicas e de engenharia aplicadas pois no Japão as expropriações não são aplicadas. E o final do dia foi passado no Porto de Osaka, o “Diamond Point”. Ai dizem que o pôr-do-sol é o mais bonito da cidade, e apesar das obras em curso no local, foi inesquecível o momento.
Na noite anterior tinha jantado com um simpático casal que ocasionalmente me cruzei em Quioto e voltei a encontra-los em Osaka. O mundo é pequeno e quando se viaja ainda mais pequeno fica. Bife de Kobe foi o menu bem regado, até às 2h da manhã.
Na minha última noite ao jantar não resisti a fazer uma “loucura”. Uma refeição de fugu, o peixe possuidor de um veneno letal, para o qual não existe antídoto. Para o servir, os cozinheiros passam por uma formação de 3 anos e os restaurantes têm de exibir em local visível a licença. Ainda tirei uma foto com o cozinheiro para a posteridade!
E como “sobrevivi”, como previsto, segui viagem no dia seguinte para Sapporo, onde os verdadeiros dias invernais, com muita neve e frio, me esperavam.
Links Úteis:
Hotel: Escolhi este hostel. Económico e básico. Na zona da Namba em Osaka, o alojamento é caro. » Ver AQUI
Restaurantes:
Para comer fugu » Ver AQUI
Para comer carne, conhecido e recomendado nas redondezas » Ver AQUI
Chuva Negra, “Black rain”, banda sonora» Ver AQUI
NARA (bate-volta desde Osaka)
A cerca de 1 hora de comboio suburbano desde Oska, Nara, que foi durante o século VIII a capital do Japão, é um local cheio de magia e templos, de ambas as religiões predominantes neste país, a Budista e a do Xintoísmo. Duas religiões que coabitam em perfeita harmonia e podemos ver os seus locais de culto lado a lado. Saindo da estação é fácil percorrer a pé os locais mais importantes e imponentes desta cidade.
Chegando ao Parque de Nara na encosta do Monte Wakakusa podemos encontrar por exemplo, o Templo de Tōdai-ji e o seu Grande Buda, o Templo de Yakushi-ji com os seus famosos pagodes ou templo de Kasuga-taisha. Uma zona onde os simpáticos cervos, mensageiros dos Deuses da religião do Xintoísmo, estão à solta e interagem com os visitantes, podendo mesmo comprar-se bolachas para os alimentar.
Saindo da estação, mas para o lado contrario, a cerca de 3Km, podemos observar um descampado e o que resta do complexo do Palácio “Heijō”, o antigo Palácio Imperial de Nara onde a fachada principal do mesmo ainda está intacta.
Links Úteis:
Comboios
Caso optem por viajar de comboio, os estrangeiros têm oportunidade de adquirir um passe para vários dias.
Inclui as ligações entre Osaka, Quioto e Nara, e também em Quioto a ligação à estação do bairro de Arashiyama.» Ver AQUI
Voos
Peach aviation, uma low cost que usei de Osaka para Sapporo. » Ver AQUI
Para alojamento no Japão, consulte aqui.
Reservas (click):
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