Nazaré, onde as ondas nos projetam no Mundo
Texto & Fotos de Mário Menezes
A região Oeste de Portugal tem imensos encantos, praias de sonho onde o mar é perigosíssimo. A vila da Nazaré, uma antiga vila piscatória, é um dos locais preferidos dos veraneantes, sobretudo pelo imenso areal que possui, mas também por estar ligada a uma lenda. Nos últimos anos saltou para a ribalta internacional pelas provas que recebeu, das etapas do campeonato do Mundo de ondas gigantes, evento da Liga Mundial de Surf. As perigosíssimas ondas com 30 metros proporcionam belíssimas imagens, a “mãe natureza” é poderosa e o Homem tende a desafiá-la, superando os seus limites e contrariando as leis da Física.
Diz a lenda que em 1182. D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava, montando a cavalo, por aqueles lados. Com o intenso nevoeiro causado pela proximidade do mar, tendo avistado um veado, decidiu persegui-lo. O veado fugiu em direção ao cimo de uma falésia. D. Fuas Roupinho, no meio do nevoeiro, perdeu-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo, reconheceu o local, ao lado de uma gruta com a imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Gritou então em voz alta: “Senhora, Valei-me”. O cavalo parou repentinamente, com as patas no penedo rochoso, que até deixaram marcas, há quem afirme que ainda lá estão, ficando suspenso sobre o vazio. Assim, salvou-se de uma queda de mais de 100 metros e da morte certa.
D. Fuas Roupinho não tendo ganho para o susto, ainda teve discernimento para descer do cavalo, dirigir-se à gruta para rezar e agradecer o milagre.
Ali ordenou que fosse construída uma capela em memória do milagre. A Ermida da Memória, assim se chama a capela, localizada no Sítio da Nazaré, onde podemos aceder através de um funicular, o Ascensor da Nazaré, desde o centro histórico da vila.
A vista desde o Sítio da Nazaré, sobre a vila e sobre a imensidão do Oceano são a imagem de marca desta terra. O Sítio da Nazaré, além da vista maravilhosa, é um local de enorme romaria, sendo o Largo de Nossa Senhora da Nazaré, onde muitos autocarros largam turistas, que aproveitam para visitar o Santuário, construído em 1377 junto ao antigo Palácio Real. Julga-se que esse santuário era o mais importante de Portugal, tendo sido subjugado pelo Santuário de Fátima, o Altar do Mundo, construído onde também supostamente existiram milagres. Queiramos ou não acreditar, a História é pródiga em milagres, lendas e mitos e enquanto não conseguirmos provar o contrário, os mesmos continuam a ser tidos como factos indesmentíveis e incontestáveis.
A romaria de curiosos à Praia do Norte é acentuada. Esta praia com aparência selvagem é facilmente acessível a pé desde o Sítio da Nazaré. É aqui que se disputam etapas da Liga Mundial de Surf. Os últimos dias de Outubro são ideais para observarmos as famosas ondas gigantes. Por aqueles lados a multidão se aglomera, tendo no último ano devido à situação pandémica que vivemos, as autoridades serem obrigadas a intervir para evitar concentrações e aglomerados de pessoas. Esperemos que tudo passe rapidamente e que possamos visitar a Nazaré numa altura em que as ondas gigantes marquem presença.
O “Canhão da Nazaré” é o motor destas ondas gigantes. O fundo do mar possui uma conceção geológica que proporciona este fenómeno. Um buraco gigante com 227 Km de extensão e 5 Km de profundidade. Uma “falha sísmica”, ou Portugal não se trate de um local propício à ocorrência destas catástrofes da Natureza.
A caminho da Praia do Norte, o Forte de São Miguel Arcanjo é um local de visita obrigatória. Construído em 1577 com objetivo de defender o povoado piscatório. Abriu ao público em 2015 tendo desde aí recebido milhares de visitantes. A sua localização privilegiada, tornou-o no principal posto de observação das ondas gigantes. No seu interior existe um Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, e uma exposição de artefactos relacionados com o surf. Várias pranchas expostas, que surfaram aquelas ondas, com destaque para a prancha de Garrett McNamara, o famoso surfista que detém o recorde mundial da maior onda já surfada na Nazaré e também porque já viu a morte bem ao perto ao enfrentar uma monstruosa onda em Jaws no Hawaii.
À Nazaré, onde fui a primeira vez quando tinha 10 anos de idade, já não voltava há quase 23 anos. Foi bom rever esta linda terra, uma tarde bem passada num dia que começou no Santuário de Fátima, e serviu para marcar o primeiro passeio com o meu novo carro.
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