ALGUNS DOS MANJARES PELO MUNDO – CONTINENTE AMERICANO
Texto & Fotos de Mário Menezes
Sou um grande comilão, aliás quem me conhece sabe disso logo desde os primeiros momentos que convive comigo. Até à idade da reforma jamais esquecerei o dia em que fomos almoçar, um grupo de colegas de trabalho, feijoada à Brasileira e dois deles pediram maruca cozida, ainda por cima com couve flor…Impressionou-me o grande poder de “sacrifício” que eles possuem! Eu não seria capaz, detesto peixe cozido e comê-lo junto a outros que se banqueteavam com feijoada à Brasileira, com farofa e tudo a que tinha direito, soaria a requintes de malvadez…mas eles já se devem ter arrependido da maruca pois como sou muito repetitivo, não me tenho calado com isso e a história já se alastrou a outros departamentos e até a empresas fornecedoras. Maruca já é um estribilho…Óbvio que o prazer da comida se paga, a curto prazo, na balança, uma das coisas que não conseguimos enganar, a outra é o espelho. Nas viagens que faço, ando muitos quilómetros a pé, desde manhã até ao deitar, pelo que mesmo com as asneiras que vou fazendo, acabo por desgastar as calorias ingeridas, inclusivamente até perco uns quilinhos…
As frases não são tão pouco da minha autoria mas concordo com elas: “somos o resultado dos livros que lemos, das viagens que fazemos e das pessoas que amamos” e “viajar é a única coisa onde se gasta dinheiro, e nos torna mais ricos”. Quando vamos para fora, as nossas necessidades fisiológicas e alimentares mantêm-se inalteráveis. Elas são responsáveis pela maior fatia do custo das nossas viagens: alojamento e alimentação, mesmo tentando pernoitar em locais mais económicos e nos alimentarmos de fast food, portanto comer mal, o que em curtas escapadelas até se suporta. Mesmo assim, fast food também pode ser considerado como gastronomia e até pode ser bastante variado. Fast food é muito além dos McMenus que têm o mesmo sabor em qualquer parte do Mundo.
“Comemos para viver, não vivemos para comer” mas também “somos aquilo que comemos” e já li que “somos aquilo que viajamos”. Nas nossas viagens os hábitos alimentares inevitavelmente se modificam. Seja por fatores psicológicos, seja devido ao jet lag, seja devido à geografia, seja devido às nossas rotinas, seja devido ao que for viajar é uma excelente oportunidade de experimentar coisas novas, a gastronomia dos vários países é também cultural. Afinal “a experiência é a fonte de todo o conhecimento” e uma parte do meu orçamento é destinada a provar algo típico. Jamais numa viagem turística a qualquer país nos tornamos peritos na sua gastronomia, um livro de receitas típicas de qualquer um, é um “calhamaço”, mas o facto de citarmos nomes de diversas iguarias internacionais que provamos, já é um excelente começo!
Ao longo dos diversos países que visitei, procurei na medida do possível experimentar novos pratos, bebidas, sobremesas, enfim, novos sabores, dentro dos meus limites, orçamentais e também fisiológicos e até mesmo ideológicos. Se em relação à gastronomia do Velho Continente não faz muito sentido em referir, quando nos expandimos para fora do mesmo, por exemplo para a Ásia, a referência é obrigatoriamente a insetos, larvas, escorpiões, morcegos, ratos, cães ou gatos, por exemplo, como manjares de eleição. Não tenciono experimentar, embora existam viajantes que são capazes de o fazer e deste modo desfrutar ao máximo de tudo o que os países têm para oferecer. É verdade que os olhos também comem e comem sempre primeiro, foi das coisas em que nas minhas viagens aprendi à minha custa. Há coisas que depois de olhar à distância jamais conseguiria comer. É o nosso lado emotivo a funcionar, mas convém lembrar, se comemos para viver, estamos a desperdiçar um enorme recurso, os insetos pois são um excelente alimento, ricos em proteínas e fazem parte da alimentação de cerca de 2 mil milhões de pessoas no Mundo, praticamente um quarto de toda Humanidade. Certamente que as gerações vindouras na Europa e em outros países irão consumir insetos com a maior naturalidade, visto que o planeta não possui recursos para matar a fome a todos.
A gastronomia é um prazer, mas não é o objetivo principal das minhas viagens. Em muitos países sentar-nos à mesa de um restaurante tem preços proibitivos, sendo o fast food o recurso mais em conta na maior parte dos dias. O tempo disponível, a vontade de aproveitar ao máximo as horas de sol, os horários das atrações turísticas, museus e monumentos, ou das atrações da natureza que em geral ficam distantes das cidades, ou mesmo dar um mergulho no mar, na piscina do hotel são fatores determinantes, pelo que ao jantar no final de um dia de grande reboliço, depois de passar pelo quarto do hotel, tomar um duche reconfortante e trocar de roupa, é a altura ideal para desfrutar do prazer de uma refeição “com dignidade” e se for seguida de um espetáculo o dia passado no estrangeiro ainda fica mais completo e memorável!
A gastronomia do Continente Americano tem fortes influências dos países da Europa e também das suas colónias em África, mas também do seu povo indígena. Aquilo que nós Europeus chamamos de Descobrimentos, os Americanos chamam outros nomes bem diferentes. O Continente Americano tem civilizações bastante antigas, que já existiam há muitos anos quando os Europeus lá chegaram, logo a gastronomia possui vários pratos milenares!
A street food (comida de rua) também é cultural e intrínseca desta parte do Mundo, nomeadamente na América Latina, tendo já dado origem a uma série (2ª temporada) da Netflix. Consumir ou não este tipo de comida fica ao critério do viajante. Há que pesar os dois lados da balança, a vontade de desfrutarmos daqueles locais ao máximo, dando azo à nossa experiência sensorial e a nossa saúde. Quando vamos a uma consulta de viajante somos aconselhados pelo médico a não consumir fruta descascada e bebidas com gelo…
Orgulho-me de pertencer a um país que tem provavelmente a melhor gastronomia do Mundo e que ainda não conheço na totalidade. “Em casa de ferreiro, espeto de pau” e confesso que só há cerca de 5 anos provei pela primeira vez choco frito em Setúbal! Papas de sarrabulho, cozido das Furnas e vitela de Lafões por exemplo, ainda não provei…
Seguem alguns dos pratos típicos de países que visitei no continente Americano, muitos que provei e que recomendo experimentar. Facilmente memorizarão os nomes, pois são bem mais fáceis que os nomes de pratos Asiáticos ou Europeus, e passarão no exame com distinção.
BRASIL
Visitei o Rio de Janeiro em 1999. É um local onde se come muito bem. Nessa altura era muito barato! Recordo-me, já depois da meia noite em Copacabana, entrar num restaurante e comer uma pizza com uma bebida e ter pago menos do que em Lisboa pagaria por uma bifana numa roulote…Sim, as pizzas fazem parte da gastronomia, tendo sido levadas para “Terras de Vera Cruz” por imigrantes Italianos, e são deliciosas!
O meu destaque vai para as frutas tropicais, excelentes, docinhas, como por exemplo a manga, a papaia, o mamão, entre outras. Os sucos espremidos na hora eram uma delícia. Também a cana de açúcar é utilizada para sucos, o caldo de cana. Tal como o guaraná, o fruto do guaranazeiro, uma planta que existe na Amazónia, possuidor de uma grande quantidade de cafeína. A água de coco, geladinha, bebida através do fruto, com uma palhinha também é deliciosa.
Impossível não esquecer a cachaça, não é água.., é aguardente produzida da cana do açúcar, através de um processo de fermentação e destilação do caldo de cana fresco. A caipirinha é a bebida nacional! Feita com cachaça, lima, gelo picado e açúcar mascavado! De docinha e geladinha que é, facilmente se bebem várias sem nos apercebemos que já estamos a cometer excessos, e só quando nos levantamos é que vemos o efeito que nos causou a bebida! Muitas vezes é erradamente feita com açúcar branco, não é tão gostosa mas sobe ainda mais rápido à cabeça!
Falo muito em picanha e feijoada à Brasileira. Tal como cá, no Brasil a picanha que comi foi sobretudo em restaurantes que vendiam ao quilo. À chegada lembro-me de ter comido, em Copacabana, picanha feita na pedra. Com feijão preto, farofa e arroz. Feijoada à Brasileira só comi em Portugal! E até já fiz em casa, basta ir ao youtube, é fácil!
Muito mais haveria a dizer da gastronomia do Brasil, a moqueca e o bobó, por exemplo, são pratos típicos de peixe ou de marisco, mas para os conhecer terei um dia de voltar. Tal como a piranha, um peixe carnívoro perigosíssimo existente nos rios das regiões tropicais…
O meu saudoso primo Luiz, que este ano partiu rumo à eternidade, já não estará por lá, mas para sempre guardo na memória, entre outros momentos que passamos, ele vinha regularmente a Portugal, de um jogo do Benfica na Luz e de um do Flamengo no Maracanã, de um almoço, uma mariscada na Barra da Tijuca e da nossa última refeição no Rio de Janeiro em Copacabana.
CUBA
Se no Brasil temos a cachaça, em Cuba temos o rum. Também produzido da cana de açúcar, através de um processo de fermentação e destilação do caldo de cana cozido, chamado de melaço, um dos principais subprodutos da indústria do açúcar. O processo permite atingir maiores graduações alcoólicas. Após a destilação, o produto passa à fase de envelhecimento, em barris de carvalho, utilizados normalmente na produção de bebidas como o whisky. Bacardi é a marca de rum mais conhecida internacionalmente. A família Bacardi, de industriais, era oriunda de Santiago de Cuba. Fugiu para a Flórida quando o Comunismo tomou conta dos acontecimentos. O Estado Cubano apropriou-se das instalações fabris e continuou aí a produção de rum, mas a marca “Bacardi” não pode utilizá-la. Assim o rum produzido em Cuba é da marca “Havana Club” pois o de marca “Bacardi” passou a ser produzido na Flórida. “Havana Club” é a marca de rum produzida em Cuba, mais conhecida no estrangeiro, mas o melhor rum é o da marca “Santiago”. Vários cocktails são fabricados com rum, sendo a “Cuba libre” (rum e coca cola) um dos mais afamados! Assim como o “mojito”. Em Cuba, todos visitam Havana. Tomei um mojito na “La Bodeguita del Medio” e deixei a minha marca na parede! Escrevi o que trazia na alma e no coração, pois daí a dois dias iria soprar as 30 velas. Cuba foi a minha primeira viagem de aniversário, um ciclo que terminou 15 anos depois.
Comer lagosta do Mar das Caraíbas é obrigatório para quem viaja para esta parte do Mundo. Cozida, grelhada ou de outras formas que seja preparada, porém apesar do preço ser apelativo, a qualidade do marisco oriundo de águas quentes, é muito aquém do oriundo de águas frias.
Os turistas que viajam para as Caraíbas, fazem sobretudo férias em regime TI (Tudo Incluído) em resorts junto das praias, onde as refeições (não as lagostas, que normalmente são por encomenda e pagas à parte…) são consumidas em buffets com sistema de self service. Cuba, é também chamada a Pérola das Caraíbas, o seu Regime não impede mas condiciona de certo modo que o turista conheça profundamente o país, cuja realidade é muito diferente das praias de sonho e dos hotéis de luxo que vemos nos postais turísticos. Daí que o meu conhecimento da gastronomia nacional não vai muito além do que referi.
EUA-Estados Unidos da América
Passear nos EUA é um sonho, mas ir a restaurantes, subentenda-se para ser servido à mesa, pode ser um pesadelo! Os custos da alimentação elevados, normalmente, as listas de preços à entrada, não mencionam as taxas de serviço e os impostos, logo a conta será bem mais alta do que o expectável, e como se isso não bastasse, há que contar, como é usual no Continente Americano, com as gorjetas que são “quase” obrigatórias. O valor varia, 10%,15% ou 20% do total da conta, consoante o nível de satisfação do cliente com o serviço: bom, muito bom ou excecional. Quando pedimos a conta e pretendemos pagar com cartão, o empregado pergunta imediatamente quanto pretendemos deixar de gorjeta (tip) para introduzir no terminal de pagamento o total acrescido da mesma. Esses valores em geral, aparecem descritos no final da fatura, quanto é 10%, 15% ou 20%. Não deixar gorjeta ou deixar 2 ou 3 dólares é considerado rudez…”Mas não gostou do serviço? Algum problema?” É o que ouvimos em seguida do empregado fazendo cara de poucos amigos! Embora nos EUA os salários sejam considerados elevados, no setor da restauração eles são tidos como dos mais baixos, e as gorjetas são uma parte importante dos rendimentos desses trabalhadores. Os locais sabem disso e nem questionam, e muitas vezes quando visitam Portugal, acabam por deixar gorjetas consideradas por nós como muito elevadas! O ato de deixar gorjeta no Continente Americano foi levado pelos Ingleses em 1830 e mantém-se nos dias de hoje, faz parte das boas maneiras, não só nos restaurantes como em diversas atividades, como por exemplo nos táxis, nos hotéis e aos guias turísticos! Dar gorjeta até aceito, mas jamais esses valores de 10% a 20% que eles impõem.
TGI Friday´s é uma cadeia de restaurantes Americanos, que existem um pouco por todo o Mundo. Depois de o ter feito em Estocolmo, em Chicago jantei num deles. A carne dos EUA é de enorme qualidade, por cá pode ser encontrada, e foi jantando um bife que me despedi simbolicamente deste país! Nos EUA a idade mínima para consumir bebidas alcoólicas é 21 anos e também é a idade mínima para aceder num local onde servem bebidas alcoólicas. Por aqueles lados eu devo ter uma aparência bem mais jovem, pois foi-me pedido a identificação para confirmarem a minha idade! O passaporte não o tinha comigo, mas o meu cartão de cidadão de Portugal, acabou por fazer prova. Para a próxima irei experimentar os bifes do Michael Jordan e a pizza ao estilo Chicago que mais parece uma quiche…
Alternativa aos restaurantes com serviço de mesa, existem os self services, com preços mais económicos e onde é mais fácil “fugir” à gorjeta ou pelo menos a essas percentagens exorbitantes. Mas atenção, em qualquer estabelecimento em que não haja serviço à mesa, junto da caixa de pagamento encontraremos lá uma caixinha com a palavra “tips” em letras bem visíveis!
Talvez por isso os EUA sejam a pátria do fast food. É o fast food que domina a nossa alimentação diária quando fazemos turismo neste país. Fast food é um conceito lato e vai muito além dos hamburgers e dos cachorros. Nos EUA há fast food de vários países do Mundo, como por exemplo do Médio Oriente, Turquia e Líbano, da Itália (pizzas à fatia), da Ásia ou do México. A comida é tudo menos saudável, muitas vezes a batata frita é de péssima qualidade, os refrigerantes são vendidos em sistema “refill” (enche-se as vezes que quisermos) e tudo é carregado de molhos. Isto explica porque a maior parte dos Americanos são obesos, pois começam cada vez mais cedo a consumir fast food acompanhada de litros de refrigerantes! Impressiona ver as crianças a encherem copo atrás de copo nas máquinas de refrigerantes refill…
Comer um hot dog (cachorro quente) na rua em Nova Iorque é tradicional, que o diga o Crocodilo Dundee! Não só nos filmes mas na vida real, é habitual vermos executivos de fato e gravata a pedirem um “hot dog” e irem a correr para apanhar metro, a comê-lo pelo caminho. O hamburger é outra das iguarias mundialmente célebres! O nome é inspirado na cidade de Alemã de Hamburgo de onde se julga serem as suas origens, supostamente trazido por imigrantes oriundos dessa parte da Alemanha, para os EUA, na primeira metade do século XIX. Atualmente o hamburger é uma sandwich existente em quase todos os países do Mundo, sendo as famosas cadeias Burger King e McDonalds as mais conhecidas! É tradicionalmente feito com carne de vaca, mas consoante os costumes e tradições pode ser de frango, de carneiro ou mesmo veggie! Acompanhada com batata frita e refrigerantes (menu) é uma tradicional refeição económica das mais pedidas no Mundo inteiro! Existem, contudo, hamburgers servidos no pão, com outros ingredientes (queijo, alface, etc) e também no prato, ou em ambos, com algum requinte, tornando-se uma refeição tipicamente Americana tal como os nossos estereótipos.
Taco Bell uma cadeia Americana, de fast food Mexicano, que entretanto chegou a Portugal. Numa destas casas, na 8th Av, ainda antes de deixar as malas no hotel, fiz minha primeira refeição em Nova Iorque, ao almoço, depois de uma longa viagem desde Amesterdão que se iniciou ainda antes do romper da aurora. Nesse dia, almocei duas vezes! A primeira foi a bordo, um voo com cerca de 8 horas, e ainda serviram um gelado ao lanche, e depois, atrasando o relógio 6 horas após aterrar, já era quase hora de almoço! Nachos, tacos e burritos, mataram-me a fome! Atenção que burritos não tem nada a ver com carne de burro como já presenciei, há quase um quarto de século, uma pessoa, exclamar, assim que leu a ementa de num restaurante Mexicano em Albufeira, “pelo menos são sérios, dizem que servem carne de burro”! Burritos Mexicanos são fast food de eleição por exemplo em Nantes, vá-se lá saber porquê…Talvez pelo mesmo motivo que “mariachi” é uma palavra Mexicana de origem Francesa (mariage)…
A American Chinese food faz parte do roteiro gastronómico de qualquer turista. A comida Chinesa, servida em restaurantes Chineses fora do continente Asiático apareceu pela primeira vez nos EUA, na segunda metade do século XIX, em São Francisco. É baseada na comida Cantonesa pois grande parte da comunidade Chinesa no estrangeiro é originária da província de Cantão, sendo confecionada com as devidas adaptações ao gosto ocidental e com os ingredientes que se conseguem ter disponíveis nesses países de outros continentes. A American Chinese food atingiu o seu auge de popularidade nos anos 1980. O dia de Natal nos EUA é um dia em que por tradição muitas famílias consomem comida Chinesa! Por exemplo, o chop suey que pedimos num restaurante Chinês na realidade foi inventado em terras do Tio Sam, tal como os crepes Chineses, chamados de egg rolls que também foram adaptados ao ocidente, contendo carne de porco e vegetais, replicando os spring rolls que contêm somente vegetais e se consomem na Ásia.
Muitas vezes os restaurantes Chineses (e não só…) abusam dos glutamatos monossódicos, componentes químicos (género de caldos knorr) que intensificam o sabor dos alimentos, sendo prejudiciais à saúde. A Síndrome do restaurante Chinês foi descoberta em 1968 pelo médico Robert Ho Man Kwok, quando constatou que sempre que comia em restaurantes Chineses sofria durante algumas horas de dor de cabeça. A causa desses sintomas não era o molho de soja pois também o utilizava em casa, mas sim, os tais “pozinhos de perlimpimpim” que os restaurantes utilizam na cozinha…Sintomas como dor no peito, dormência em torno da boca, sensação de inchaço facial ou transpiração também podem ser associados à Síndrome do restaurante Chinês.
Nova Iorque possui uma Chinatown onde além da “American Chinese food” existem outras especialidades Asiáticas, certamente adaptadas ao local. No dia do meu 41º aniversário escolhi um restaurante Vietnamita para almoçar. Um almoço no Chinatown foi um prenúncio que no ano seguinte iria estar a comemorar o meu aniversário na capital desse país e provar a verdadeira comida Chinesa e não a American Chinese…
Chinatown é um bairro muito interessante, onde existem lojas que vendem marisco, peixe fresco e na rua ainda consegui encontrar cocos, ao beber a sua água recordei a minha estada na Tailândia no ano anterior e nas suas praias e também o Brasil.
Ao pequeno almoço os Norte Americanos comem pão do tipo bagel, feito de massa de farinha de trigo fermentada, em forma de anel, cortando-o na horizontal. De bagel também se fazem torradas. O bagel pode ser recheado com manteiga, compota ou outros componentes mais elaborados, tornando-se uma sandwich típica de fast food, tal como a baguette. O bagel é originário da Polónia, tendo sido levado para os EUA através de Judeus deste país que imigraram para os EUA no final do século XIX, principalmente para a região de Nova Iorque. A partir de 1910 o begel popularizou-se. Foi Harry Lender que fundou a primeira fábrica de bagels fora de Nova Iorque, em 1927, e também foi o responsável por vender bagels congelados para supermercados.
As panquecas também são tradicionais ao pequeno almoço, assim como os waffles. Há documentos históricos que comprovam que as panquecas têm origem na Idade da Pedra. Em França acabaram por dar origem aos crepes da Bretanha. Foram os Europeus que levaram a receita para as colónias Americanas no final do século XVIII, sendo então feitas com farinha de trigo sarraceno ou farinha de milho.
Thomas Jefferson, um dos primeiros presidentes Americanos, era louco por panquecas, ou melhor, pankakes, em Inglês, porque aglutina a palavra pan (frigideira) com cake (bolo), feitas pelo seu cozinheiro Honore Julien, Francês, especializado em sobremesas. Isso contribuiu para a popularização das panquecas! Ao longo dos anos, as panquecas passaram a ser servidas com toppings, por exemplo mel e xaropes.
Os wafles são de origem Belga, cuja principal diferença das panquecas é a forma onde a massa é cozinhada, fazendo lembrar favos de mel. Em Chicago no hostel onde fiquei alojado, em certos dias existia a possibilidade de cozinhar e fazermos os nossos waffles ao pequeno almoço.
Originários dos EUA e muito divulgados por toda a América do Norte, são os marshmallow, doces industrializados, de consistência esponjosa, feitos de açúcar ou xarope de milho, clara de ovo batido, gelatina e goma arábica, sendo tradicionalmente assados numa fogueira.
Em Nova Iorque o meu local preferido é o DUMBO em Brooklyn. Quando lá forem façam uma pausa no “One Girl Cookies”, uma pastelaria, e provem as suas especialidades. Podem pedir também um “cofee”, apesar dos Americanos não saberem ao certo o que é um bom café, digam que é “small one”…
Os EUA são um país gigantesco, onde apenas passei 8 dias. Apesar de serem a pátria do fast food e não possuírem uma História tão rica como a Europa, têm muito mais que anseio visitar e descobrir, onde a gastronomia também se inclui, nomeadamente o tradicional peru do Dia de Ação de Graças que adoraria provar!
CANADÁ
O Canadá foi um país que me recebeu de braços abertos. Fiquei 4 dias com pessoas amigas muito hospitaleiras onde me trataram como um familiar. Não tivesse anos antes estado em Copenhaga e ter feito amizade com o Mário, um luso Canadiano, atualmente aposentado de comissário de bordo da Air Canada, não teria tido o convite para conhecer este país maravilhoso!
Em relação à gastronomia terei de destacar o icewine, vinho fabricado a partir de uvas congeladas. Este vinho doce, com pouca graduação alcoólica (cerca de 11%) é normalmente servido para acompanhamento de sobremesas ou mesmo dos famosos marshmallows assados numa fogueira. Niagara on the lake, uma pequena cidade plantada à beira do Rio Niágara e do Lago Ontário, salta para as bocas do Mundo todos os anos em Janeiro devido ao “Ice wine fest”. Um festival dedicado ao vinho “icewine” que ali é produzido. Para o festival toda a cidade está engalanada e as adegas, com destaque para a Peller Estates, são o ponto de visita, tendo a possibilidade do visitante provar em cada uma a sua especialidade vinícola.
Foi no Canadá que provei pela primeira vez um prato tipicamente Estadunidense! A Jayne, uma moça com origens na Eslovénia, um país que espero em breve visitar, e tal como o filho mais velho, falam Português corretamente! Foi em casa da Jayne e com sua família e amigos que tive a honra de ser convidado para jantar jambalaya e tão bem me soube recordar o filme do saudoso Robin Williams, Mrs. Doubtfire que se vestia de avozinha, a hilariante cena do restaurante! Desde que vi esse filme que estava desejoso de provar esta iguaria! Típica de Nova Orleans e de todo o Estado de Louisiana (EUA), é de grosso modo, uma versão da paella Espanhola, interpretada pelos Americanos. O prato tem influências na culinária da África Ocidental, daí o picante, França e obviamente Espanha.
Entretanto,a Jayne e o marido, Richard, já vieram a Portugal, e foi um enorme prazer tê-los levado provar choco frito em Setúbal e sardinha assada, bacalhau e cherne na Costa da Caparica! Anos antes levei a Pina a provar o arroz de feijão do Zé dos Cornos! Viajar é isto, fazer amizades pelo Mundo fora!
Além do icewine, o poutine, foi outra especialidade Canadense que fiquei a conhecer. Originário da Província do Quebec, feito com batata frita, queijo fundido, coberto com um molho de carne. É o ideal para retemperar as forças e nos aliviar do frio, sobretudo nos dias em que se praticam desportos de neve como por exemplo no Snow Valley Ski Resort, em Barrie, onde fiquei os 4 dias!
Muitas vezes os Canadianos ao pequeno almoço optam por refeições abastadas, com bacon e ovos estrelados. É normal num país frio que isto aconteça e também por se tratar de um país com influências Britânicas. Nós Portugueses não temos esse hábito de lautas refeições ao acordar e optamos por coisas mais leves, ao jeito de um pequeno almoço continental. Apesar da rivalidade (saudável) entre EUA e Canadá, muitas vezes devido a questões ideológicas, existem muitas semelhanças entre eles, nomeadamente na alimentação. Os marshmallows por exemplo, mas também os bagels e as panquecas também fazem parte da gastronomia Canadiana, que eles se orgulham de possuir e dar a provar a quem os visita. Nas panquecas, nos waffles e até nos bagels, os Canadianos colocam por cima xarope de ácer, o “maple syrup”. Trata-se de um xarope feito com a seiva das árvores “ácer”. As florestas da Província do Quebec geram quase três quartos do xarope de ácer do Mundo. A bandeira do Canadá exibe no centro uma folha de ácer, o que mostra a importância deste néctar que enche de orgulho os Canadianos, os torna conhecidos no Mundo e o seu sabor jamais será esquecido pelos visitantes.
À semelhança dos EUA, o Canadá também é um país gigantesco. Acerca dos quatro dias que lá passei, conseguir falar tanto da sua gastronomia, que certamente vai muito além disso, não é nada mau!
Os apreciadores destas especialidades Norte Americanas, do Canadá e dos EUA, nomeadamente as salsichas dos hot dogs, os marshmallows, as panquecas, o xarope de ácer, os bagels e até diversos molhos por lá utilizados, posso adiantar que por cá, a cadeia de supermercados Lidl por diversas ocasiões coloca-as à venda. Poderão experimentar pela primeira vez, dar a provar aos vossos familiares e no meu caso, com esses sabores recordo as viagens que fiz por esta parte do Mundo.
ARGENTINA
O país encantou-me e nas duas semanas que lá passei, a gastronomia foi parte importante. Atenção que não se trata de um destino de férias barato e ir a restaurantes não foge à regra. O nível de preços é de acordo com o poder de compra dos turistas (“gringos”) Norte Americanos e Paulistas que existem em abundância.
Quando ouvimos a palavra Argentina é impossível não associarmos a carne! A carne Argentina é tida como uma das melhores carnes do Mundo. A carne de vaca é aromática e deliciosa assim como o cordeiro Patagónico. Até a carne de porco, que é o parente pobre, é suculenta e tenrinha!
A Argentina é somente o 8º maior país do Mundo, com um território cerca de 30 vezes superior ao de Portugal. A Pampa Sul Americana, que vemos do ar quando nos preparamos para aterrar em Buenos Aires, possui um área cerca de 8 vezes superior à de Portugal, ocupando além da zona central da Argentina, parte do sul do Brasil e todo o Uruguai. A palavra pampa é originária de línguas indígenas e significa planície. São muitos quilómetros quadrados de planícies verdejantes e férteis, constituindo um bioma que proporciona as melhores condições para a criação de gado! Animais criados livremente em enormes pastagens, fazendo pouco esforço para se alimentarem, logo não desenvolvem músculo, o que produz uma carne macia, ao invés da criação intensiva que abunda na Europa, onde os animais são forçados a permanecer em espaços curtos, restringindo a liberdade de movimentos, sendo alimentados com farinhas, muitas vezes de origem animal, e com aplicação de hormonas para acelerarem o seu crescimento. As vacas loucas afinal apareceram na Europa…
Angus e Hereford são as raças predominantes dos bovinos criados na Argentina. Raças de origem Britânica, que se adaptam na perfeição a climas frios e ao solo plano da Pampa. São abatidos entre os 20 e 24 meses de vida, a altura tida como ideal, pois se o animal é muito novo, a carne ficará sem sabor, se ele é muito velho, o corte será duro.
A Argentina possui uma quantidade de cabeças de gado, cerca de 54 milhões, maior que o da sua população, que são cerca de 45 milhões de pessoas! Em média, o consumo anual de carne ronda os 45 Kg per capita. Atenção que o facto de se tratar de um país caro para os turistas, isso não o torna como um país rico, e nem toda a população aufere rendimentos que lhe permitam viver dignamente, logo, a média é isso mesmo, “há um frango para cada um, tu comes dois e eu não como nenhum”. O custo da carne no talho, apesar de ser tido como baixo para os nossos padrões, para os ordenados deles, é considerado elevado.
Quem visita a Argentina jamais esquecerá o nome dos cortes da carne de bovino: bife chorizo, ojo de bife, tira de asado, costilla, lomo e tapa de cuadril são apenas alguns. Se estiverem em Buenos Aires e quiserem comer a melhor carne tida por lá, recomendo-vos o restaurante Cabana las Lilas em Puerto Madero, um dos bairros mais caros da cidade. Contem com uns 60€/pax por um jantar com entradas, carne, acompanhamentos, na Argentina são cobrados à parte, arroz, batatas (por lá chamam-se papas) ou legumes assados, e vinho. O local marcou para sempre a minha vida, pois foi o escolhido para o jantar do meu 45º aniversário, onde até me ofereceram bolo! Existem restaurantes bem mais económicos na cidade, mas este pode ser tido como um local para ocasiões especiais.
O Deserto da Patagónia, ocupa a zona sul, possui uma área aproximadamente 7 vezes superior à de Portugal, é o maior deserto Argentino e o 7º maior deserto do Mundo. É o habitat natural de diversos animais, nomeadamente a coruja-buraqueira, o guanaco, o tatu pigmeu, a puma, a raposa cinzenta patagónica ou a iguana do deserto e arbustos, onde se destaca o calafate, que segundo consta, quem provar as suas bagas pretas, um dia voltará! Na Argentina provei um gelado de calafate. Gelados também são o forte da gastronomia do país, influência dos Italianos que por lá andaram.
O gado Ovino é também oriundo da Patagónia, onde as condições ideais para a sua criação se encontram reunidas. Os cordeiros são filhos de ovelhas e é uma carne muito utilizada na gastronomia da Argentina, nomeadamente no sul, à semelhança da Nova Zelândia (o maior consumidor no Mundo), da Sérvia, da Grécia, da Turquia, da Índia, ou dos EAU, os tais onde as religiões impõem que o de porco é impuro e que a vaca sagrada.
O cordeiro Patagónico carateriza-se pelo seu sabor intenso. Todas as partes do animal podem ser aproveitadas. Necessita de um longo tempo de cocção no churrasco, cerca de sete horas. Segundo eles, o segredo para o churrasco perfeito é ter muita paciência e tempo para prepará-lo, sendo a pressa a grande inimiga da carne saborosa. A forma de levá-lo ao fogo também é fundamental. O cordeiro deve tradicionalmente ser assado inteiro, preso por um espeto metálico em forma de cruz, numa fogueira no chão. O espeto deve ser fincado no chão perto da fogueira acesa.
Em Ushuaia, cidade mais a sul do planeta, é obrigatório provar o cordeiro Patagónico assado como manda a tradição e acompanhado de legumes assados. Recomendo o restaurante “Casimiro Biguá”.
Em Ushuaia, se visitarem a Estância de Harberton, terão a oportunidade de prová-lo guisado, em forma de sopa. Mais a norte, em Calafate, provei o cordeiro Patagónico grelhado, com molhos de natas e cogumelos.
A Argentina possui uma enorme costa oceânica, sendo possuidora também de uma boa oferta de peixe e marisco, sobretudo em Ushuaia. A pescada (atenção que o nome refere-se a inúmeros peixes do tipo teleósteos) que nos chega congelada é oriunda dessas águas, assim como o camarão selvagem de cor vermelha, sendo indicado para fritar por ser mais mole que o camarão oriundo de outras águas, no entanto é selvagem e muito do camarão, dessa gama de preços, que cá chega provém de aquacultura de países Asiáticos e da Venezuela. A santola é o marisco mais pedido por Ushuaia, sendo também de cor vermelha, muito diferente da que vemos por cá. Não vim embora do Fim do Mundo sem a provar, e comi-a numa cazuela de mariscos, um género de ensopado, mas posso adiantar que não foi o marisco que me deixou saudades na Argentina!
A Milanesa é uma especialidade tipicamente Sul Americana muitíssimo apreciada! A América do Sul foi um dos muitos locais que recebeu imigrantes da Europa, em tempos em que o Velho Continente estava longe de ser considerado como um paraíso. Muitos chegaram de Itália, de Milão e de Nápoles, certamente! Estas duas cidades que nada têm em comum, são rivais em tudo o que possamos pensar, mas parece que acabaram por se unir na gastronomia. Milanesa é um panado, frito, de vitela ao qual se junta por cima outros ingredientes, como se fosse uma pizza cuja massa é o panado! É acompanhado de batata frita, tornando-se uma belíssima bomba calórica! Escolhi uma Milanesa à Napolitana, que leva queijo mozzarella, fiambre e tomate, um prato que é um verdadeiro contra senso para quem conheceu essas cidades. Parece que lá no Fim do Mundo se conseguiram unir! Interessante que descobri este prato por mero acaso, na chegada a Ushuaia. Nesse dia acordei às 5 da manhã para apanhar o avião em El Palomar, Buenos Aires e só tinha comido uma caixinha de bolachas baunilha desde aí. Depois de deixar a mala no quarto do hotel, a meio da tarde, entrei num snack bar para pedir qualquer coisa. Vi então lá escrito “Milanesa à la Napolitana”, nem sabia o que era ao certo… Decidi pedir e enquanto aguardava comecei a ficar intrigado com o nome. Depois de pesquisar na internet lá descobri que tinha acertado em cheio. Quando publiquei no Facebook, a foto foi um sucesso. Uma moça Argentina, professora primária, que conheci à chegada a Buenos Aires fez logo o comentário “Milanesa a la napolitana..Lo mejor!!!”. E era mesmo!!! Nesse dia já nem comi mais nada…Se forem a Ushuaia, aqui vai o local onde vos recomendo ir, caso cheguem ao Fim do Mundo com o estômago vazio: “El Mercado”.
As empanadas são outro dos símbolos da gastronomia Argentina e também de vários países Sul Americanos. Cada um fá-las de maneira diferente, nomeadamente a massa. No Brasil são chamadas de pastéis. São de facto pastéis, em forma de meia lua, semelhantes aos nossos pastéis de massa tenra, com o recheio mais diversificado, podendo ser de carne, de queijo e fiambre, de legumes, de peixe ou mesmo de marisco. As empanadas são de origem Espanhola, serviam para os trabalhadores do campo e para os viajantes levarem consigo no farnel. A palavra “empanar” pode significar “transformar em pão”. A empanada Galega é uma especialidade conhecida há vários séculos, e talvez tenha sido o mote para as outras de além mar. Empanadas são ideais para uma pausa a meio de um passeio, e nestes dias perdi a conta às que comi.
O choripan é um género de fast food económico e tradicional. É isso mesmo, chouriço e pão. Uma salsicha toscana (lá chamada de chorizo) assado, servido no pão, sendo temperado com salsa criolla, um molho feito com cebola, pimentos picantes, tomate picados e misturados com um preparado de vinagre e azeite, e chimichurri, um molho picante, à base de salsa, coentro, alho, cebola, tomilho, oregãos, pimenta vermelha moída, pimentão, louro, pimenta preta, mostarda em pó, aipo, vinagre e azeite. Felizmente foi com um choripan que me despedi da Argentina…no dia seguinte ia perdendo o voo de regresso a casa!
Para “desenjoar” dos prazeres da carne, as pizzas são uma excelente alternativa. Uma herança Italiana espalhada por todo o Mundo, no entanto no Continente Americano, a pizza é tida como gastronomia dos vários países, pois a mesma sofreu adaptações aos gostos dos locais, sendo consumida em grande escala. Em Buenos Aires, tive o prazer de jantar com a Inês e a sua mãe. A Inês, que vai regularmente a Buenos Aires, é de origem Argentina e Arménia, é minha vizinha no Algarve sendo proprietária de uma loja que vende artesanato de vários locais do Mundo.
Apesar da Argentina ser um país da América do Sul, as frutas tropicais não são o seu forte, pois as que existem são importadas do Brasil. Há no entanto a cereja, a mesma que chega cá a preços proibitivos no Inverno, por lá é possível comê-la em Janeiro, quando é Verão no Hemisfério sul, apesar de já se encontrar em acabamento, pois lá como cá, a época da cereja ocorre de meados da primavera até aos primeiros meses do Verão. O preço da cereja é semelhante ao praticado por cá à época da mesma. Em Puerto Iguazú, dado se tratar de uma região de clima tropical e ser fronteira com o Brasil, já é possível encontrarmos as tais frutas docinhas e saborear os seus sucos. Docinho na Argentina é o tradicional doce de leite!
Em vinho e cerveja, a Argentina é um verdadeiro paraíso! Diversas marcas de vinhos, sobretudo das regiões de Mendoza e de Salta são a escolha nos restaurantes para acompanhar as refeições. De cerveja, também existem diversas marcas, sendo a “Quilmes” a mais conhecida no estrangeiro, mas não é nem de perto a melhor!
A Argentina também não prima pelo café, mas o mate é a bebida nacional, sendo o Papa Francisco um dos seus grandes apreciadores, basta pesquisar no Google! No sul do Brasil é chamado de chimarrão. Trata-se de um chá de erva-mate, também chamada de congonha, que provém de uma árvore da família das aquifoliáceas, originária da região subtropical da América do Sul. É bebido num recipiente também assim chamado, de mate, onde se adiciona à erva, água a 70ºc, pisado tudo com uma colher própria, a “cucharra de mate”, que também serve para sorver a bebida. É como um cachimbo, um cachimbo da paz, o que a torna bebida social onde vários partilham o mesmo mate, isto nos tempos em que o COVID era uma miragem!
Por falar em café, não posso deixar de referir o Café Tortoni, localizado no número 825 da Av. de Mayo. Aqui fiz questão de tomar um café, 45 anos depois da hora em que vim ao Mundo. O Café Tortoni foi fundado em 1858, sendo em 1880 transferido para o endereço atual. Por ali ao longo da história passaram muitas figuras do panorama Argentino, diversos intelectuais, políticos e artistas. Um local chique e requintado digno de tornar Buenos Aires, como a Paris da América do Sul.
CHILE
A gastronomia nacional não foi o forte do meu programa nesta semana de estada no país, no entanto ainda consegui provar algumas especialidades. Na Patagónia Chilena provei finalmente as bagas pretas do calafate, logo um dia irei aqui voltar, segundo reza a tradição!
A gastronomia Chilena possui especialidades de influência Europeia e indígena, oferecendo vários pratos de peixe e de marisco. Por cá, os apreciadores de pescada preferem a Chilena, mesmo sendo a mais cara, que chega congelada às nossas lojas. Peixes provenientes das águas frias que banham o sul do país e também da restante costa, pois por esses lados, o Oceano de Pacífico só mesmo de nome, sendo para banhos perigosíssimo e gelado!
A carne de boa qualidade é importada, nomeadamente da vizinha Argentina, mas também do Brasil e do Uruguai, países que possuem condições mais propícias à produção de uma carne de excelência, mesmo assim, no Chile fazer um churrasco familiar é tradicional. Lomo a lo pobre foi o prato tradicional que experimentei. Trata-se de um lomo (corte bovino) coberto com um ou mais ovos estrelados e batatas fritas. Não sei se a carne era ou não importada da Argentina, mas soube-me bem!
As empanadas Chilenas também são deliciosas, tal como as da Venezuela que tive oportunidade de provar em Valparaiso.
O ceviche, sendo o prato nacional e inclusivamente considerado parte do património cultural do vizinho Peru, no Chile é consumido em grande escala, sobretudo nas estâncias balneares, como é o caso de Vina del mar, onde tive oportunidade de provar por duas vezes. É um prato cuja primeira versão remonta há cerca de 4 mil anos. O ingrediente principal é o peixe cru ou o camarão, marinado em suco de limão, de lima ou de outro citrino. O peixe é cozinhado pelo próprio ácido cítrico contido no suco. Outros ingredientes obrigatórios são a cebola e o piri-piri ou pimenta. Algas, milho, batata-doce, salsa, coentros e outras ervas verdes aromáticas também se utilizam. A acompanhar o ceviche, nada melhor que uma chicha morada, uma bebida preparada a partir de milho de cor roxa, chamado de maiz morado, que é rico em antioxidantes. É fervido com casca de fruta e especiarias e depois adocicada, sendo servido fria ou gelada.
Pisco sour é a bebida nacional, um cocktail que leva limão, açúcar, pisco (aguardente), clara de ovo e cubos de gelo. Tive oportunidade de provar em boa companhia, com um conjunto de turistas, muito simpáticas. Duas Russas, a Nina e a Olga, de Moscovo e uma Chilena de Santiago, a Alejandra. Conhecemo-nos junto ao Monumento ao Vento em Puerto Natales, conversamos imenso sobre viagens, a Olga e a Nina correram o país de Norte a Sul, estavam de partida para o Rio de Janeiro, e acabamos por ir a um bar ali nas proximidades, numa altura em que começou a chover, coisa que ali ocorre diariamente. Engraçado que eu e a Alejandra, já nos tínhamos cruzado na noite anterior quando à chegada de uma viagem de Autocarro desde a Argentina, já a horas tardias fui jantar pizza (também faz parte da gastronomia Chilena) provavelmente no único local aberto para matar a fome!
Além do pisco sour, vinho e cerveja também fazem parte da carta de bebidas do país. A cerveja abunda em grandes quantidades, várias marcas todas deliciosas, usando o lúpulo proveniente da Cordilheira dos Andes como matéria prima. O vinho também é um delírio. À semelhança da Argentina, o Chile possui vinhos de qualidade Mundial, herança dos Espanhóis, que aproveitaram o solo fértil, e o clima propício, nas proximidades da Costa, Vina del Mar é disso exemplo, para trazerem as castas de Espanha.
URUGUAI
Da lista dos mais de 50 países estrangeiros que visitei constam vários onde nem 24 horas permaneci. O Uruguai é um deles, tendo a sua capital, Montevideo sido o local onde permaneci. A jornada foi sobretudo dedicada ao futebol, mesmo assim ainda fui a tempo de provar as famosas carnes do “Mercado del Puerto”. Quem gosta de carne, encontrará certamente o paraíso! Um mercado em que as lojas são churrasqueiras e são várias por lá espalhadas. A carne é deliciosa e o aconselhado é a “tira de asado” e só me arrependo de não ter comido mais. Foi talvez o melhor local para comer carne, de todos os que estive nessas 3 semanas de estada na América do Sul
O Uruguai também possui mais cabeças de gado que habitantes. A sua carne bovina tem o mesmo nível de qualidade que a da Argentina. Existem algumas diferenças nas tradicionais formas de a cozinhar. Uma “parrillada” Argentina é feita com carvão, já no Uruguai, eles preferem o tradicional fogo de chão, usando mais lenha em brasa do que carvão, inclusivamente as churrasqueiras usam bastante lenha. Outra diferença, existe no tempero, os Argentinos usam sal grosso, já os Uruguaios preferem o sal fino.
Com mais tempo no Uruguai muita coisa faria, entre as quais passar uns dias em Punta del Este, onde em 1940 foi criado o prato nacional, o chivito. Uma sandwich de carne com outros ingredientes, por exemplo a mozzarella, o presunto e o tomate, geralmente coberta com molho de maionese e servida com batatas fritas e salada russa. Um dia que voltar ao Uruguai, terei de experimentar…
Antes de vir embora, entrei num daqueles cafés do centro de Montevidéu e pedi um copo de vinho Uruguaio, para provar mais um néctar dos Deuses de um novo país estrangeiro. Longe da fama e da qualidade dos vinhos Argentinos e Chilenos, mas serviu perfeitamente para daquela forma me despedir do Uruguai.
Dos diversos países do continente Americano, do Paraguai desconheço a gastronomia pois foi um país onde poucas horas permaneci e nem me recordo de lá ter comido. O ambiente de Cidade del Este já nos tira a fome…
Destas especialidades todas, apenas das carnes faria a minha alimentação diária, aliás já fiz! Não trocava a minha sardinha assada pela carne da América do sul, apesar de muitas vezes também entrar nos meus churrascos caseiros, pois é fácil adquiri-la por cá refrigerada, o que não sendo igual, aproxima-se bastante.
Até me ajeito bem na cozinha (doces não…) e já reproduzi em casa alguns pratos que provei lá fora, no entanto estas carnes são facílimas de fazer. Na internet existem diversos vídeos que ensinam a fazer pratos estrangeiros mas também pratos nacionais como por exemplo o Sabor Intenso. Nacionalismos à parte, obviamente Portugal possui a melhor gastronomia do Mundo! Ainda recentemente tive oportunidade de dar uns passeios pelo Norte, pela Nazaré, pelo Alentejo, e pelo Algarve, pela Ria Formosa, de Tavira a Faro, passando por Olhão até Cacela, por Vila do Bispo e banquetear-me com excelentes manjares. Para não falar da Pampilhosa da Serra que me encheu as medidas!
E agora com o Verão à porta vou-me banqueteando em casa perto da Praia da Falésia com a sardinha assada, o meu prato de eleição, com o meu record cifrado em 18!
Para concluir, vou voltar a falar da maruca! Quando mostrei as fotos das carnes Sul Americanas que comi por lá, um colega meu, uma das chefias do RSB, que conhece bem a história, ele disse-me logo, “Mário, qual maruca? Maruca não calça neste campeonato, isto é, Liga dos Campeões!!!”
To be continued…I hope
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